O programa "Prosa do Vestibular" convida a explorar a diversidade da língua portuguesa
com transporte para estudantes e debates sobre temas sociais e históricos 

 

Parte do corpo docente especializado que conduzirá os encontros, da esquerda para a direita: Elizandra Souza, Fátima Ghazzaoui, Lígia Menna, Luana Chnaiderman, Maria Celeste de Souza, Mariana Angi Roche, Paloma Oliveira e Senhorita Bira


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Casa de Cultura do Parque anuncia a quarta edição do programa gratuito Prosa do vestibular, uma imersão literária que celebra a riqueza e a diversidade da escrita em língua portuguesa, com encontros presenciais semanais, de 30 de agosto a 25 de outubro de 2025, dedicados a obras que marcaram e continuam impactando a literatura. O projeto foi idealizado pelo Instituto de Cultura Contemporânea -- ICCo e conta com o apoio da Secretaria de Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo.
 

Ao longo dos nove encontros do programa, que tem por objetivo o debate de leituras obrigatórias da Fuvest para o ano de 2026, o público é convidado a explorar narrativas que abordam desde a condição feminina no Brasil do século 19, como em "Memórias de Martha" (1899), de Julia Lopes de Almeida, a profundas análises da ditadura militar em "As Meninas" (1973), de Lygia Fagundes Telles.
 

A programação também destaca vozes fundamentais da literatura negra e africana com "Canção para ninar menino grande" (2018), de Conceição Evaristo, e o romance pioneiro "Balada de amor ao vento" (1990), de Paulina Chiziane. Além disso, o programa resgata clássicos como "Caminho de Pedras" (1937), de Rachel de Queiroz, e mergulha na poesia precursora de Narcisa Amália com "Nebulosas" (1872).
 

A dimensão internacional se faz presente com a obra portuguesa "A visão das plantas" (2019), de Djaimilia Pereira de Almeida, e o poético "O Cristo Cigano" (1961), de Sophia de Mello Breyner Andresen.
 

Os encontros serão conduzidos por um corpo docente especializado, incluindo Maria Celeste de Souza, Mariana Angi Roche, Amara Moira, Elizandra Souza, Senhorita Bira, Luana Chnaiderman de Almeida, Lígia Menna, Fátima Ghazzaoui e Paloma Oliveira, prometendo debates enriquecedores e uma jornada inesquecível pelo universo literário.
 

Em atenção às dificuldades de acesso e mobilidade na cidade de São Paulo, a Casa de Cultura do Parque disponibilizará transporte gratuito para escolas parceiras e cursinhos comunitários convidados, facilitando a participação dos alunos nas aulas que ocorrerão na instituição.
 

Os estudantes convidados terão a oportunidade de desfrutar de um dia completo na Casa, com acesso às exposições em cartaz e demais atividades da programação cultural.
 

Os encontros são abertos ao público em geral, sujeito à lotação do espaço. Antes do início das aulas, será oferecido um lanche para todos os participantes. As aulas são gravadas e posteriormente disponibilizadas nas redes sociais da instituição.
 

Confira a programação completa dos encontros

 

Encontro 1 -- 30 de agosto
 

Memórias de Martha (1899), de Julia Lopes de Almeida

Com Maria Celeste de Souza

 

“Memórias de Martha” é uma autobiografia ficcional que acompanha a trajetória da protagonista desde a infância, no fim do século XIX, vivendo em um cortiço carioca e as dificuldades pelas quais passa com sua mãe, viúva, que precisa trabalhar para sustentar a filha. O livro chama atenção para a situação da mulher naquele período e exalta a importância da educação para a conquista de novas oportunidades.
 

Encontro 2 -- 6 de setembro

 

A visão das plantas (2019), de Djaimilia Pereira de Almeida

Com Mariana Angi Roche
 

O livro narra a complexa história do capitão Celestino. Após um passado de brutalidade e violência, o protagonista encontra, no crepúsculo da vida, um amor dedicado pelas plantas de seu jardim. De volta a Portugal, o capitão retorna à casa de sua infância, carregando a consciência pesada pelos seus feitos. Embora a vizinhança evite sua aproximação devido aos seus malfeitos, apenas o padre Alfredo o visita regularmente, na tentativa de levá-lo à confissão. No entanto, o único assunto que verdadeiramente interessa a Celestino é o esplendor de seu roseiral, revelando uma peculiar jornada de redenção e obsessão.
 

Encontro 3 -- 13 de setembro

 

As meninas (1973), de Lygia Fagundes Telles

Com Amara Moira
 

Um dos livros mais aclamados e populares da autora, lançado em 1973, em plena ditadura militar, acompanha a vida de três jovens universitárias em um pensionato de freiras paulistano. Lorena, de família tradicional, explora suas ambições artísticas e literárias enquanto vive um relacionamento proibido. Ana Clara, modelo, oscila entre um noivo rico e um amante traficante. Já Lia milita na esquerda armada e lida com a prisão do namorado. Lygia Fagundes Telles constrói um romance pulsante e polifônico, capturando com maestria o espírito de uma época conturbada e de vertiginosas transformações comportamentais. A obra, considerada de grande coragem por descrever uma sessão de tortura em um período de censura rigorosa, permanece relevante por seu olhar perspicaz sobre a juventude e a sociedade brasileira.
 

Encontro 4 -- 20 de setembro

 

Canção para ninar menino grande (2018), de Conceição Evaristo

Com Elizandra Souza
 

A obra tece um mosaico afetuoso de experiências negras, apresentando um canto que é, ao mesmo tempo, amoroso e dolorido. Através do personagem Fio Jasmim, a autora discute com maestria as complexidades e contradições da masculinidade de homens negros e seus efeitos nas relações com as mulheres negras. O livro é um profundo mergulho na poética da "escrevivência" de Evaristo e um tributo ao amor, sob uma ótica raramente explorada na literatura brasileira.

 

Encontro 5 -- 27 de setembro

 

Caminho de pedras (1937), de Rachel de Queiroz

Com Senhorita Bira
 

O romance mergulha na Fortaleza dos anos 1930, durante a Era Vargas, e narra a história de Roberto, encarregado de recrutar operários para uma célula de esquerda, e Noemi, que busca um novo sentido para a vida. A conexão intelectual entre eles evolui para um caso amoroso, levando Noemi a testar seus limites morais e éticos em meio à luta política e a uma paixão proibida. Considerado o romance mais engajado de Rachel de Queiroz, "Caminho de Pedras" revela um socialismo libertário e as primeiras nuances de um estilo introspectivo e de análises psicológicas marcantes. O livro expõe a força de uma mulher que, mesmo em uma sociedade restritiva, decide seguir seus desejos, tornando-se heroína de sua própria história ao desafiar as convenções de seu tempo em busca de liberdade e autonomia.
 

Encontro 6 -- 4 de outubro
 

O Cristo Cigano (1961), de Sophia de Mello Breyner Andresen

Com Luana Chnaiderman de Almeida
 

Lançado em 1961, “O Cristo Cigano” revela a influência decisiva da poesia de João Cabral de Melo Neto sobre a escrita de Sophia. O livro narra a história de um escultor em busca da imagem perfeita para representar Jesus Cristo morto. A obra é inspirada em uma lenda sevilhana sobre um Cristo cigano, também conhecido como Cristo Cachorro, e explora temas como pobreza, marginalização, e a busca pelo valor humano.

 

Encontro 7 -- 11 de outubro
 

Balada de amor ao vento (1990), de Paulina Chiziane

Com Lígia Menna
 

Trata-se do romance de estreia de Paulina Chiziane e obra pioneira por ser o primeiro publicado por uma mulher em Moçambique. O livro narra a história de Sarnau, que se apaixona intensamente por Mwando em um amor marcado por idas e vindas e o impacto de uma herança conservadora. Em um relato poético e quase espiritual, a autora moçambicana explora os encontros, desencontros, escolhas e renúncias de Sarnau. A narrativa lança luz sobre uma sociedade onde certas tradições afetam diretamente a autonomia e a sobrevivência da mulher, revelando a semente do que Paulina Chiziane viria a aprofundar em sua aclamada obra "Niketche".

 

Encontro 8 -- 12 de outubro
 

Nebulosas (1872), de Narcisa Amália

Com Fátima Ghazzaoui
 

Publicada em 1872, quando a autora tinha apenas 20 anos, a obra se insere no Romantismo brasileiro, reunindo 44 poemas que abordam temas como a natureza, a pátria, a infância, a mulher, a crítica social e a abolição da escravidão. O livro é notável por ser uma das primeiras publicações de poesia escrita por uma mulher no Brasil e por apresentar uma voz feminina forte em um período em que a participação das mulheres na literatura era limitada.
 

Encontro 9 -- 25 de outubro

 

Opúsculo Humanitário (1853), de Nísia Floresta

Com Paloma Oliveira
 

A obra "Opúsculo Humanitário" de autoria da lendária educadora potiguar Nísia Floresta (1810-1885), aborda a reforma educacional no Brasil e o papel central da mulher na sociedade. A edição definitiva, com estabelecimento de texto e notas de Constância Lima Duarte e prefácio de Stella Maris Scatena Franco, revela a crítica de Floresta às heranças coloniais e práticas punitivistas, propondo uma mudança radical para o ensino brasileiro.

 

Sobre as professoras
 

MARIA CELESTE DE SOUZA 

É mestre em Educação e doutoranda na FE-USP, com pesquisa em produção textual e literatura. Atuou na educação básica e como assessora pedagógica. Desde 2015, assessora redes municipais em formação de professores e é coautora de material didático premiado pela UNESCO. Ministra cursos no Museu Lasar Segall e LiteraSampa, e participou de júris como o Prêmio São Paulo de Literatura.
 

LUANA CHNAIDERMAN DE ALMEIDA 

Nascida em São Paulo, é formada e mestre em Letras pela USP. É professora de Português e ministra cursos de escrita criativa na Escrevedeira. Como escritora, publicou "Minhocas" (2014), "Fuga" (2017) e "Os animais domésticos e outras receitas" (2018), este último finalista do Prêmio Jabuti em 2019.
 

FÁTIMA GHAZZAOUI 

Possui graduação em Ciências Sociais (PUC-SP) e em Letras (USP), onde também concluiu mestrado. Desde 2016, é doutoranda na FFLCH-USP, pesquisando a lírica drummondiana da década de 60. Atualmente, atua como professora na Rede Municipal de Ensino de São Paulo, dedicando-se à educação pública.
 

MARIANA ANGI ROCHE 

Professora de Língua Portuguesa no Ensino Fundamental 2 há mais de uma década, é formada em Letras pela FFLCH-USP. Seus estudos e interesses se voltam à literatura, especialmente à relação dos jovens com ela, tema que norteia grande parte de seu trabalho em sala de aula e sua paixão pela educação.
 

LÍGIA MENNA 

Doutora e mestre em Letras pela FFLCH-USP, com pós-doutorado na mesma área. É docente dos cursos de Letras e Pós-Graduação da Universidade Paulista (UNIP) e colaboradora da Pós-Graduação em Letras da FFLCH-USP. Coordenou cursos na UNIP por 19 anos e é coautora de coleção didática para o Ensino Fundamental II.
 

AMARA MOIRA

Escritora, professora de literatura e ativista brasileira. Seu doutorado em teoria literária (Unicamp) discute as indeterminações de sentido em Ulysses, de James Joyce, um divisor de águas em sua vida. É autora do livro “E se eu fosse puta” (2016) e coordenadora do Museu da Diversidade Sexual (MDS) em São Paulo.
 

SENHORITA BIRA 

Estuda políticas públicas, ciências humanas e pedagogia na Universidade Federal do ABC. Desde 2020, produz vídeos com análises semióticas e sociológicas de figuras públicas e empresas no canal "O Algoritmo da Imagem" no YouTube, abordando temas relevantes da sociedade contemporânea.
 

ELIZANDRA SOUZA 

Escritora, poeta, jornalista e integrante do Sarau das Pretas, Elizandra Souza é ativista cultural há 20 anos. É autora de "Quem pode acalmar esse redemoinho de ser mulher preta?" (2021) e "Filha do fogo" (2020), entre outros. É editora das publicações do Coletivo Mjiba e coorganizadora da "Antologia Narrativas Pretas -- Sarau das Pretas".
 

PALOMA OLIVEIRA 

Curiosa e atenta às produções culturais e artísticas, Paloma Oliveira iniciou sua trajetória em Letras na UFMG, dedicando-se à educação e ao empoderamento da juventude. Sua experiência profissional em cursinhos populares e escolas reflete uma busca contínua por abordagens pedagógicas diversas, que reconheçam a vivência dos estudantes como ponto de partida para o aprendizado.
 

Sobre a Casa de Cultura do Parque
 

A Casa de Cultura do Parque, localizada em frente ao Parque Villa-Lobos, no Alto de Pinheiros, em São Paulo, é um espaço plural que busca estimular reflexões sobre a agenda contemporânea, promovendo uma gama de atividades culturais e educativas que incluem exposições de arte, shows, palestras, cursos e oficinas. A Casa de Cultura do Parque tem como parceiro institucional o Instituto de Cultura Contemporânea -- ICCo, uma OSCIP sem fins lucrativos. As duas iniciativas, de natureza socioeducativa, compartilham a mesma missão de ampliar a compreensão e a apreciação da arte e do conhecimento.
 

Serviço
 

Prosa do vestibular - 4ª Edição

 

De 30 de agosto a 25 de outubro de 2025

Sábados, das 10h às 12h

Casa de Cultura do Parque

Av. Prof. Fonseca Rodrigues, 1300 - Alto de Pinheiros

São Paulo - SP, 05461-010

Quarta a domingo, das 11h às 18h

11 3811 9264

ccparque.com.br

 

Toda a programação é gratuita, com classificação indicativa livre, aberta a todos os públicos interessados e está sujeita à lotação do espaço.