Em plenária do BRICS sobre meio ambiente, COP 30 e saúde global, presidente afirma que não há direito à saúde sem investimento em saneamento, segurança alimentar, educação, moradia, trabalho e renda

 

Lula sobre a mudança do clima: "É inadiável promover a transição justa e planejada para o fim do uso de combustíveis fósseis e para zerar o desmatamento". Foto: Ricardo Stuckert /PR

 

Ao discursar nesta segunda-feira, 7 de julho, na Sessão Plenária “Meio Ambiente, COP30 e Saúde Global” da Cúpula do BRICS, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ressaltou que combater a fome e as desigualdades é essencial no desafio de frear efeitos da mudança do clima e de garantir mais saúde às populações de todo o planeta.
 

Justiça climática é apostar em ações comprometidas com o combate à fome e às desigualdades socioambientais. Apesar de ser um direito humano, bem público e motor de desenvolvimento, a saúde global também é profundamente afetada pela pobreza e pelo unilateralismo”

Luiz Inácio Lula da Silva
Presidente da República
 

» Íntegra do discurso do presidente Lula
 

“Justiça climática é apostar em ações comprometidas com o combate à fome e às desigualdades socioambientais. Apesar de ser um direito humano, bem público e motor de desenvolvimento, a saúde global também é profundamente afetada pela pobreza e pelo unilateralismo”, afirmou.
 

Ao se referir aos desafios climáticos, Lula lembrou que o aquecimento global ocorre em ritmo mais acelerado do que o previsto e que as florestas tropicais estão sendo empurradas para o ponto de não retorno.

“Nosso desafio é alinhar ações para evitar ultrapassar um grau e meio de aumento da temperatura do planeta. Será preciso triplicar energias renováveis e duplicar a eficiência energética. É inadiável promover a transição justa e planejada para o fim do uso de combustíveis fósseis e para zerar o desmatamento. Unidades de contagem de carbono justas e inclusivas podem atrair investimentos produtivos verdes e justos”, reforçou Lula.
 

FLORESTAS TROPICAIS - O presidente também citou o exemplo do Fundo Florestas Tropicais para Sempre, que será lançado na COP 30, em Belém (PA), no mês de novembro. O fundo vai remunerar serviços ecossistêmicos prestados ao planeta. “Ao proteger, conservar, e restaurar territórios, criamos oportunidades para comunidades locais e povos indígenas. Os países em desenvolvimento são os mais impactados por perdas e danos. São também os que menos dispõem de meios para arcar com mitigação e adaptação”.
 

DECLARAÇÃO - O líder brasileiro e anfitrião da Cúpula do BRICS no Rio de Janeiro ressaltou a importância da Declaração sobre Financiamento Climático e o Lançamento da Parceria para a Eliminação das Doenças Socialmente Determinadas, que será publicada nesta segunda. Segundo ele, as iniciativa “propõe superar essas desigualdades sistêmicas com ações voltadas para infraestrutura física e digital e para o fortalecimento de capacidades”.
 

SAÚDE E ESPAÇO FISCAL – Ao analisar o acesso à saúde globalmente, Lula lembrou que existe uma enorme diferença entre como vivem os habitantes dos hemisférios Norte e Sul e destacou que o sucesso do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 3 requer prioridade de investimentos. “Não há direito à saúde sem investimento em saneamento básico, alimentação adequada, educação de qualidade, moradia digna, trabalho e renda. No Brasil e no mundo, a renda, a escolaridade, o gênero, a raça e o local de nascimento determinam quem adoece e quem morre. Implementar o ODS 3 — saúde e bem-estar — requer espaço fiscal”, afirmou Lula.
 

O QUE SÃO - Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), também conhecidos como Objetivos Globais, são um conjunto de 17 objetivos estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2015. Esses objetivos visam erradicar a pobreza, proteger o planeta e garantir que todas as pessoas desfrutem de paz e prosperidade até 2030.
 

RESGATE DA OMS - Lula classificou como urgente a necessidade de que a Organização Mundial da Saúde recupere seu protagonismo como foro legítimo para o enfrentamento às pandemias e na defesa da saúde dos povos. E citou ações do BRICS em temas voltados à saúde, como a consolidação da Rede de Pesquisa de Tuberculose, com o apoio do Novo Banco de Desenvolvimento e da OMS, e a cooperação regulatória em produtos médicos. “São exemplos concretos do quanto já avançamos”.
 

NOVO MODELO – Para o presidente, os países do Sul Global não querem mais ser conhecidos apenas como produtores e exportadores de matérias-primas. “Precisamos acessar e desenvolver tecnologias que permitam participar de todas as etapas das cadeias de valor”.