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Influencer trans rebate transfobia de vereadora mineira: “Tenho marcas da violência que sofri em BH até hoje”, declara

 

“Ela deveria estar na cadeia”, diz Suellen Carey após repercussão de falas transfóbica de Flávia Borja, vereadora de Minas Gerais
 

Fotos: Instagram @suellencarey.uk/ CO - Assessoria

 

Recentemente a vereadora de Belo Horizonte, Flávia Borja (PP), fez declarações transfóbicas que ganharam destaque nas redes sociais e também nos grandes veículos de imprensa. Durante uma discussão sobre um projeto de lei contra a discriminação por identidade de gênero, ela comentou que “pessoas trans não são bem-vindas”. A parlamentar ainda acrescentou: “É mais um projeto que tenta ‘enfiar goela abaixo' a ideologia de gênero na capital mineira”.
 

Suellen Carey, influencer trans, rebateu as falas de Flávia Borja: “Ela veio com o discurso pronto que diz que ‘Deus fez homem e mulher’”. O que ela praticou ali foi transfobia, isso é crime e está longe de ser comparado com liberdade de expressão”, declara. Suellen hoje mora em Londres, na Inglaterra, mas já declarou ter sofrido ataques de transfobia na sua cidade, Belo Horizonte. Segundo ela, as marcas da violência ainda estão presentes em sua memória. Suellen já declarou em seu perfil no Instagram que foi agredida pela polícia mineira.
 

O caso aconteceu em 2008 durante um show e a influencer, que hoje acumula mais de 40 mil seguidores, diz ter sido torturada aos 18 anos. “Dois garotos ofenderam a mim e uma amiga, até virem nos agredir, nós precisamos nos defender e entramos em luta corporal. Depois cada um foi para um lado, e eu achei que tinha acabado, mas eles voltaram com a polícia. Os policiais não quiseram saber quem estava certo ou errado e me deram voz de prisão. Fiquei revoltada e não aceitei, acabei discutindo com eles. Foi quando me levaram algemada a força. Na delegacia fui torturada e ainda rasparam o meu cabelo na máquina zero”, narrou em vídeo que já alcançou mais de três mil visualizações.
 

Vale lembrar que a violência policial contra pessoas trans é uma preocupação crescente. Ainda há poucas iniciativas para capacitar os policiais a lidar com a diversidade de gênero e identidade, levando a casos como o de Suellen. É preciso que as instituições policiais estejam mais conscientes sobre a questão trans e ajam para coibir a violência e garantir a proteção dessas pessoas. “Mas como vamos garantir que haja segurança pública para as pessoas trans se temos pessoas como Flávia Borja conduzindo a nossa política? A conta não fecha”, indagou.
 

Ela ainda revelou que, depois desse episódio, foi muito difícil se reerguer, pois gerou um estresse pós-traumático, principalmente pelo fato de que a agressão veio de quem ‘teoricamente’ deveria protegê-la. “Na época quase tive depressão, pois afetou a minha autoestima. Os cabelos demora anos para crescer, mas os traumas continuam. Eu precisei de anos de terapia para conseguir falar sobre o assunto, além de que eu não confiei mais na polícia desde aquele dia”, finalizou Suellen.