Neste processo inédito de
articulação, movimentos sociais e organizações de amplos setores da
juventude brasileira convocaram, a partir de um manifesto e
reivindicações comuns, mobilizações em todo o país pelos direitos da
juventude e por reformas estruturais no Brasil.
Mobilizando
jovens trabalhadores do campo e da cidade, juventudes partidárias,
movimentos sociais, entidades estudantis, organizações da juventude
negra, feministas, culturais, religiosas, LGBT e ambientais, a jornada
tem partido de uma forte convicção de que a unidade da juventude é o
caminho das mudanças.
Além da
unidade, a jornada incorpora a diversidade de bandeiras da juventude em
reivindicações mais amplas, a exemplo da reforma política e das
comunicações, da defesa dos royalties do petróleo para a educação, da
redução da jornada de trabalho, da reforma agrária e da luta pelos
direitos humanos com pautas específicas da condição juvenil, como o
enfrentamento à violência contra a juventude negra e da periferia, a
aprovação do Estatuto da Juventude e a oposição às propostas de redução
da maioridade penal, entre tantas outras.
Considerada
em outros momentos como uma questão secundária, diante dos grandes
temas políticos, econômicos e sociais do país, o entendimento da
juventude como uma fase da vida que demanda direitos e políticas
públicas específicas é uma idéia recente, que vem se desenvolvendo há
apenas alguns anos no Brasil.
São
bandeiras comuns às da jornada de lutas da juventude que também tem
mobilizado os esforços da Política Nacional de Juventude. Respondendo a
resolução mais votada na 1ª Conferencia Nacional de Juventude e diante
de uma realidade em que os homicídios são hoje a principal causa de
morte entre os jovens - atingindo especialmente os jovens negros das
periferias e das áreas metropolitanas dos centros urbanos - o governo
federal lançou o Plano Juventude Viva, com o objetivo de ampliar
direitos e a prevenção da violência contra a juventude brasileira.
Nos
próximos dias, a juventude também se articulará para conquistar em lei a
garantia de seus direitos. A jornada de lutas coincidirá com um momento
decisivo da tramitação no Congresso Nacional do Estatuto da Juventude,
que é uma declaração de direitos dos jovens que contou na sua elaboração
com grande participação da sociedade e dos movimentos juvenis.
Por
essas e outras bandeiras comuns em defesa dos direitos da maior geração
de jovens da história do Brasil, iniciativas como a Jornada de Lutas da
Juventude são muito bem vindas. É a tradução de uma unidade em que a
autonomia e emancipação da juventude são vistas como parte da construção
de um projeto de desenvolvimento sustentável e popular para o país.
* Severine Macedo é Secretária Nacional de Juventude da Secretaria-Geral da Presidência da República.