Estudantes de graduação e mestrado de todo o Brasil terão aulas e participarão de ‘imersão científica’ na região serrana


Para enfrentar os grandes desafios da ecologia, 30 estudantes de graduação e mestrado mergulham num curso intensivo no verão com pesquisadores de renome do mundo todo. A 4ª edição do Programa de Formação em Ecologia Quantitativa do Instituto Serrapilheira acontece pela primeira vez no Rio de Janeiro, no campus da PUC-Rio. Além das aulas durante janeiro e fevereiro, o grupo fará uma "imersão científica" de duas semanas na região serrana.

Inovador, o curso é um treinamento intensivo de cerca de 250 horas em ferramentas quantitativas usadas na ecologia. Os alunos aprendem conceitos de cálculo e ferramentas de programação, desenvolvem projetos com modelagem matemática que ajudem a lidar com grandes questões da ecologia e participam de sessões de discussão com cientistas que atuam em centros de pesquisa de excelência no mundo todo.

O objetivo é capacitar futuros cientistas para atuarem nos diferentes subcampos de pesquisa na área. Participam desta edição estudantes nas áreas de biologia, física, matemática e engenharia da computação, oriundos de 15 estados. O Serrapilheira arca com passagens, hospedagem e oferece uma ajuda de custo.

O programa conta com professores como Roberto Kraenkel (Unesp), Renato Coutinho (UFABC), Paulo Inácio Prado (USP), Diogo Melo (Princeton, EUA), Sara Mortara (USP) e Vitor Vasconcelos (Connecticut, EUA), que ministram aulas de modelagem e computação, entre outros temas, na capital fluminense. Após essa etapa, outros professores e pesquisadores de universidades internacionais, como Princeton, Nova York, Washington, Lisboa e iEES Paris, vão conduzir uma “imersão científica” na região serrana do Rio de Janeiro, entre 25 de fevereiro e 8 de março – um dos diferenciais da nova edição do programa.

Nessa imersão, os alunos terão palestras e workshops, além de espaço para discussão de projetos. A programação prevê ainda visita à Reserva Biológica das Araras e trilhas no Parque Nacional da Serra dos Órgãos.

“A ideia é que, logo após adquirirem as técnicas e ferramentas do módulo teórico, os alunos aproveitem esse conhecimento para interagir com ecólogos destacados do mundo todo e construir uma rede de contatos, como se estivessem em um congresso internacional”, explica Hugo Aguilaniu, diretor-presidente do Instituto Serrapilheira. “Uma imersão como essa abre portas para programas de doutorado de ponta e outras possibilidades profissionais, ajudando no percurso desses jovens talentos num momento decisivo da carreira deles, já que são alunos de graduação e mestrado.”

Participam da imersão os professores Anne Magurran (Universidade de Saint Andrews/Reino Unido), Jonathan Levine (Universidade de Princeton/EUA), Janneke Hille Ris Lambers (Universidade de Washington/EUA), Rampal Etienne (Universidade de Groningen/Holanda), Jason Tylianakis (Universidade de Canterbury/Nova Zelândia), Elisa Thébault (iEES Paris/França), Sara Magalhães (Universidade de Lisboa/Portugal), Carla Staver (Universidade Yale/EUA), Mercedes Pascual (Universidade de Nova York/EUA), Aaron King (Universidade de Michigan/EUA), Mark C. Urban (Universidade de Connecticut/EUA) e Michael Bode (Universidade de Tecnologia de Queensland/Austrália). A lista completa de professores do Programa de Formação em Ecologia Quantitativa do Instituto Serrapilheira pode ser vista aqui.

Estudantes vão a campo na Mata Atlântica e Amazônia
Após o módulo teórico, os 30 alunos serão convidados a se inscrever para o curso de campo, que é o módulo empírico da Formação em Ecologia Quantitativa. Ao todo, 16 estudantes devem ser selecionados para a segunda fase, que prevê uma imersão prática na Mata Atlântica e Amazônia ao longo de três a quatro semanas em julho.

A ideia de levar os futuros cientistas para visitar dois biomas diversos em uma mesma viagem é ensinar aos alunos que essa atividade de campo é feita de forma diferente dependendo da região em que estão.

Na última edição do programa, por exemplo, os alunos fizeram o treinamento de campo no Parque Estadual do Itinguçu, em Peruíbe/SP. Depois, seguiram para a Floresta Amazônica, na Área de Relevante Interesse Ecológico do Km 41, próxima a Manaus/AM. O objetivo desta etapa é juntar, em uma só experiência, o conteúdo aprendido na abordagem teórica com a oportunidade de observação de fenômenos e coleta de dados.

“Foi uma experiência inenarrável. Eu vim como físico – me formei em física, fiz mestrado em física – mas agora eu quero seguir o caminho do doutorado na ecologia, então eu estou tentando fazer uma transição de área, e esse curso foi fundamental justamente para eu ter as ferramentas necessárias para conversar com as pessoas que já são dessa área”, conta Tiago Mourão, que foi aluno da 3ª edição da Formação em Ecologia Quantitativa e será um dos tutores da nova edição.

Conheça a Formação em Ecologia Quantitativa neste vídeo.