Do aumento da conta de luz ao preço das frutas, o clima afeta o dia a dia da população
O calor castiga, o ventilador já não dá conta e a conta de luz chega mais alta a cada mês. Na feira, o preço das frutas sobe depois da última enchente. Enquanto isso, em Belém (PA), líderes do mundo inteiro se reúnem até 21 de novembro para discutir justamente o que está por trás dessas mudanças no dia a dia de milhões de pessoas – incluindo os brasileiros: o clima. A COP 30 é sobre o planeta, mas, por consequência, sobre a vida de quem sente o impacto do tempo na pele, no bolso e no prato.
A 30ª Conferência das Partes, da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, já está dando o que falar. E em meio a tanta informação, muita gente deve estar se perguntando: e eu com isso? A professora dos cursos Gestão e Negócios, especialista em Relações Internacionais, do Centro Universitário IBMR, no RJ, Luciana Mello, cita quatro razões para você olhar o evento, ainda que apenas pelos noticiários, com mais atenção:
1 – Preciso de um ar-condicionado - “O aumento da temperatura no planeta, enchentes, os eventos extremos, tudo isso impacta diretamente a vida das pessoas. O calor excessivo faz a gente se sentir mal. E pode, por exemplo, nos levar a ter que investir, em aparelhos para refrigerar, para refrescar e isso aumenta a conta de luz”, descreve sobre as consequências de um dos assuntos da COP 30.
2 - Trabalho, emprego, economia local - Outro ponto em discussão é a criação de empregos ligados à chamada indústria “mais verde” e à cadeia produtiva que ela envolve. “Podemos ter oportunidades em áreas como reciclagem, agricultura sustentável, entre outras. As pessoas podem, inclusive, começar a pensar em ocupações profissionais que tenham a ver com essa cadeia produtiva mais verde”, cita. 3 – A passagem de ônibus e a conta de luz podem ficar mais baratas? - “A transição energética é um assunto muito discutido e, também, muito controverso, porque nós somos um país ainda em desenvolvimento. Naturalmente, os países mais desenvolvidos já estão em estágios mais avançados nessa questão. Ainda assim, o investimento em fontes de energia mais limpas nesse processo de transição pode, a médio e longo prazo, contribuir para baratear o preço do combustível, da conta de energia elétrica, da passagem de ônibus e de outros”, reflete a professora. Ela frisa, porém, que esses efeitos não são imediatos, o que reforça a importância de que essas decisões sejam tomadas o quanto antes. “O preço do petróleo pode cair, mas isso não se reflete imediatamente no valor pago pelo consumidor — o preço na bomba não reduz de um dia para o outro. E, nesse caso, nem estamos falando apenas do petróleo, mas de uma transição energética mais ampla. De toda forma, o impacto para a população leva tempo para aparecer”.
4 – Comida pode ficar mais barata ou cara? - As mudanças climáticas e esses eventos extremos, além de tudo, também afetam a produção de alimentos. “Então você é surpreendido por enchentes, por queimadas, que destroem as safras e fazem os alimentos aumentarem de preço. Isso não é bom para ninguém e afeta qualquer pessoa, qualquer um de nós. Claro que quem tem menos recursos vai sentir esse impacto de forma mais intensa no seu orçamento”, alerta a professora do IBMR. A instituição integra o Ecossistema Ânima de ensino no Rio de Janeiro.
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