Mais de R$ 2,6 bilhões serão investidos na fabricação de seis navios no Estaleiro Enseada do Paraguaçu. Anúncios nas áreas de educação, mobilidade e setor automotivo também fizeram parte das agendas

 

A retomada dos investimentos na indústria naval brasileira — garantindo maior autonomia produtiva, geração de emprego, renda e desenvolvimento — foi celebrada nesta quinta-feira (9), durante visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Maragogipe (BA). A Petrobras anunciou mais de R$ 2,6 bilhões em projetos que irão resgatar importantes ativos na Bahia.

 

Serão construídas seis embarcações no Estaleiro Enseada do Paraguaçu, especializadas em atividades de controle de vazamentos em alto-mar, gerando cerca de 5,4 mil empregos diretos e indiretos. O prazo estimado para a conclusão é de quatro anos. As embarcações terão pelo menos 40% de conteúdo local e contarão com motores mais sustentáveis, capazes de reduzir em até 25% as emissões de gás carbônico.

 

Ao elogiar os aportes da Petrobras, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, destacou o simbolismo dos anúncios após um período de desmonte da capacidade produtiva do país. “Sou testemunha da declaração do presidente Lula em janeiro de 2023: é inconcebível que um país continental como o Brasil, com uma costa desse tamanho e com tantos rios navegáveis, não tenha uma indústria naval forte. E nós vamos retomar a indústria naval brasileira. E aqui estamos, gerando milhares e milhares de empregos para quem sonha em ter a sua profissão de volta”, declarou.

 

O presidente Lula reforçou a importância dos investimentos públicos como instrumento de inclusão social, geração de empregos e desenvolvimento. “Nós estamos realizando um sonho, o de retomar os investimentos na indústria naval. A Petrobras é mais que uma empresa de petróleo: é uma empresa de energia, e ainda tem muito o que dar ao povo brasileiro”, afirmou.

 

Fábricas de Fertilizantes

 

Outro importante projeto que será retomado envolve as Fábricas de Fertilizantes Nitrogenados da Bahia e de Sergipe, que receberão R$ 52 milhões para produzir, cada uma, pelo menos 1,3 mil toneladas diárias de amônia e ureia. A operação deve ser iniciada até o fim do ano. Juntas, as duas Fafens reabertas representarão 12% do mercado nacional de ureia.

 

A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, destacou os impactos positivos da reativação. “Com as duas Fafens e a Ansa [Fábrica de Fertilizantes Araucária Nitrogenados, localizada no Paraná] produzindo em plena carga, seremos capazes de fornecer 20% de todo o fertilizante nitrogenado que o Brasil consome e que hoje é importado.”

 

Durante o evento, a Petrobras também assinou um protocolo de intenções para an eventual utilização do Canteiro de Obras de São Roque do Paraguaçu (BA) no descomissionamento de plataformas flutuantes de produção de petróleo e gás.

 

Educação e Mobilidade

 

A cerimônia contou ainda com anúncios relevantes nas áreas de educação, saneamento básico e mobilidade urbana.

O Governo da Bahia anunciou a doação de um terreno em Santo Amaro (BA) para a construção do novo prédio da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB).

 

Também foram assinadas ordens de serviço, no valor total de R$ 33,2 milhões, para a construção de duas creches e três escolas em tempo integral em cinco municípios baianos.

 

Além disso, foram firmados dois contratos de financiamento entre a Caixa Econômica Federal, o Governo da Bahia e o município de Feira de Santana.

 

O primeiro, no valor de R$ 200 milhões, destina-se a ações de saneamento e infraestrutura urbana.

 

O segundo, com o governo estadual, prevê a aquisição de 10 novos trens para o sistema metroviário de Salvador e Lauro de Freitas, no valor de R$ 648,4 milhões, como parte da carteira de projetos do Novo PAC.

 

BYD

 

Mais cedo, as autoridades participaram da inauguração da fábrica da BYD Brasil em Camaçari (BA). O empreendimento, com investimentos de R$ 5,5 bilhões da empresa chinesa, foi projetado para ser o maior complexo industrial da BYD fora da Ásia.

 

A nova planta tem capacidade inicial para produzir 150 mil veículos por ano, podendo chegar a 300 mil na segunda etapa. Quando estiver em plena operação, o complexo deverá gerar cerca de 20 mil empregos diretos e indiretos, incluindo funcionários, prestadores de serviço e fornecedores. “Vocês verão que esse povo transformará a fábrica em uma das unidades mais produtivas da BYD. O povo baiano vai agarrar essa oportunidade”, afirmou Rui Costa.

 

Estaleiro Enseada do Paraguaçu

 

Fundado em 2011, o Estaleiro Enseada Indústria Naval está localizado às margens do Rio Paraguaçu, em Maragogipe (BA). O local tem capacidade de processar 100 mil toneladas de aço por ano. Além de ser um complexo industrial e logístico, o estaleiro administra um Terminal de Uso Privado (TUP) com operações de exportação e importação de granéis sólidos (minerais e vegetais) e carga geral. O estaleiro também atua no mercado de energia renovável, com foco na atração de projetos de hidrogênio verde.

 

Mais investimentos para o estaleiro

 

Além dos recursos da Petrobras, o Estaleiro Enseada receberá R$ 611,7 milhões para a construção de 80 balsas mineraleiras, que integrarão a frota de transporte fluvial de minérios pelos rios Paraguai e Paraná, entre Corumbá (MS) e Nueva Palmira (Uruguai), para transbordo a navios de longo curso destinados à exportação.

 

A previsão é de que o projeto seja concluído em 2028. Dos valores investidos, R$ 550,5 milhões são provenientes de empréstimo do Fundo da Marinha Mercante (FMM), via BNDES, e R$ 61,2 milhões correspondem à contrapartida da LHG Mining, empresa responsável pelas obras.

 

Considerando outros cinco estaleiros, serão construídas ao todo 400 balsas mineraleiras e 15 empurradores fluviais.