Veja sugestões de projetos e atividades lúdicas que conectam estudantes ao universo das lendas, cantigas e saberes populares brasileiros
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São Paulo, 20 de agosto de 2025 – Comemorado anualmente em 22 de agosto, o Dia do Folclore foi instituído para valorizar as manifestações populares brasileiras. A data, instituída no Brasil em 1965, é um convite para as escolas mergulharem em um universo rico de histórias e símbolos que reforçam a identidade cultural do país e promovem o respeito à diversidade regional por meio de lendas, contos, danças, cantigas e saberes tradicionais.
A palavra “folclore” foi criada pelo pesquisador britânico William John Thoms, e publicada pela primeira vez em 22 de agosto de 1846. Tem origem nos termos folk, que significa “povo”, e lore, que significa “instrução”, “aprendizado”, “sabedoria”. Para aproveitar ao máximo essa data de celebração, educadores apresentam propostas específicas para cada etapa da educação básica: dicas práticas e inspiradoras para levar o folclore brasileiro à sala de aula, estimulando curiosidade, senso de pertencimento e respeito às tradições locais.
Educação Infantil
Na Educação Infantil, o folclore precisa ganhar vida de forma lúdica e leve, despertando a imaginação e, ao mesmo tempo, aproximando as crianças da riqueza da nossa cultura regional. Mais do que ouvir histórias, elas precisam vivenciá-las, explorando personagens, sons, cores e movimentos que façam sentido para sua realidade.
Essas lendas e personagens podem estar presentes no cotidiano da turma, seja descobrindo as vogais nos nomes — como “Iara” ou “Curupira” —, seja encontrando pistas misteriosas deixadas na sala, como as pegadas do Lobisomem ou o jeito maroto do Saci, que parece ter passado por ali. Assim, o folclore deixa de ser apenas um tema de projeto e passa a ser uma experiência diária, integrada às aprendizagens e às descobertas de cada criança.
No Brazilian International School – BIS, além dessas abordagens em sala, os alunos da Educação Infantil de 4 e 5 anos também são convidados a participar de saídas pedagógicas que proporcionam um contato ainda mais concreto com o folclore. Nessas vivências, eles conhecem mais de perto as lendas e participam de experiências artísticas e culturais, como a confecção de xilogravuras e a criação de rimas de cordel.
“Toda vivência concreta e lúdica traz mais significado para as crianças. Quando elas não apenas ouvem, mas experimentam, sentem e interagem com a cultura, o aprendizado deixa de ser abstrato e se transforma em memória afetiva. É assim que o folclore deixa de ser apenas conteúdo e passa a fazer parte da identidade delas”, destaca a coordenadora pedagógica Beatriz Martins.
Fundamental I
No ciclo inicial, um dos projetos mais significativos é a contação de histórias em grupo, em que cada aluno pesquisa uma lenda local e a apresenta com fantoches confeccionados em sala. Após as apresentações, rodas de conversa aprofundam a compreensão das origens e variações regionais dessas narrativas, ampliando o repertório cultural e o senso de pertencimento.
“Quando exploramos diferentes versões de uma mesma lenda, mostramos aos alunos que cada história carrega os valores e a identidade da comunidade onde nasceu. Essa percepção amplia o respeito à diversidade e revela que as tradições são vivas, adaptando-se às necessidades e características de cada região", explica Beatriz.
Outra possibilidade é abordar o tema de maneira integrada, como acontece no Colégio BIS. Durante a Semana do Folclore, as atividades ganham ainda mais força: nas aulas de educação física, as crianças experimentam jogos e brincadeiras típicas; no teatro, dão vida às histórias folclóricas com encenações criativas; nas artes, produzem brinquedos tradicionais como o bilboquê; e, na música, revivem melodias e rimas que fazem parte da memória popular.
Até mesmo em escolas bilíngues, onde o foco está no domínio de mais de um idioma, preservar e trabalhar o folclore nacional é indispensável para reforçar a identidade cultural dos alunos. "Ao resgatar e valorizar essas manifestações, fortalecemos o sentimento de pertencimento e o vínculo com nossas raízes. O folclore transcende fronteiras, conectando nossos alunos à sua história e mostrando que compreender e respeitar a própria cultura é o primeiro passo para dialogar com o mundo”, complementa a coordenadora do BIS.
Fundamental II
Para alunos de 11 a 14 anos, a sugestão é propor uma oficina de dança ou música folclórica, em que os estudantes aprendem ritmos como o jongo, o boi-bumbá ou a catira. Cruzar essa vivência com pesquisas sobre a origem desses ritmos e seus papéis sociais fortalece o trabalho interdisciplinar entre Artes, História e Geografia. Além disso, a construção de um “mapa folclórico” do Brasil, reunindo fotos, desenhos e descrições, ajuda a visualizar a diversidade cultural do país.
“Vejo grande engajamento quando mesclamos pesquisa em casa com prática corporal na escola. Assim, os alunos se reconhecem como brasileiros nos elementos trazidos por seus colegas e aprendem sobre respeito e cooperação”, diz a coordenadora pedagógica da Escola Bilíngue Aubrick, de São Paulo/SP, Eloísa Monteiro.
A docente da Aubrick afirma ainda que desmistificar a ideia de que o folclore é uma subcultura é fundamental para reconhecer seu verdadeiro papel como expressão da cultura popular de todo o país. “Quando entendemos que lendas, cantigas e saberes nascem das tradições vividas por comunidades diversas, deixamos de rotular o folclore como algo exótico ou de menor valor e passamos a valorizá‑lo como patrimônio coletivo. Reconhecer o folclore como expressão legítima da cultura brasileira fortalece o sentimento de pertencimento e combate preconceitos que relegam nossas raízes ao status de curiosidade”, reflete Eloísa.
Ensino Médio
No Ensino Médio, o trabalho pode ser aprofundado a partir de debates sobre preservação cultural e o papel das políticas públicas na valorização do folclore brasileiro. Propostas de estudo do meio — como visitas a museus, centros culturais e comunidades tradicionais — ampliam a compreensão sobre a diversidade das manifestações de origem indígena, africana e cabocla.
“Uma abordagem enriquecedora para os jovens é investigar como o Legislativo atua na proteção do patrimônio imaterial e propor recomendações de políticas ou projetos de lei voltados ao fortalecimento da cultura popular. Isso estimula o pensamento crítico e o engajamento cívico”, explica a coordenadora pedagógica da Aubrick, Renata de Lima.
A análise de obras literárias, musicais e cinematográficas que retratam o folclore brasileiro, somada a entrevistas com mestres da cultura popular, permite aos estudantes refletir sobre representatividade e apropriação cultural. “Mais do que conhecer as lendas, é preciso fomentar nos jovens a missão de se tornarem cidadãos ativos na preservação e difusão das tradições brasileiras”, finaliza Renata.
Os especialistas:
Beatriz Martins é educadora inquieta, apaixonada por gente e por transformação. Atua há mais de 30 anos de atuação na educação, sendo 18 deles na liderança pedagógica, formando times, projetos e, principalmente, pessoas. Possui licenciatura plena pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Pós-graduação pelo Instituto Singularidades. Atualmente é coordenadora pedagógica no Brazilian International School (BIS).
Eloisa Monteiro é pedagoga bilíngue, especializada em infâncias e apaixonada pelo desenvolvimento dos primeiros anos de vida. Seu olhar atento para a alfabetização em duas línguas e para as nuances do ensino bilíngue reflete seu compromisso em proporcionar experiências significativas às crianças. Coordenadora dedicada, Eloisa valoriza cada interação com os pequenos e suas famílias, acreditando que o acolhimento é a base para uma aprendizagem segura e afetiva. Para ela, a educação vai muito além do ensino — é um espaço de encontros, descobertas e construção de vínculos.
Renata Lima é coordenadora do Ensino Médio, leitora ávida e entusiasta da cultura, com mais de 20 anos de experiência na educação básica e internacional. Ao longo de sua trajetória, liderou projetos acadêmicos que articulam currículo, competências socioemocionais e experiências de aprendizagem de excelência conectadas à vida real, à cultura popular e ao território. Atuou em instituições de renome, nas quais desenhou e implementou programas inovadores voltados ao protagonismo juvenil, à dupla certificação e à formação integral.