A Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) preocupa-se com a possível elevação da Selic na primeira reunião do Copom em 2025, em 28 e 29 de janeiro. Os níveis elevados da taxa têm representado um entrave para a economia, particularmente a indústria, que depende de financiamentos de longo prazo. O impacto é ainda mais severo para pequenas e médias empresas, com acesso limitado ao mercado de capitais, e os consumidores, que encontram dificuldades no parcelamento das compras.
 

Após 31 anos do Plano Real, iniciativa bem-sucedida quanto à estabilidade dos preços, ainda não conseguimos estabelecer juros compatíveis com nosso potencial e necessidade de desenvolvimento. Em raros momentos alcançamos taxas que viabilizassem a elevação necessária do investimento de 17% para 25% do PIB, essencial para um crescimento sustentado e sustentável em torno de 4% ao ano.
 

As estimativas do mercado indicam que o Copom deverá implementar dois aumentos consecutivos de um ponto percentual na Selic, elevando-a a 14,25%. Considerando a projeção inflacionária do Boletim Focus, de aproximadamente 5% este ano, chegaremos a uma taxa real de juros de 9%. Os efeitos contracionistas da elevação deverão ser mais evidentes no segundo semestre. Cabe alertar, ainda, sobre os impactos da transição do governo nos Estados Unidos e da possível manutenção esta semana dos juros pelo Federal Reserve (Fed) em 4,5%.
 

A solução para a queda dos juros no Brasil demanda esforço conjunto do governo e da sociedade, exigindo a continuidade das reformas estruturais, em especial a administrativa, para aumentar a eficiência do Estado e reduzir seus custos. Também é crucial melhorar o acesso ao mercado de capitais e reduzir as incertezas macroeconômicas.
 

O cumprimento das metas inflacionárias e a estabilização da relação dívida/PIB são determinantes para permitir juros reais mais baixos. Na ausência dessas condições, permaneceremos em um ciclo de taxas elevadas, pois o descompasso entre as políticas fiscal e monetária limita o potencial de crescimento de nossa economia.