A União Nacional dos Estudantes foi até a Justiça para garantir o
direito de entrar e permanecer dentro da Casa do Povo, a Câmara dos
Deputados Federais.
Os estudantes denunciaram através de um pedido de Habeas Corpus que vêm
sendo violentamente reprimidos pelos agentes da Polícia Legislativa, que tem negado
o acesso dos jovens à galeria do Plenário, principalmente para evitar
manifestações que se oponham à redução da maioridade penal de 18 para 16
anos (PEC 171/93).
Nesta sexta-feira (19) o Supremo Tribunal Federal (STF) garantiu
assim o direito dos estudantes acompanharem a votação no próximo dia 30
de junho quando será votado o projeto no Plenário.
No último dia 10 de junho a sessão da Comissão Especial que analisa o
tema foi abruptamente interrompida após um ataque violento de gás de
pimenta aos estudantes presentes. Tanto os estudantes que acompanhavam a
sessão quanto os jornalistas ali presentes foram alvo, alguns até mesmo
chegaram a passar mal e tiveram que ser socorridos no local.
Agentes da Polícia Legislativa não identificados foram flagrados ainda
agredindo com gás de pimenta estudantes e deputados que estavam do lado
de fora da Câmara, o que ressalta a truculência e a perseguição com que
os cidadãos que se contrapõe as ideias do presidente da Casa têm sido
tratados.
Dentro da sessão os estudantes foram atacados por alguns deputados, até mesmo fisicamente, sendo chamados de “vagabundos”.
Desde então, tanto o Presidente da Comissão Especial, André Moura
(PSC-SE), quanto o presidente da Câmara, resolveram impedir o acesso à
votação proibindo a entrada de cidadãos nas galerias do Plenário na
data.
A votação foi adiada e retomada à portas fechadas no dia 17 de junho,
onde mais uma vez diversas lideranças estudantis foram proibidas de
entrar enquanto aprovavam o relatório do projeto que reduz a maioridade
penal. A presidenta da UNE, Carina Vitral, conseguiu acompanhar do lado
de dentro, porém “alguns deputados usaram a palavra para pedir a minha
expulsão da sessão, usando palavras chulas, regozijando seu ódio contra a
manifestação da juventude”, afirmou.
Para a entidade a postura do presidente da Casa e do presidente da
Comissão visa tão somente evitar o debate de alto nível acerca de tema
tão relevante para sociedade e para a juventude, que é a redução da
maioridade penal, acelerando a votação da PEC para aproveitar o pânico
instaurado na sociedade após a intensa divulgação de casos de violência
envolvendo menores no Brasil.
A participação popular no acompanhamento dos atos parlamentares é um
direito constitucional que atende à pluralidade de opiniões e pontos de
vista existentes numa mesma sociedade, devendo ser garantida, sobretudo,
às entidades diretamente ligadas aos interesses postos em discussão
como a UNE e as entidades estudantis e de juventude.
A UNE bem como toda e qualquer organização já foi criminalizada e
colocada na ilegalidade, em um período nefasto da nossa história, onde
milhares de estudantes deram sua vida para que a democracia vigorasse
plenamente em nosso país. A atitude destes parlamentares que deveriam
representar os anseios da sociedade remete à escuridão da ditadura
militar, quando participação popular era rechaçada, a contestação e a
simples reunião de pessoas era oprimida com tirania.
http://www.une.org.br/noticias/estudantes-tem-direito-de-acesso-garantido-a-camara-dos-deputados/