Para muitas mulheres, especialmente após os 40 anos, viajar sozinha não é apenas um momento de lazer — é um gesto de autocuidado, autonomia e reconexão consigo mesma. A tendência, cada vez mais consolidada no Brasil e no mundo, vem ganhando força como uma forma de romper padrões sociais e buscar experiências transformadoras.
Segundo dados da Condor Ferries, empresa internacional de transporte e turismo, 64% das pessoas que viajam sozinhas no mundo são mulheres, e 45% das brasileiras demonstram interesse em embarcar em uma viagem solo, conforme levantamento da plataforma Statista, divulgado em 2025. Esse número representa um crescimento de 8 pontos percentuais em relação ao ano anterior.
“Fazer as malas e partir sozinha não é um gesto egoísta. É uma forma de se ouvir, se respeitar e se reconhecer. Viajar sozinha é um ato de amor próprio”, explica a especialista em turismo e CEO da Diamond Viagens, Santuza Macedo, que organiza excursões e experiências voltadas para mulheres.
Segundo levantamento do portal Solo Female Travelers Club, entre as principais motivações para mulheres viajarem sozinhas estão: liberdade e flexibilidade (87%), quebra de rotina (83%) e autocuidado e tempo para si (79%).
Para Santuza, esses dados refletem uma mudança profunda no comportamento feminino. “Muitas mulheres passaram a vida cuidando de filhos, da casa, da carreira. Quando se permitem uma viagem solo, estão assumindo o protagonismo da própria história”, afirma.
Crescimento, propósito e tendência global
O solo travel ganha força globalmente — especialmente entre mulheres. Estima-se que 64% de quem viaja mundialmente são mulheres, que também respondem pela maior parte das decisões de viagens em família. Além disso, o turismo liderado por mulheres cresce a olhos vistos: empresas de turismo voltadas exclusivamente para mulheres aumentaram 230% nos últimos anos.
“Viajar sozinha é, muitas vezes, o primeiro momento em que a mulher sente que está no comando absoluto da própria vida. Essa percepção é fortalecedora e se reflete em outras áreas, como carreira, autoestima e relações pessoais”, afirma Santuza Macedo.
Planejar o roteiro, tomar decisões e lidar com imprevistos sem depender de terceiros eleva a autoestima e a confiança. “É comum ouvirmos mulheres dizerem que só se sentiram verdadeiramente no controle da própria vida depois de uma viagem solo”, relata Santuza.
Estudos da Harvard Medical School demonstram que viagens contribuem para a redução do cortisol, o hormônio do estresse, principalmente quando há contato com a natureza e momentos de introspecção.
Imprevistos durante a viagem (como atrasos, mudanças de planos ou dificuldades com o idioma) contribuem para desenvolver flexibilidade emocional, responsabilidade e autonomia.
A ausência de espelhos sociais e cobranças externas favorece um mergulho interior. “É sobre aprender a se escutar e se acolher, redescobrir gostos, hábitos e desejos próprios”, destaca a especialista.
Dicas reais para mulheres que querem se jogar
Com base na experiência com grupos femininos e atendimentos personalizados, Santuza Macedo compartilha algumas orientações para quem quer se lançar em uma viagem solo:
- Escolha destinos que oferecem suporte local: cidades com infraestrutura turística e redes de apoio para mulheres viajantes;
- Planeje com flexibilidade: monte um roteiro, mas permita pausas, mudanças e tempo livre;
- Registre sua jornada: escrever, fotografar e refletir ajudam a internalizar a experiência;
- Conecte-se com outras viajantes: comunidades online e grupos de relatos criam senso de pertencimento e trocas enriquecedoras.
Viajar sozinha é um ato de amor próprio, diz Santuza, capaz de renovar a autoestima, expandir horizontes e despertar a potência interior. “A jornada mais transformadora começa quando você decide se dar tempo e espaço no mundo, fora das agendas alheias,” conclui.