Às vésperas da COP30, relatório da UNFCCC revela que aumentou o número de países que colocaram crianças e jovens em seus compromissos nacionais de enfrentamento da mudança do clima

 


Brasília, 29 de outubro de 2025 – À medida que líderes globais se preparam para a 30ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), novo relatório divulgado nesta terça-feira, 28, pela UNFCCC, revela que 88% dos países que já enviaram suas NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas) incluíram compromissos específicos com os direitos de crianças e jovens. Nas NDCs anteriores, eram apenas 61%.

 


As NDCs são documentos que estabelecem o compromisso de cada país de reduzir as emissões líquidas de gases de efeitos estufa. Segundo o relatório, dos 64 países que enviaram suas NDCs atuais, 56 (88%) incluíram informações sobre como crianças e jovens foram ou serão considerados no desenvolvimento e na implementação delas, com maior reconhecimento de seu papel como agentes de mudança.

 


Dentre esses países, 79% colocaram como prioridade engajar e empoderar crianças e jovens a contribuírem para a ação climática; 77% propuseram medidas específicas para envolvê-los na implementação de políticas e ações climáticas (por exemplo, atividades de sensibilização e capacitação, apoio a iniciativas e inovações lideradas por jovens, processos de tomada de decisão inclusivos para crianças e jovens, e coleta de dados desagregados por faixa etária em relação às mudanças climáticas); e 57% mencionaram explicitamente que envolveram crianças e jovens na elaboração de suas NDCs.

 


“Ter mais países considerando os direitos de meninos e meninas nesses documentos é um avanço importante, já que as NDCs são o principal mecanismo criado pelo Acordo de Paris para cumprir o objetivo de limitar o aumento da temperatura causado pelas mudanças climáticas”, explica Danilo Moura, especialista em Clima e Meio Ambiente do UNICEF no Brasil. “Para além do tema da infância e juventude, o relatório da UNFCCC mostra que os países estão indo na direção correta com relação ao enfrentamento das mudanças climáticas, mas que ainda é preciso acelerar a implementação e aumentar a ajuda aos países mais pobres”, complementa.

 


Crianças, adolescentes e mudanças climáticas

 


Segundo dados do UNICEF, quase 1 bilhão de crianças em todo o mundo vivem em áreas com risco extremamente alto de eventos climáticos extremos, como secas, enchentes, tempestades e ondas de calor. Só no Brasil, são 40 milhões de crianças e adolescentes (60% do total) expostos a mais de um risco climático ou ambiental.

 


Esses impactos já são sentidos no cotidiano. Em 2024, crises climáticas interromperam os estudos de quase 250 milhões de crianças e adolescentes em 85 países. No Brasil, pelo menos 1,17 milhão de meninas e meninos ficaram sem aula no mesmo período, em decorrência de enchentes e secas. Além disso, 33 milhões de crianças no país enfrentam hoje o dobro de dias extremamente quentes por ano em comparação a seus avós.

 


A crise climática é, também, uma crise dos direitos das crianças. Por isso, não há justiça climática sem garantir que meninas e meninos sejam ouvidos e reconhecidos como agentes de mudança.

 


“Crianças e adolescentes têm vulnerabilidades e necessidades específicas; os impactos de ondas de calor, enchentes, secas, fumaça e outros eventos climáticos extremos recaem sobre eles de forma desproporcional. Mesmo assim, ainda estão entre os menos ouvidos e incluídos nas decisões que moldam o futuro do planeta. É fundamental que, nos espaços de debate e decisão multilateral, como a COP30, meninos e meninas sejam considerados com absoluta prioridade”, destaca Danilo Moura.

 


Os riscos da mudança do clima à saúde de crianças e adolescentes incluem desde maior risco de estresse térmico quando expostos a temperaturas extremas até a maior vulnerabilidade a doenças infecciosas que se espalham com temperaturas elevadas, como malária e dengue, os impactos da poluição do ar, da água e do solo e o risco aumentado para a segurança alimentar e hídrica de comunidades mais vulnerabilizadas.

 


Durante a COP30, o UNICEF reforçará o apelo para que as políticas e o financiamento climático considerem o impacto da crise climática sobre a infância e a adolescência, incluindo educação climática nas escolas, proteção social para famílias afetadas por desastres, participação efetiva de crianças, adolescentes e jovens nos espaços de decisão, e investimentos em adaptação que protejam serviços essenciais, como saúde, nutrição e saneamento.

 


Participação da juventude

 


Ao longo de 2025, em seis eventos promovidos pela Secretaria Nacional de Juventude, com o apoio do UNICEF, adolescentes e jovens dos biomas brasileiros se reuniram para debater soluções e propostas rumo à COP30. Os encontros reforçaram o protagonismo da juventude na agenda climática e a importância de garantir espaços de escuta e participação nos processos de decisão.

 


Representando o bioma Cerrado, Ana Luíza Barfknecht, de 17 anos, fez um apelo direto aos líderes globais. “Meu pedido para os tomadores de decisão na COP30 é que a juventude tenha cada vez mais espaço de fala. Que olhem para nós como o futuro e reconheçam que somos capazes de propor soluções sustentáveis e igualitárias, especialmente para as comunidades mais marginalizadas e precárias”, disse ela.

 


Moradora da Caatinga, Ana Clara Barbosa, de 15 anos, conta que já sentiu no seu dia a dia os efeitos da mudança do clima. “Onde eu moro, a gente está sendo bastante afetado. Na minha cidade faz muito calor, mas na escola é ainda pior. Eu inclusive já tive crise de asma na sala de aula por causa do clima”, conta. A adolescente vive em Serra Talhada (PE), onde se juntou com outros adolescentes para realizar uma “COP da Caatinga”, na qual debateram sobre os efeitos das mudanças climáticas na região e quais seriam possíveis soluções.


Para a COP30, o UNICEF tem atuado em parceria com a Presidência brasileira da Conferência, com a sociedade civil e com outros parceiros.


Atendimento à imprensa

 


Paula Bueno – pbueno@tramaweb.com.br – 11 96407-7538


João Vitor Zotini – jzotini@tramaweb.com.br – 11 99813-0151


Sobre o UNICEF 

 


O UNICEF, Fundo das Nações Unidas para a Infância, trabalha para proteger os direitos de cada criança e adolescente, em todos os lugares, especialmente os mais vulneráveis, nos locais mais remotos. Em mais de 190 países e territórios, fazemos o que for preciso para ajudar crianças e adolescentes a sobreviver, prosperar e alcançar seu pleno potencial. Em 2025, o UNICEF comemora 75 anos no Brasil. O trabalho do UNICEF é financiado inteiramente por contribuições voluntárias. Acompanhe nossas ações no Facebook, Twitter, Instagram, YouTube e LinkedIn.