Até 2030 serão mais 25 milhões de novos casos no mundo de câncer de mama segundo o INCA. Alertar sobre a importância da mamografia e adotar uma atitude mais empática frente à doença podem auxiliar a conter esse problema de saúde pública. Entenda porquê o diagnóstico precoce é essencial e veja como já evoluímos nessa trajetória
São Paulo, outubro de 2023 - O último trimestre do ano já começou e muitos podem se perguntar: será que é preciso mesmo falar novamente do outubro rosa? De acordo com FEMAMA (Federação Brasileira de Instituições Filantrópica de Apoio à Saúde da Mama) a resposta é SIM. E por motivos bem concretos. Só em 2021, 18.139 brasileiras morreram em virtude da doença, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA). Depois do melanoma, o câncer de mama é a principal causa de óbitos de mulheres no mundo. Até 2030 são estimados mais 25 milhões de novos casos, 73 mil no Brasil só até o final de 2023. Como frear essa epidemia? Investindo nos exames de rastreamento e contando com a empatia da opinião pública para lidar com o problema.
Importância da precocidade
Quando detectado precocemente, o câncer de mama tem 95% de chances de cura. Por isso é fundamental seguir as recomendações do Ministério da Saúde que indica o exame anual para mulheres com 40 anos ou mais e, quando há antecedentes familiares, a partir dos 30 anos. O autoexame é importante sim, mas ele não garante um diagnóstico eficiente. “A mamografia de rotina oferece a possibilidade de identificar lesões que ainda não são tumores malignos e também tumores invasores pequenos que a palpação não consegue detectar. É a forma indicada para aumentar as chances de curar a doença, evitar tratamentos que impactem demais na vida do paciente e reduzir a o número de mortes”, afirma Maira Caleffi, mastologista, chefe do serviço de Mastologia do Hospital Moinhos de Vento, presidente voluntária de FEMAMA e membro do Board da UICC (Union for International Cancer Control). O diagnóstico precoce está longe de ser uma realidade no Brasil. Segundo o INCA, 38% dos cânceres de mama são detectados em fase avançada da doença, quando é necessário contar com tratamentos mais agressivos e a chance de cura é menor.
Mamografia salva vidas
A verdade é que a importância da mamografia é subestimada. Na pesquisa “Um Olhar sobre o Câncer de Mama no Brasil”, divulgada em agosto de 2023, cerca de 1/3 dos entrevistados afirma não fazer o exame com frequência e 20% nunca o fizeram. “É necessário amplificar o discurso sobre o papel dos exames de rastreamento. Por enquanto não temos outra alternativa com evidências científicas que superem o impacto da mamografia de rotina na melhoria das curvas de mortalidade. É preciso fazer isso com afeto, com as responsabilidades de todos e com empatia”, afirma Maira Caleffi. Empatia, inclusive, é a palavra-chave na campanha do outubro rosa de 2023. FEMAMA acredita que com empatia, pacientes sentem-se encorajados para enfrentar a doença, homens e mulheres se ajudam a lembrar do papel dos exames de rastreamento e a população apoiará mais as políticas públicas em prol da saúde da mama. Sim, o câncer de mama é uma causa de todos nós, homens e mulheres, jovens e idosos.
Uma causa de todos
Sim, homens também podem ter câncer de mama e a incidência em mulheres jovens cresce a cada ano. A empatia torna esse assunto comum a todos nós, é importante para sensibilizar a sociedade tanto no sentido privado, de ajudar quem está por perto, como também na esfera institucional, no ato de apoiar políticas públicas em prol da prevenção, diagnóstico e tratamentos. “Já avançamos na aprovação de leis e agora é preciso o envolvimento da opinião pública para exigir o cumprimento dessas conquistas no dia a dia. A mudança de consciência ainda está em curso e contamos a empatia de todos para divulgar informações de qualidade sobre a prevenção, o diagnóstico e o tratamento da doença”, finaliza Maria Caleffi. FEMAMA acredita na informação de qualidade, nos cuidados mútuos e no poder das redes de apoio para o acolhimento ao paciente e seus familiares. Por isso, cuide-se, cuide de quem está por perto e apoie políticas públicas em prol da saúde. Lembre-se: com empatia, somos mais Vida. Feliz outubro rosa!
Conquistas em políticas públicas impulsionadas por FEMAMA
2008 – Lei da Mamografia: assegura o direito de a realização de mamografia para mulheres a partir dos 40 anos
2012 – Lei dos 60 Dias: após o diagnóstico, o tratamento pelo SUS deve ser iniciado em 60 dias
2013 – Lei das Drogas Orais: inclusão no rol dos procedimentos da ANS
2017 –Trastuzumabe e pertuzumabe: incorporação desses medicamentos no tratamento do câncer de mama metastático pelo SUS
2018 – Lei da Notificação Compulsória: comunicação obrigatória à autoridade de saúde sobre a suspeita ou confirmação de doença
2019 – Lei dos 30 Dias: a partir da suspeita prazo para a realização dos exames de diagnóstico no SUS
2022: Lei da Mamografia ampliada: qualquer mulher, a partir da puberdade, tem direito a fazer a mamografia no SUS independentemente da idade
A Pesquisa “Um Olhar sobre o Câncer de Mama no Brasil”
Conheça alguns dos resultados dessa pesquisa realizada pela Veja Saúde em parceria com a FEMAMA, Roche e o Instituto Oncoguia. Foram entrevistadas 1.237 pessoas (homens e mulheres), de 20 a 70 anos de todo Brasil.
19% das pacientes nunca haviam feito mamografia antes do exame de diagnóstico e 53% realizava anualmente
38% dos pacientes não tinham nenhum sintoma, nem dor nas mamas, quando foram diagnosticados
67% das pacientes entrevistadas já tinham acompanhado a experiência de alguém próximo com diagnóstico de câncer
15% das pacientes foram aconselhadas a procurar uma rede de apoio na consulta sobre a notícia do diagnóstico
32% afirma que após o diagnóstico o fato da vida mais afetado foi a sexualidade seguido de 28% que apontou o emprego e a renda familiar
57% conta que o principal sentimento no momento do diagnóstico foi o medo
61% afirma que fé foi o principal sentimento durante o tratamento
FEMAMA
Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama é uma associação civil, sem fins econômicos, que busca ampliar o acesso ágil e adequado ao diagnóstico e ao tratamento do câncer de mama para todas as pacientes e, com isso, reduzir os índices de mortalidade pela doença no Brasil. Está presente na maioria dos estados brasileiros por meio de ONGs associados, atuando na articulação de uma agenda nacional única para influenciar a criação de políticas de atenção à saúde da mama.