É o que revela uma pesquisa feita pelo Datafolha no final de abril nas
cinco regiões do país. De acordo com ela, eletrônicos, roupas, calçados,
brinquedos e perfumes contrabandeados são os itens preferidos pelo
consumidor.
A diferença de preço entre a mercadoria ilegal e a oficial –aquela
adquirida em uma loja que emite nota fiscal e dá garantia– é o que
alimenta o contrabando no país, ainda segundo a pesquisa.
A força do mercado paralelo; Crédito: Editoria de Arte/Folhapress
Para 92% dos brasileiros, o comércio clandestino deixaria de existir se os produtos vendidos legalmente custassem menos.
A pesada carga tributária, que faz os produtos vendidos legalmente
custarem mais, cria uma distorção que prejudica a economia do país.
Levantamento do Fórum Nacional de Combate à Pirataria (FNCP) com 15
setores da economia estimou perdas de R$ 65 bilhões com o comércio
ilegal no ano passado.
Na arrecadação federal, a partir dessa estimativa, a perda seria de R$ 29,3 bilhões.
É como se o Brasil perdesse anualmente o equivalente ao PIB do Panamá (a 88ª maior economia mundial) para os contrabandistas.
A pesquisa mostrou que a maior parte da população sabe que o contrabando
prejudica o país e a indústria nacional, mas, para ela, a culpa é do
governo federal.
Somente 28% dizem acreditar que são os consumidores os responsáveis por fazer girar as engrenagens do mercado paralelo.
SOLUÇÃO
A fiscalização "nada eficiente" nas fronteiras é o que explica a entrada
de tantas mercadorias contrabandeadas no país. E, para a grande maioria
dos brasileiros, a entrada dessas mercadorias incentiva o crime
organizado e o tráfico de drogas.
Mesmo assim, só 23% sugerem penas mais duras para o crime de contrabando.
Seis entre dez acreditam que a situação seria diferente se o governo
reforçasse o policiamento nas fronteiras, principalmente com o Paraguai,
por onde entra boa parte das mercadorias contrabandeadas.
Segundo a Receita Federal, 7% das apreensões de contrabando no Brasil no
ano passado, em termos de valores, ocorreram em Foz do Iguaçu (Paraná).
Nos dois lados da fronteira, as organizações criminosas cooptam mão de
obra barata para fazer o carregamento de mercadorias entre os dois
países.
Para os brasileiros, a criação de um centro de inteligência envolvendo
os dois países e de programas de estímulo à criação de empregos nos dois
lados da fronteira também poderia surtir efeito no combate ao
contrabando, de acordo com a pesquisa.
http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2015/05/1633175-1-em-cada-3-brasileiros-ja-comprou-contrabando-diz-estudo.shtml