Com investimento de R$ 13,9 milhões em recursos do Fundo de Desenvolvimento Social, retrofit da Ocupação Mariana Crioula recupera prédio histórico na Zona Portuária

 

Presidente Carlos Vieira (ao centro, de preto) visita o canteiro de obras do Mariana Crioula. Foto: CAIXA/Divulgação


Os andaimes em frente à fachada em estilo eclético e o movimento intenso de trabalhadores revelam que o prédio histórico no número 120 da rua da Gamboa passa por uma transformação. Obra do programa Minha Casa, Minha Vida - Entidades, com investimento de R$ 13,9 milhões em recursos do Fundo de Desenvolvimento Social (FDS), o retrofit da Ocupação Mariana Crioula vai beneficiar 60 famílias na região da Pequena África, na Zona Portuária do Rio de Janeiro (RJ).

 

Por trás da fachada preservada, o prédio na rua da Gamboa ganhará 12 apartamentos duplex com sala e dois quartos, além de espaços comunitários e de geração de renda. Integrado ao projeto, um imóvel na rua Pedro Ernesto contará com mais 48 apartamentos, 24 deles de um quarto e os outros 24 de dois quartos, incluindo duas unidades adaptadas para pessoas com necessidades especiais. Os apartamentos terão plantas com entre 42 m2 e 65,9 m2.

 

Em visita técnica realizada nesta sexta-feira (18), o presidente da CAIXA, Carlos Vieira, falou da simbologia de se ter um empreendimento como esse na região da Pequena África. “Aqui era um ambiente de transporte e venda de pessoas escravizadas. E neste local, hoje, está sendo construído um empreendimento chamado Mariana Crioula, que foi uma pioneira na luta pela libertação dos escravizados. É um momento histórico do qual me proporciona um enorme orgulho”, afirmou. “Quando a sociedade se mobiliza e reivindica os seus direitos, quando ela tem acesso a políticas de governo e a políticas públicas conduzidas por instituições como a CAIXA, o processo de inclusão social acontece”, concluiu Vieira.

 

Empreendimento vai beneficiar 60 famílias da ocupação Mariana Crioula. Foto: CAIXA/Divulgação


As obras estão sendo executadas em regime de autogestão, com participação ativa das famílias beneficiárias, organizadas pelo Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM). O projeto é resultado de uma longa trajetória de luta por moradia digna, envolvendo famílias remanescentes de um despejo ocorrido em 2007, que ao longo de 15 anos mantiveram o imóvel preservado e sob gestão da Entidade Organizadora.

 

Para Lurdinha Lopes, líder do Movimento Nacional de Luta pela Moradia, pensar em habitação popular envolve garantir que as pessoas tenham acesso a direitos fundamentais no lugar em que vivem. “No Minha Casa, Minha Vida contratado pela CAIXA, a gente tem o trabalho técnico e social, que é exatamente para valorizar a história do território e a organização do povo, visando emancipar uma população que é vulnerabilizada. A gente só consegue fazer isso com a CAIXA, que é um banco que investe em melhorar a qualidade de vida da população”, afirmou Lurdinha.

 

Localizada na região conhecida como Pequena África, a ocupação homenageia Mariana Crioula, mulher negra escravizada que foi uma das líderes da revolta que ajudou a libertar cerca de 400 outros escravizados na região do Vale do Café, no Rio de Janeiro, em 1838, e se tornou um símbolo da resistência negra à escravidão no Brasil.

 

Minha Casa, Minha Vida - Entidades:

No estado do Rio de Janeiro a CAIXA soma 48 empreendimentos FAR/Entidades Urbanas/Rural contratados e em contratação desde a retomada do Programa Minha Casa, Minha Vida, totalizando mais de 7,2 mil novas unidades habitacionais a serem construídas no estado.

 

O Minha Casa, Minha Vida - Entidades é uma das modalidades do programa voltada para a concessão de financiamento subsidiado a famílias organizadas por meio de entidades privadas sem fins lucrativos. Com recursos do Fundo de Desenvolvimento Social (FDS), a modalidade viabiliza a produção de unidades habitacionais urbanas, estimulando a participação popular e a autogestão. O público-alvo são famílias organizadas sob a forma associativa, com renda bruta familiar mensal de até R$ 2.850.