- Obra apresenta projetos de sustentabilidade na região que combinam restauração florestal, proteção de nascentes, manejo sustentável da pecuária e inclusão do produtor rural.
Outubro de 2025 – No Vale do Paraíba paulista, a Mata Atlântica, um dos biomas mais ameaçados globalmente, está em processo de recuperação. Essa retomada não é natural, mas sim fruto de um esforço conjunto e crescente entre empresas, ONGs, comunidades e governos, que veem no reflorestamento a chave para restaurar nascentes e salvaguardar a biodiversidade.
As transformações pelas quais a região passou são o foco principal do livro “Vale do Paraíba: natureza, cultura e sustentabilidade”. A publicação contou com patrocínio da BASF, apoio da Fundação Eco+ e realização da Horizonte Educação e Comunicação por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Os textos são do jornalista Luís Patriani, fotografias de Leandro Cagiano e coordenação editorial de Peter Milko.
A obra mergulha no território do Vale para mostrar como a paisagem, antes marcada por séculos de degradação, desde os tempos dos bandeirantes e do ciclo do café, está sendo redesenhada por meio de projetos consistentes de restauração da vegetação nativa, conectividade entre fragmentos florestais e valorização das nascentes e bacias hidrográficas.
Depoimentos de especialistas, gestores e moradores locais envolvidos em várias iniciativas, que vão muito além do plantio de árvores, dão vida à publicação, mostrando que ações integradas de educação ambiental, geração de renda, segurança hídrica, controle da erosão, recuperação da fauna e melhoria da qualidade de vida em municípios como Guaratinguetá, Jacareí, Cunha, Pindamonhangaba e Paraibuna trazem resultados positivos e podem servir de inspiração para outras regiões.
Entre os destaques está o Programa Mata Viva, que completou 40 anos recentemente e se consolida como uma das experiências mais relevantes de restauração ecológica corporativa no país. Implementado em Guaratinguetá pela BASF – passando a contar anos depois com o apoio da Fundação Eco+ na gestão -, o programa conseguiu transformar uma área fortemente degradada em uma floresta contínua, considerada hoje a maior porção de Mata Atlântica em área urbana do município, equivalente a mais de 230 campos de futebol. Ao longo desses 40 anos, o Programa plantou mais de 1,3 milhão de árvores nativas e se expandiu para outras fábricas da companhia em São Bernardo do Campo/SP e Jacareí/SP.
“A iniciativa teve início de forma discreta, com foco na recuperação da vegetação ciliar nas margens do Rio Paraíba do Sul, mas, com o tempo, fomos expandindo e continuando com os plantios para garantir a perpetuidade da floresta”, afirma Mariana Sigrist, consultora de proteção ambiental da BASF.
No Vale do Paraíba, diversos projetos ambientais reforçam a ideia de que a árvore em pé vale mais do que a árvore derrubada. O Sindicato Rural de Cruzeiro, criado em 1975, tornou-se referência ao engajar pequenos e médios produtores rurais em iniciativas de restauração. Com dois programas ativos, já recuperou mais de 700 hectares, alinhando-se ao plano do Comitê de Bacias do Rio Paraíba do Sul. A atuação do sindicato é diferencial porque combina representatividade de produtores e parcerias estratégicas com WWF, TNC e setor privado, conquistando confiança junto aos agricultores. O Programa Protetor da Mantiqueira (2021) se destaca pelo saneamento rural, construção de fossas sépticas, capacitação e geração de renda, como nos pomares de sementes e no cultivo de frutas nativas da Mata Atlântica.
Produtores como Francisco José Pinto Nunes, que substituiu eucaliptos por espécies nativas, e Marcos Aurélio Jorge, que adotou manejo rotacionado de pastagens, exemplificam os ganhos ambientais: recuperação de nascentes, maior infiltração da água, melhoria do solo e aumento de produtividade pecuária em até 30%.
O Programa Produtor Sustentável (2023) amplia essa lógica, oferecendo regularização ambiental, assistência técnica, apoio zootécnico e gestão econômica das propriedades. Parcerias com Cati, Senar, Faesp e cooperativas fortalecem a rede de sustentabilidade.
Outro marco é o Projeto Conexão Mata Atlântica (2010–2024), criado após enchentes devastadoras. Focado em pequenos e médios produtores, adotou o Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), incentivando práticas como piqueteamento, proteção de nascentes e implantação de agroflorestas. Os resultados incluem recuperação de solos compactados, aumento do volume e da qualidade da água e ganhos na pecuária sustentável. O projeto transformou propriedades: animais mais saudáveis, engorda acelerada, melhoria do microclima e redução da erosão. Apesar dos avanços, foi descontinuado em 2024, deixando alerta para a necessidade de políticas públicas permanentes.
A SOS Mata Atlântica, por sua vez, consolidou o Vale do Paraíba como vitrine da restauração. Com o programa Florestas do Futuro, em parceria com a Basílica de Aparecida, reflorestou áreas degradadas com milhões de mudas nativas, criando refúgios ecológicos e ampliando a biodiversidade em regiões de grande visibilidade turística e religiosa.
Essas iniciativas mostram que a sustentabilidade no Vale do Paraíba combina restauração florestal, proteção de nascentes, manejo sustentável da pecuária e inclusão do produtor rural. Mais que reflorestamento, trata-se de um processo de transformação cultural, em que meio ambiente e produção caminham juntos, garantindo serviços ecossistêmicos essenciais para o futuro da região.
Além destes aspectos, o livro aborda a história e a cultura da região – como a trajetória dos bandeirantes, o ciclo do café, a arquitetura colonial, as festas religiosas e a obra de personalidades como Monteiro Lobato, Mazzaropi e Elpídio dos Santos.
Em linguagem acessível, a publicação também conta com recursos multimídia como vídeos que podem ser acessados por QR Codes, ideais para educadores, gestores públicos, empresas e lideranças sociais que desejam inspirar e replicar boas práticas de restauração ecológica em outros territórios.
“Este livro não é um inventário, é um chamado. Ele mostra que restaurar não é mais uma ideia isolada – é um movimento que cresce, conecta pessoas, fortalece comunidades e redefine o futuro das regiões que dependem da água, do clima e da biodiversidade para sobreviver”, conclui o autor.
Exemplares da obra serão distribuídos gratuitamente para as escolas públicas das cidades de Aparecida, Guaratinguetá, Lorena, Jacareí, Pindamonhangaba, Campos do Jordão, Santo Antônio do Pinhal, São José dos Campos, Monteiro Lobato, São Luiz do Paraitinga, Taubaté, Paraibuna e Caçapava.
A versão digital interativa do livro também pode ser acessada gratuitamente pelo site www.projetovaledoparaiba.com.br. Nele é possível explorar todo o conteúdo de forma lúdica e até imprimir e/ou baixar o conteúdo em PDF.
Onde acessar
“Vale do Paraíba: natureza, cultura e sustentabilidade” está disponível gratuitamente para leitura digital no site do projeto:
🔗 www.projetovaledoparaiba.com.br
Título: Vale do Paraíba: natureza, cultura e sustentabilidade
Autoria: Luís Fernando Patriani (texto) | Leandro Cagiano (fotos)
Editora: Horizonte Educação e Comunicação
Formato: Livro físico + versão digital gratuita com QR Codes interativos
Tema central: A restauração da Mata Atlântica no Vale do Paraíba paulista como estratégia ambiental, social e cultural.
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