O Presidente da FCDL e economista, Fabiano Gonçalves, discutiu o aumento exponencial das casas de apostas no Brasil. Ele comparou o vício em apostas ao vício em drogas, destacando que a acessibilidade dessas plataformas pode levar a uma dependência perigosa. “Estamos vendo um número crescente de pessoas que não conseguem mais se desligar desse ciclo de apostas. É um problema que afeta não só o indivíduo, mas também sua família e seu ambiente de trabalho”, afirmou.
O Presidente da CDL, Luiz Vieira reforçou a importância de conscientizar a população sobre os riscos associados a essas práticas. “Precisamos de políticas públicas que protejam o cidadão e o mercado de trabalho”, disse Vieira. Segundo ele, o crescimento descontrolado dessas casas, muitas inclusive operando de forma irregular, impactam negativamente na economia. “Estamos vendo cada vez mais empresas que perdem competitividade, enquanto esses sites de apostas expandem seus negócios sem regulamentação”, completou.
Já a terapeuta Patrícia Assed, trouxe um olhar clínico sobre o impacto dos vícios em apostas, especialmente em jogos online. Segundo ela, as classes C, D e E são as mais vulneráveis, uma vez que, na busca por um retorno financeiro rápido, acabam comprometendo até o sustento básico. “O problema é que essas pessoas acreditam que vão sair da crise com essas apostas, mas acabam em uma situação ainda pior”, alertou Assed. Ela foi enfática ao afirmar que “aposta online não é investimento”.
A terapeuta também falou de sinais que podem ser preocupantes na saúde mental de pessoas que apostam, como a mudança de humor, afastamento social, ansiedade e depressão , além da queda do desempenho profissional e acadêmico. A especialista reforça que a influência da publicidade de plataformas de apostas, especialmente no esporte, citando o crescente número de clubes brasileiros e europeus que estampam patrocinadores de Bets em seus uniformes. Essa prática, segundo ela, estimula ainda mais o envolvimento com as apostas, especialmente entre os jovens. Ela também usou como referência o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar), que em 2023 lançou o “Anexo X”, um conjunto de diretrizes para autorregular as publicidades de apostas, com o objetivo de garantir maior transparência e veracidade nas campanhas publicitárias.
A discussão deixou claro que o Brasil enfrenta hoje um desafio complexo com a crescente popularidade dos jogos de aposta. Além da conscientização, Fabiano Gonçalves e Luiz Vieira defenderam a necessidade de se ter um representante do setor empresarial em Brasília que possa coibir os abusos e proteger tanto os consumidores quanto o mercado. A regulamentação das plataformas de apostas, aliada a campanhas de conscientização, pode ser um passo importante para mitigar os impactos negativos dessa prática na sociedade.
Uma dessas campanhas de conscientização que foram levadas para o Café Empresarial foi o Instituto de Apoio ao Apostador, que proporciona informações sobre os problemas dos jogos, prevenções, intervenções e tratamentos. A CDL Niterói planeja e incentiva que seus filiados falem com seus funcionários sobre a importância da conscientização desse assunto.
De acordo com uma pesquisa do Instituto Locomotiva e QuestionPro, durante as Olimpíadas de Paris, o número de usuários de plataformas de apostas alcançou 61 milhões. Essa popularização está sendo impulsionada pela facilidade de acesso e pelas promessas de ganhos rápidos e sem esforço. No entanto, o governo brasileiro está se movendo para coibir a operação de sites de apostas sem licença. A partir de 2025, plataformas que atuarem no país sem autorização estarão sujeitas a multas de até R$2 bilhões por infração.