A Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) considera que a atual taxa Selic, em 14,25% ao ano — o maior patamar desde 2016 — já impõe sérias restrições à atividade produtiva no País. Qualquer novo aumento, como parte do mercado projeta para a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que se encerra nesta quarta-feira (7/5), seria um erro que aprofundaria o estrangulamento da indústria brasileira.

Os juros reais, hoje próximos de 10% ao ano, representam uma distorção sem paralelo entre as grandes economias. Com esse custo de capital, torna-se virtualmente impossível manter ou ampliar investimentos produtivos. Nenhum setor industrial consegue sustentar-se, inovar, gerar empregos de qualidade e competir — interna ou externamente — diante de tamanha penalização financeira.

A Abit reforça que a política monetária já se encontra suficientemente restritiva para conduzir a inflação ao centro da meta, especialmente em um ambiente global adverso, com tarifas de importação crescentes nos Estados Unidos e volatilidade nos preços do petróleo e de outras commodities. Persistir com altas adicionais de juros significará sufocar ainda mais um setor que é estratégico para o desenvolvimento econômico e social do Brasil.

Com a Selic nas alturas, o País segue distante do nível mínimo de investimento necessário para uma trajetória de crescimento sustentado — algo entre 24% e 25% do PIB, contra os atuais 16% a 17%. A indústria nacional, já pressionada por custos elevados, concorrência desigual e perda de competitividade, simplesmente não sobrevive nesse cenário.

Caso o Copom opte por um novo aumento, a Abit defende que este seja, sem margem de dúvida, o último movimento nesse sentido. É urgente promover uma atuação coordenada entre as políticas fiscal e monetária, com foco em estabilidade, previsibilidade e retomada do investimento produtivo, elementos essenciais para a reindustrialização, a geração de empregos e a inclusão social.

Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit)