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O relevante trabalho feminino na ciência

 

 

Docentes apontam o significado e a trajetória ascendente

das mulheres brasileiras nas pesquisas e área acadêmica

 

A Professora Doutora Cristina Meneguello, do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH), criadora da "Olimpíada Nacional em História do Brasil e Dicionário Excluídos da História”, projeto reconhecido como segundo colocado no Prêmio Péter Murányi 2021-22, em sua 20ª edição, que contemplou a área da Educação, salienta ser cada vez mais necessário afirmar e reafirmar o papel das mulheres nas ciências. “Felizmente, a presença feminina nas pesquisas, inovação e instituições acadêmicas tem sido cada vez mais relevante, a exemplo da ação em outros setores da sociedade, modificando a concepção da existência de atividades predominantemente masculinas", acrescenta Vera Murányi Kiss, presidente da fundação da Péter Murányi, promotora do certame.

 

Cristina Meneguello considera importante conferir visibilidade também às mulheres dedicadas às ciências humanas e não apenas às exatas e biológicas. São historiadoras, antropólogas, sociólogas, filósofas, especialistas em teoria literária e linguistas, dentre outras, produzindo conhecimento fundamental para a humanidade. O projeto “Excluídos da história” faz exatamente um paralelo com a invisibilidade que muitas vezes afeta as mulheres.

 

“Observamos que grande parte das personagens ignoradas pela história, a despeito do significado de seu trabalho e contribuição, eram mulheres, muitas negras e indígenas. Então, também na nossa área, a gente percebe a necessidade de dar mais visibilidade à fundamental participação feminina na história do nosso país”, pondera a professora.

 

A docente também faz reflexão sobre como, desde o Ensino Fundamental e o Médio, as mulheres vão sendo afastadas das carreiras científicas, devido a terem de se ocupar, ainda muito jovens, com os cuidados da casa, dos irmãos mais novos e, depois, dos filhos, tendo de dividir seu tempo com os estudos e o trabalho. Isso está sendo mudado aos poucos, como é o caso da licença maternidade, mas persiste uma sobrecarga grande para aquelas que querem dedicar-se às ciências.

 

A Professora Doutora Irene Karaguilla, umas das criadoras do Programa de Incentivo ao Desenvolvimento de Futuros Líderes em Ciência e Engenharia, da FEBRACE, case vencedor do Prêmio Péter Murányi 2021-22, acrescenta que as mulheres podem e devem escolher a carreira que quiserem seguir. “Todas têm competência para estudar e atuar no ramo que mais lhe agrada. Times mistos, com integrantes masculinos e femininos, desenvolvem melhores soluções porque apresentam diferentes pontos de vista. Muitas cientistas são mais comunicativas e trabalham com empatia, o que resulta em trocas entre os colegas, a escuta do outro e a compreensão dos usuários”.

 

No estímulo às carreiras, são importantes as iniciativas que valorizem o trabalho feminino no campo das ciências. Nesse sentido, a professora Elena Saggio, coautora do programa da FEBRACE, afirma: “Fiquei muito feliz com este reconhecimento. É um incentivo a todas e todos que se envolveram, ao longo desses 20 anos: estudantes, professores, escolas, avaliadores, patrocinadores e equipe de organização. Que esta premiação da Fundação Péter Murányi estimule mais iniciativas voltadas à melhoria da educação brasileira".

 

A terceira pesquisadora que criou o programa, a Professora Doutora Roseli de Deus Lopes, explica que na FEBRACE ninguém é selecionado por ser menina. “Trabalhamos com a questão da excelência e abrangência. Quando a gente fala especificamente para o público feminino, o que temos feito é divulgar os trabalhos de pesquisadoras e cientistas e suas histórias, para que sirvam de referência e possam inspirar outras jovens e mulheres. É importante dar mais visibilidade às pessoas que ainda estão em situação de minoria em determinadas áreas, para mostrar que é possível”.

 

Com esse propósito, a primeira série de um programa de podcasts lançado recentemente pela FEBRACE aborda o tema “As mulheres nas ciências e na engenharia”. Há várias entrevistas para contar as histórias inspiradoras de pesquisadoras brasileiras. Para a professora, “incentivar meninas e meninos, desde a infância, a seguir os caminhos que julguem interessantes é um desafio não apenas do Brasil, mas de todo o mundo”.

 

Vera Murányi Kiss, presidente da Fundação Péter Murányi, enfatiza que os depoimentos das professoras participantes do prêmio promovido pela entidade demonstram a importância de reconhecer e divulgar o trabalho das cientistas, inspirando com exemplos reais as jovens, desde o Ensino Fundamental, a seguirem a carreira acadêmica e se dedicarem à Pesquisa & Desenvolvimento. “O trabalho das mulheres no campo do saber não é significativo apenas para a igualdade de gênero e o empoderamento feminino, mas também para construirmos uma sociedade mais democrática quanto ao acesso ao conhecimento e, portanto, mais avançada e justa”, conclui.