Iniciativa tem como objetivo promover a digitalização e a inovação da indústria, posicionando os municípios participantes como referências nacionais em Indústria 4.0 e em ecossistemas de economia criativa
A Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) investirá R$ 3,6 milhões para apoiar a transformação digital de indústrias nos municípios de Niterói, Maricá e Itaboraí, no estado do Rio de Janeiro. A iniciativa, oficializada nesta quinta-feira (15/05) com a assinatura de termos de cooperação técnica, marcou a adesão das prefeituras locais ao projeto estratégico, desenvolvido em parceria com a Universidade Federal Fluminense (UFF), para promover a adoção de tecnologias da Indústria 4.0, gerar empregos qualificados e ampliar a competitividade regional.
A ação integra o Projeto Estratégia de Ampliação da Indústria 4.0, fruto de convênio já firmado entre a ABDI, a UFF e a Fundação Euclides da Cunha (FEC), no ano passado, para fomentar o diagnóstico de maturidade digital de empresas e da indústria criativa da região Leste Fluminense.
Durante o evento, realizado em Niterói, o presidente da ABDI, Ricardo Cappelli, ressaltou a importância da retomada da política industrial no país com o lançamento da Nova Indústria Brasil (NIB).
“O Brasil ficou sete, oito anos sem política industrial. Agora, conseguimos retomar a política industrial com números expressivos. O PIB brasileiro cresceu 3,4% no ano passado, e esse crescimento foi puxado pela indústria. A indústria de transformação cresceu 3,8%, e isso não se via no Brasil há muito tempo”, afirmou.
Para Cappelli, o próximo desafio é aproximar ainda mais o conhecimento das universidades no processo de transformação produtiva. “Temos um desafio de inserir a inteligência da universidade nesse processo de fortalecimento da indústria, do setor produtivo, dialogando com os territórios e o desenvolvimento local e regional. A nova indústria não é mais chaminé e fumaça. Ela é inovadora, sustentável, tecnológica — e a universidade pode ajudar muito os municípios a darem saltos de desenvolvimento”, disse.
Economia criativa e inovação no desenvolvimento regional
O vice-prefeito de Maricá, João Maurício de Freitas, ressaltou o avanço das parcerias com instituições públicas de ensino e a importância do planejamento conjunto para o desenvolvimento da nova economia na região.
“Estamos avançando bastante numa série de parcerias com as universidades públicas. Esse plano estratégico vai se somar a várias ações que a prefeitura já vem desenvolvendo, especialmente porque nossa região ainda é muito dependente dos valores do petróleo”, afirmou.
Segundo ele, o plano também será fundamental para orientar a chegada de novas empresas ao parque tecnológico que está sendo construído no município. “O leste fluminense ganha muito com essa iniciativa. Niterói, Maricá e Itaboraí são cidades irmãs, que se comunicam diariamente, e esse planejamento estratégico será um instrumento valioso para o desenvolvimento econômico, social e cada vez mais criativo, que é o desafio desse nosso tempo”, concluiu.
Para o secretário de Economia Criativa de Niterói, André Diniz, pensar em conjunto é essencial para garantir o futuro econômico das cidades diante da limitação das receitas vindas do petróleo.
“A junção desse projeto, de pensarmos em conjunto, é fundamental. Precisamos pensar a região como um todo. Não podemos depender o tempo inteiro dessa matriz energética, porque ela vai findar algum dia”, alertou.
Segundo o secretário, Niterói tem entregas relevantes no setor criativo e muitas outras em desenvolvimento. “Vamos precisar de muitas parcerias com o Governo Federal. Niterói é uma cidade aberta às parcerias federativas”, concluiu.
A professora Mônica Maria Guimarães, da Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação da Universidade Federal Fluminense (UFF), destacou a importância do acordo como um momento estratégico para o fortalecimento da relação entre a universidade, o poder público e o setor produtivo. “É um acordo para toda a universidade. Nós não produzimos apenas ciência e tecnologia, mas também pesquisa e desenvolvimento. A ABDI está representando aqui o setor produtivo da indústria”, disse. Para a professora, o momento marca uma oportunidade de ampliar o impacto da universidade na sociedade.
Ampliação da Indústria 4.0
Como parte do convênio, a ABDI fará o diagnóstico situacional das indústrias dos três municípios. Na prática, as empresas receberão diagnóstico de maturidade digital, identificando capacidades e potencialidades para se adaptarem às tecnologias 4.0, de forma a melhorar seus processos, produtos e serviços.
O aporte financeiro da Agência possibilitará, ainda, a execução de atividades, que incluem pesquisa, capacitações e ações coordenadas para promover a adoção de tecnologias e promover a cooperação entre os diferentes atores do ecossistema de inovação.
A adesão dos municípios ao projeto fortalecerá a implementação de uma base de cooperação mútua para a execução de atividades de pesquisa e diagnóstico relacionadas à economia solidária, circular e cooperativismo nas três cidades. A previsão é que o trabalho seja realizado em dois anos e os resultados sejam utilizados como metodologia para aplicação da experiência em outros municípios do país.
Sobre a ABDI
A ABDI formula e executa ações que contribuem para o desenvolvimento do setor produtivo nacional. Sua missão é promover a transformação digital dos negócios, por meio do estímulo à adoção e à difusão de tecnologias, a novos modelos de negócios e à política de neoindustrialização, com atenção especial à economia sustentável e à indústria verde.
A Agência atua na interface entre governo e empresas para qualificar políticas públicas e ações estratégicas voltadas ao aumento da competitividade e da produtividade da economia brasileira frente aos desafios da era digital.