Bate-Papo com a Defesa Civil discutiu o projeto SABO e apresentou soluções inovadoras que reforçam a resiliência das cidades mais vulneráveis
Brasília (DF) - O fortalecimento da infraestrutura para enfrentar os impactos das mudanças climáticas foi o destaque do Bate-Papo com a Defesa Civil desta quinta-feira (31). Transmitido ao vivo pelo canal do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR) no YouTube, o encontro abordou o Projeto SABO — uma parceria entre os governos do Brasil e do Japão voltada à prevenção de desastres provocados por fluxos de detritos.
A iniciativa prevê a implantação de barreiras de contenção em municípios que já sofreram com eventos extremos, como Nova Friburgo e Teresópolis, no estado do Rio de Janeiro. As estruturas têm como objetivo reter o material carregado em deslizamentos, protegendo a população e as áreas urbanas em risco. Com uso de tecnologia japonesa, o projeto SABO é pioneiro na América Latina.
Durante o bate-papo, o coordenador-geral de Estudos, Prevenção e Mitigação da Defesa Civil Nacional, Frederico Seabra, destacou a importância do projeto na reconstrução das áreas afetadas e na redução de riscos. “A região Serrana do Rio de Janeiro viveu em 2011 um dos desastres naturais mais graves do país. Nova Friburgo e Teresópolis foram os municípios mais impactados. A tragédia levou à formulação de novos instrumentos de mapeamento de risco, como o projeto JITS, que foi o precursor do SABO. Agora, avançamos para a execução de obras estruturais que vão conter os fluxos de detritos e proteger vidas”, explicou o técnico.
O conselheiro-chefe do Projeto SABO, Takasue Hayashi, representante do governo do Japão, ressaltou a experiência do país asiático na construção dessas barreiras. “O Japão tem mais de 100 anos de atuação na prevenção de desastres relacionados a movimentos de massa. As barreiras SABO já comprovaram sua eficácia em nosso território. Estou muito feliz por colaborar com essa transferência de tecnologia e compartilhar nossa experiência com o Brasil. É uma honra participar desse projeto”, afirmou.
As barreiras que serão construídas no Brasil utilizam dois modelos principais: estruturas metálicas permeáveis e muros de concreto impermeáveis. Em Nova Friburgo, por exemplo, a barreira será erguida no Morro das Duas Pedras, onde o fluxo de detritos em 2011 percorreu cerca de 600 metros e ameaçou um hospital, uma rodovia e uma comunidade local. Já em Teresópolis, o bairro Campo Grande receberá uma estrutura metálica, no mesmo local que ficou conhecido por imagens marcantes da tragédia de 2011.
O superintendente de Projetos Especiais da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sedec), Aurélio Vogas Barreto, ressaltou o papel da cooperação internacional na implementação do projeto. “É fundamental agregar novos conhecimentos e tecnologias. As áreas foram mapeadas de forma conjunta, com base em critérios técnicos e históricos de impacto. Pensar em prevenção é essencial para reduzir riscos e evitar a perda de vidas humanas”, observou o superintendente.
Compromisso com a COP30
Além de proteger comunidades vulneráveis, o Projeto SABO contribui com os compromissos do Brasil na agenda climática internacional. A ampliação da iniciativa está alinhada à preparação do país para a COP30, que será realizada em novembro de 2025, em Belém (PA). A adoção de soluções sustentáveis e baseadas em infraestrutura adaptativa reforça o compromisso com a redução das desigualdades e o enfrentamento dos efeitos das mudanças climáticas.
Atualmente, o projeto de engenharia da barreira de Nova Friburgo está em análise na Caixa Econômica Federal, com previsão de início das obras até dezembro de 2025. Em Teresópolis, o projeto executivo está pronto, e a execução está prevista para o primeiro semestre de 2026.
O Bate-Papo com a Defesa Civil é uma iniciativa mensal do MIDR com o objetivo de aproximar a sociedade de temas relacionados à proteção e defesa civil, promover o intercâmbio de experiências e fortalecer a cultura da prevenção no Brasil.
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