Com as mudanças propostas pela reforma da previdência, em tramitação no
Congresso Nacional, as regras para conseguir a aposentadoria farão com
que os trabalhadores entrem em uma nova dinâmica de contribuição.
Para as pessoas que estão preocupadas com o tempo que precisarão
contribuir para conseguir o benefício (pode chegar a 49 anos de
contribuição para ter o benefício integral), há outras alternativas para
fazer o pé-de-meia a partir de agora.
A professora de economia do Insper Juliana Inhasz afirma que,
independentemente da forma que o trabalhador escolha para guardar
dinheiro, quanto antes começar a criar a reserva de recursos, melhor.
Segundo ela, criar o hábito de poupar desde o início da carreira pode fazer diferença no futuro.
— Quando a pessoa estiver no auge da carreira, com salários maiores e
sem gastos com educação, ela vai ter o hábito de guardar e conseguirá
economizar valores maiores. Parece que não muda nada começar a guardar
esse ano ou ano que vem, mas na prática a diferença é enorme.
Para a especialista, poupar pensando no futuro — na aposentadoria —
exige planejamento. Juliana explica que o trabalhador deve levar em
conta quanto pode poupar por mês e, além disso, cortar gastos
supérfluos.
Investir o dinheiro em títulos do Tesouro Direto, pensando em recuperar o
dinheiro a longo prazo, é uma das alternativas para guardar uma boa
poupança. Juliana afirma que o ideal é que o trabalhador aplique toda a
grana que sobrar ao final do mês nesta aplicação — como se estivesse
pagando a parcela de uma conta.
Capital protegido
A professora da FGV (Fundação Getulio Vargas) Myrian Lund afirma que o
trabalhador deve optar por uma forma de investimento atrelada à
inflação, porque fornece um índice de rendimento mais interessante.
Dessa forma, haverá sempre um ganho real de recursos.
— A pessoa também tem que procurar um fundo com vencimento mais próximo da data que quer se aposentar.
Outra opção indicada pelas especialistas é a contratação de uma
previdência privada, principalmente indicada para as pessoas menos
disciplinadas financeiramente.
Juliana explica que a diferença entre a previdência e a compra de um
título do Tesouro Direto, por exemplo, é que a primeira opção tem uma
instituição financeira como mediadora.
— Quando você compra o Tesouro Direto, você paga uma taxa. Já quando
compra uma previdência, tem a taxa de administração, a de saída,
referente ao momento que se deixa o plano. Além disso, existe uma taxa
de carregamento para quando a pessoa quiser trocar de entendida
financeira.
Myrian adverte que, para a previdência privada valer a pena, é
importante analisar qual o valor da taxa de administração do serviço,
que não deve ser maior do que 1%. Este valor é cobrado pelas companhias
para fornecerem o serviço para o cliente.
— O banco vai cobrar 0,4% ou 0,5% de taxa de comissão mais cerca de 0,3%
de taxa de custódia, totalizando cerca de 0,8% de taxa de
administração. Quando aplico no Tesouro sem intermédio de instituições
financeiras, eu pago 0,8% da rentabilidade, por isso que se a taxa for
muito maior de 1% não vale a pena.
A professora da FGV também indica os fundos imobiliários para garantir a
aposentadoria no futuro, pois, com menos de R$ 1.000, é possível montar
uma carteira do fundo interessante, com boa rentabilidade. O comprador
terá um rendimento mensal que pode ser aplicado para render mais.
— A vantagem é que quando você compra o fundo, você vai ter renda
mensal. Você é um “dos donos” do empreendimento que está “comprando”.
* Colaborou Giuliana Saringer, estagiária do R7.