O número de casos notificados de dengue cresceu 57% em janeiro deste ano
em relação ao mesmo período de 2014, de acordo com balanço do
Ministério da Saúde.
No país, já foram notificados 40.916 casos -em janeiro do ano passado,
eram 26.017. O avanço ocorre fora da época de maior aumento na
incidência da doença, prevista para os meses de março e abril.
O aumento inesperado acendeu o alerta do governo federal em meio à crise
no abastecimento de água –a região Sudeste, por exemplo, concentra
metade dos casos de dengue no país.
Para o ministro da Saúde, Arthur Chioro, a crise, embora ainda não possa
ser apontada como motivo para o maior número de casos, representa uma
"preocupação adicional" neste ano.
"Não é só em São Paulo, mas no país inteiro. As pessoas estão fazendo
acúmulo de água, tanto nas regiões castigadas há mais tempo ou sob
ameaça recente. Não é problema guardar água, a questão é como fazer
isso", afirma.
"É inquestionável que a crise hídrica apresenta situação de risco maior para a proliferação do mosquito", completa.
Ao todo, 14 Estados tiveram aumento no número de casos de dengue. A pior
situação ocorre no Acre, que tem a maior incidência de casos. Em
seguida, estão Goiás e Mato Grosso do Sul.
No Acre, a maior parte dos casos, no entanto, fica em um só lugar: o
município de Cruzeiro do Sul, que já teve 3.077 casos de dengue neste
ano, e cerca de 31 mil em todo o ano passado.
É quase como se metade da cidade tivesse tido a doença, segundo Milena
Lopes, coordenadora de vigilância epidemiológica do município. Agora, a
prefeitura realiza mutirões para tentar combater novos criadouros do
mosquito.
Uma ação de mobilização também está marcada para ocorrer hoje em todo o país -o chamado dia D contra a dengue e a chikungunya.
SÃO PAULO
Em São Paulo, já são 17.612 casos notificados, número oito vezes maior
que no mesmo período do ano passado, quando houve 2.134 registros de
dengue.
A pequena cidade de Trabiju, com 1.650 habitantes, tem a maior
incidência da doença no país. Lá, a doença atinge uma a cada 15 pessoas.
Situação semelhante vive Guararapes, no interior do Estado, onde a
prefeitura precisou contratar médicos e criar uma sala de controle em um
centro de saúde para dar conta da demanda de atendimentos.
A prefeitura também decretou situação de emergência devido ao avanço da doença.
CASOS GRAVES
Segundo balanço do Ministério da Saúde, ao mesmo tempo em que houve
aumento nos casos notificados no país, o número de casos graves da
doença teve queda de 71,4% –de 49, passou a 14 em janeiro deste ano.
Os sintomas da dengue são febre alta, dores de cabeça, dores musculares,
náuseas e vômitos. Em casos mais graves, o paciente pode apresentar
sangramentos, queda de pressão arterial e insuficiência respiratória.
O número de óbitos em decorrência da dengue também é menor este ano, com
apenas seis casos registrados até o momento (eram 37 no início de
2014).
Para Chioro, isso indica um avanço nas ações de tratamento nas unidades
de saúde, o que impede que a situação fique mais grave, afirma.
Além da crise da água, outra preocupação do governo ocorre em relação à
chikungunya, ou "febre prima da dengue", doença que é transmitida pelos
mesmos vetores da primeira.
Neste ano, já são 23 casos novos no país -a maioria em cidades da Bahia e
Goiás. Em todo o ano passado, foram 2.847 casos notificados.http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2015/02/1586554-casos-de-dengue-aumentam-57-em-janeiro-diz-ministerio-da-saude.shtml