Quando chove no Rio de Janeiro, alguns municípios e bairros já sabem que terão inundações. No entanto, a incidência dos eventos climáticos extremos e seus impactos não são iguais: os bairros de menor renda sofrem mais.
Segundo o Mapa da Desigualdade 2023, elaborado pela Casa Fluminense, mais de 2 milhões de pessoas foram afetadas por eventos climáticos decorrentes das fortes chuvas nos anos de 2021 e 2022 no estado do Rio de Janeiro, e cerca de 48 mil residências foram danificadas ou destruídas, resultando em prejuízos significativos. Estima-se que os danos em infraestruturas públicas e habitações tenham totalizado 487 milhões de reais em decorrência de alagamentos, inundações e deslizamentos.
Neste sentido, o Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS) e parceiros lançaram a Bússola 2024, um guia com propostas de políticas públicas que promovem a construção de cidades mais resilientes. Entre os cinco eixos temáticos está o “Clima, Cidades e Comunidades Sustentáveis e Resilientes”, que reforça a necessidade de políticas de adaptação às mudanças climáticas que estejam associadas à justiça social.
Entre as propostas da Bússola está a adaptação de políticas públicas climáticas para que sejam justas e inclusivas, priorizando a participação ativa das comunidades mais vulnerabilizadas, por meio da criação ou alteração de conselhos locais de adaptação climática com representação significativa de comunidades locais, como quilombos, aldeias, assentamentos, favelas e outros grupos vulnerabilizados, garantindo que suas vozes e necessidades sejam ouvidas.
“A coleta de dados racializados ajuda a entender melhor como as mudanças climáticas afetam de forma diferente os grupos sociais. Assim, os planos de adaptação não reproduzem as desigualdades. Uma ideia é adotar a justiça climática como eixo transversal nos planos”, explica Sylvia Bomtempo, analista de políticas públicas do IDS.
A proposta da Bússola é que candidatos possam se comprometer com uma agenda de adaptação climática justa. “Juntamente com a sociedade civil e especialistas, mapeamos os desafios ambientais do Brasil e trouxemos ideias factíveis de como os municípios poderiam agir. Para os candidatos, basta aderir à Bússola e promover durante o seu mandato, ações convergentes com as propostas do documento”, diz Bomtempo.
Sobre o IDS
O Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS) é uma organização dedicada à promoção da democracia participativa, à sustentabilidade e à justiça social. Por meio de projetos, pesquisas e iniciativas inovadoras, o IDS busca contribuir para o desenvolvimento de políticas públicas mais eficientes e inclusivas.