Deputado apresenta projeto para legalizar a maconha
Proposta apresentada na Câmara por
Eurico Júnior, do PV, legaliza a produção, o comércio e o consumo da
substância em todo o país. Partido diz que objetivo é enfraquecer o
narcotráfico e garantir a liberdade individual
O Congresso Nacional terá de enfrentar o debate sobre a legalização da maconha. O Partido Verde (PV) apresentou uma proposta na Câmara que legaliza o plantio, a comercialização e a distribuição do produto. De acordo com o projeto de lei assinado pelo deputado Eurico Júnior (PV-RJ), protocolado (25), o poder público será responsável pela implantação da política de uso da maconha, dando prioridade às medidas voltadas ao controle e à regulação das substâncias psicoativas e de seus derivados.
O Congresso Nacional terá de enfrentar o debate sobre a legalização da maconha. O Partido Verde (PV) apresentou uma proposta na Câmara que legaliza o plantio, a comercialização e a distribuição do produto. De acordo com o projeto de lei assinado pelo deputado Eurico Júnior (PV-RJ), protocolado (25), o poder público será responsável pela implantação da política de uso da maconha, dando prioridade às medidas voltadas ao controle e à regulação das substâncias psicoativas e de seus derivados.
Lúcio Bernardo Júnior/Ag. Câmara
Eurico Júnior apresentou projeto em nome do PV. Partido diz ser o único a defender a legalização da maconha em seu programa
Esta não é a única proposta em discussão no Congresso sobre o
assunto. Há duas semanas, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) pediu
estudos à Consultoria Legislativa para embasar seu parecer a uma sugestão
feita ao Senado, com o apoio de 20 mil internautas, para legalizar o
plantio, o consumo e o comércio da substância. Na segunda-feira (24),
foi a vez de o deputado Jean Wyllys (Psol-RJ) anunciar que apresentará um projeto com o mesmo objetivo na próxima semana na Câmara, em contraponto a uma proposta do deputado Osmar Terra (PMDB-RS) que endurece a legislação antidrogas, já aprovada pelos deputados.
Proteção
Ao anunciar a apresentação do projeto de Eurico Júnior, o PV diz que é
o único partido a defender, de forma favorável e clara, em seu programa
partidário,a legalização do consumo da maconha no Brasil. “O Partido
Verde defende a legalização como uma forma de proteger os habitantes do
país contra os riscos decorrentes do vínculo com o comércio ilegal da
maconha e com o narcotráfico”, diz a nota distribuída pelo partido.
A ideia, sustenta o PV, é legalizar a maconha para reduzir a
incidência do narcotráfico e do crime organizado, garantido a qualquer
cidadão a liberdade individual de usar ou não a substância.
De acordo com a proposta, caberá ao poder público educar,
conscientizar e proteger a sociedade contra os riscos do uso da maconha
para a saúde, por causa do risco de desenvolvimento da dependência.
Limitações
Pelo projeto, será permitida a plantação, o cultivo e a colheita, em
âmbito doméstico, de plantas cannabis de efeito psicoativo, para consumo
individual ou compartilhado no recinto do lar, é de até seis plantas. O
produto da colheita da plantação é fixado em no máximo 480 gramas
anuais. O texto proíbe o acesso de menores de 18 anos de idade e de
incapazes à planta para uso recreativo. Quem descumprir essa
determinação, estará sujeito a responsabilidades penais.
A proposta também estabelece parceria entre o Ministério da Saúde e a
Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas para promover políticas e
mecanismos para a promoção da saúde e a prevenção do uso de cannabis,
assim como assessoramento e orientação para tratamento de usuários da
maconha que apresentem problemas de saúde em decorrência do uso da
droga.
O Congresso em
Foco procurou o autor da proposição, Eurico Júnior, mas o gabinete informou que ele estava em viagem.
Outro projeto
O deputado Jean Wyllys também defende a legalização. Durante evento
que lançou a pré-candidatura do senador Randolfe Rodrigues (Psol-AP) à
Presidência da República, Jean anunciou que irá apresentar uma proposta
na Câmara sobre o assunto nos próximos dias.
“É um projeto amplo de legalização e regulamentação da maconha, de
consumo e de mercado”, afirmou o parlamentar. “Uso como experiência o
Uruguai, o Colorado, Portugal – onde não está legalizada, mas há uma
política de uso de drogas, e da Espanha. Eu peguei as quatro
experiências e elaborei o projeto”, declarou o deputado ao portal UOL.
No Senado
O Senado também terá de discutir o assunto nos próximos meses. O
senador Cristovam Buarque apresentará, na Comissão de Direitos Humanos e
Legislação Participativa, parecer a uma proposta que libera o uso recreativo, medicinal ou industrial da droga.
A sugestão chegou ao Senado por meio do Portal e-Cidadania e recebeu
mais de 20 mil manifestações de apoio. Caberá ao relator opinar pela
rejeição ou pela transformação da proposta em projeto de lei.
O texto sugerido aos senadores prevê que o uso da maconha seja
regulamentado, a exemplo do que ocorre hoje com bebidas alcoólicas e
cigarros. Estabelece, ainda, que seja considerado legal “o cultivo
caseiro, o registro de clubes de cultivadores, o licenciamento de
estabelecimentos de cultivo e de venda de maconha no atacado e no varejo
e a regularização do uso medicinal”.
Cristovam quer saber dos consultores como estão os processos de
legalização da maconha em outros países, quais são os impactos
científicos e econômicos da medida, seus benefícios e custos. O estudo
solicitado pelo senador também deve indicar se a liberação contribui
para o aumento ou diminuição do consumo da droga.
Uruguai
Em dezembro do ano passado, o Senado uruguaio aprovou a legalização
da produção, distribuição e venda da maconha sob controle do Estado.
Pela lei uruguaia, o usuário pode comprar até 40 gramas de maconha por
mês, em farmácias, e cultivar até seis pés da erva individualmente.
Esse número sobe para 99 plantas caso os usuários se reúnam em clubes
com 15 a 45 integrantes. O governo do país vizinho defende a medida
como forma de reduzir o poder do narcotráfico e a dependência dos
uruguaios de drogas mais pesadas.
Traficante e usuário
A chamada Lei Antidrogas (11.343/2006) proíbe o uso de substâncias
entorpecentes, “bem como o plantio, a cultura, a colheita e a exploração
de vegetais e substratos dos quais possam ser extraídas ou produzidas
drogas”. A lei estabelece punições diferentes para usuários e
traficantes. Quem for flagrado comprando, guardando ou transportando
droga para consumo pessoal está sujeito a advertência, prestação de
serviço à comunidade e a medida educativa de comparecimento a programas
ou cursos.
Já os traficantes podem ser condenados de cinco a 15 anos de prisão,
além do pagamento de multa. Cerca de 20% dos 550 mil presos brasileiros
estão privados da liberdade por terem sido enquadrados no crime de
tráfico de drogas. A lei, no entanto, não estabelece critérios objetivos
para diferenciar o usuário do traficante. A decisão cabe ao juiz.http://congressoemfoco.uol.com.br/noticias/deputado-apresenta-projeto-para-legalizar-a-maconha/