Advertisement

Janeiro Verde: Por que a vacina contra o HPV é fundamental para prevenir o câncer do colo do útero

Durante o mês de conscientização à doença, oncologista do Cancer Center Oncoclínicas em Belo Horizonte ressalta a importância de desmistificar a vacina HPV para meninos e meninas dos 9 aos 14 anos

 

 

A campanha Janeiro Verde quer alertar sobre a prevenção e a conscientização do câncer do colo do útero que afeta, anualmente, em todo Brasil, mais de 17 mil mulheres, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca). A data também é mais uma oportunidade para ampliar as informações sobre outros tipos de tumores ginecológicos, entre eles, os de corpo do útero (endométrio) e ovário. De acordo com o Inca, para Minas Gerais são estimadas 1.670 novas ocorrências do câncer do colo uterino para cada ano do triênio 2023-2025.

 

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o câncer do colo do útero é considerado passível de erradicação por meio da vacinação contra os tipos do HPV (Papiloma Vírus Humano) oncogênicos mais presentes. Para acelerar a eliminação da doença até 2030, a OMS propõe as seguintes metas: 90% das meninas totalmente vacinadas contra HPV aos 15 anos; 70% das mulheres submetidas a um teste de rastreamento de alta performance aos 35 e aos 45 anos; e 90% das mulheres identificadas com lesões e câncer recebendo tratamento.

 

Durante o mês de conscientização, ressaltar a importância da vacina HPV para meninos e meninas entre 9 e 14 anos, além das mulheres até 25 anos, torna-se primordial. O oncologista do Cancer Center Oncoclínicas em Belo Horizonte, Pedro Ribeiro, explica que o HPV é uma infecção sexualmente transmissível, que pode levar ao surgimento de um câncer.

 

“Existem vários subtipos do HPV e alguns estão mais associados ao desenvolvimento do câncer. Atualmente, sabemos que a grande maioria das neoplasias do colo do útero estão associadas a uma infecção prévia por HPV. A vacina veio justamente para tentar reduzir a infecção e, dessa maneira, diminuir a incidência desse tipo de câncer”, observa.

 

O oncologista explica ainda que a vacina foi desenvolvida com os tipos de HPV mais associados ao câncer. “Dessa maneira, quando a mulher toma a vacina antes de uma exposição ao vírus, ela tem uma chance muito grande em não desenvolver o câncer do colo uterino. Então, esse é o racional por trás da vacina: tomar antes de iniciar a vida sexual para que não tenha infecção pelo o vírus HPV. Por isso, é extremamente importante que as famílias coloquem essa vacina como prioridade para seus filhos entre 9 e 14 anos.”

 

Uma pesquisa conduzida na Suécia e publicada no The New England Journal of Medicine, em 2020, um dos mais respeitados periódicos científicos do mundo, evidenciou como a vacina contra o HPV está associada a um risco reduzido de mulheres desenvolverem o câncer do colo do útero.

 

O estudo, financiado pela Fundação Sueca para Pesquisa Estratégia, acompanhou durante 10 anos mais de 1 milhão de mulheres vacinadas e não vacinadas contra o HPV, com idades entre 10 e 30 anos. Os resultados mostraram que, entre as meninas e as mulheres que não tinham tomado o imunizante, foram registrados 538 casos de câncer de colo de útero, enquanto apenas 19 casos foram observados naquelas que tinham sido vacinadas.

 

Vacina disponível no SUS

 

Desde 2014, a vacina contra o HPV é oferecida gratuitamente nas Unidades Básicas de Saúde no Brasil e está disponível atualmente para todas as crianças e adolescentes de 9 a 14 anos, segundo informações do Ministério da Saúde. Vale lembrar que a vacina também é indicada para pacientes com câncer, HIV e transplantados (até os 45 anos nas mulheres e 26 anos nos homens).

 

E como é feita a prevenção para as mulheres adultas? O oncologista do Cancer Center Oncoclínicas em Belo Horizonte explica que, nesses casos, é realizada a prevenção secundária com os testes de rastreamento. No Brasil, o Ministério da Saúde recomenda o exame citopatológico, o Papanicolau, indicado para mulheres entre 25 anos e 64 anos que têm ou já tiveram atividade sexual.

 

“Os dois primeiros exames de rastreamento são feitos em intervalo de um ano e, a partir dos resultados, podem ser feitos a cada três anos. A mulher que tiver alguma queixa ou sintoma deve procurar o ginecologista. Em mulheres com mais de 64 anos, o exame poderá ser interrompido quando houver, pelo menos, dois resultados normais nos últimos cinco anos”.

 

Dr. Pedro Ribeiro complementa dizendo que mulheres entre 25 a 65 anos podem fazer a combinação de realizar o teste do HPV com o exame do Papanicolau. “É muito importante que as mulheres façam consultas periódicas com seu ginecologista. O médico é quem irá avaliar caso a caso e fazer um plano de rastreio individualizado”, finaliza.

 

Cobertura vacinal contra o HPV no Estado de Minas Gerais. Dados Secretaria de Saúde do Estado de Minas Gerais:

 

Meninas:

Cobertura Vacinal Vacina HPV- Meninas-Minas Gerais- 2014 - 2022

Dose 1 (9 A 14 ANOS DE IDADE): 85,70% (Meta preconizada é de 80%)

Dose 2 (9 A 15 ANOS DE IDADE): 69,50% (Meta preconizada é de 80%)

 

Meninos:

Cobertura Vacinal Vacina HPV- Meninos-Minas Gerais- 2017 - 2022

 

Dose 1 (9 A 14 ANOS DE IDADE): 50,34% (meta preconizada é de 80%)

Dose 2 (9 A 15 ANOS DE IDADE): 35,67% (meta preconizada é de 80%)

 

Como identificar tumores ginecológicos

 

Considerado grave e silencioso, em 75% dos casos o câncer ginecológico é descoberto em estágio avançado. Contudo, alguns sintomas podem indicar que algo está errado com o corpo, por isso, fique de olho se houver:

 

       Sangramento vaginal anormal

       Febre que persiste por mais de 7 dias

       Inchaço abdominal

       Gases

       Dor pélvica ou pressão abaixo do umbigo

       Dor de estômago

       Alterações intestinais

       Mamas sensíveis, com secreção, nódulos, inchaço ou vermelhidão

       Fadiga

       Vulva e vagina com feridas, alteração da cor ou bolhas

       Perda de peso sem motivo (10kg ou mais)

 

Fatores de risco

 

       Câncer do colo do útero: HPV, ter tido cinco ou mais partos, HIV, tabagismo e constante troca de parceiros.

 

       Câncer de ovário: menarca precoce (antes dos 12 anos) ou menopausa após os 52 anos, mulheres que nunca tiveram filhos ou que possuam histórico da doença na família.

 

       Câncer de endométrio: menarca precoce (antes dos 12 anos) ou menopausa após os 52 anos, mulheres que nunca tiveram filhos, idade acima dos 50 anos, obesidade, diabetes, ou que realizaram terapia de reposição hormonal de maneira inadequada após a menopausa.

 

*Fontes:

Ministério da Saúde: https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/gestor-e-profissional-de-saude/controle-do-cancer-do-colo-do-utero

Instituto Nacional do Câncer (Inca): https://www.inca.gov.br/sites/ufu.sti.inca.local/files//media/document//estimativa-2023.pdf

              The New England Journal of Medicine:       

              https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa1917338

              Secretaria de Saúde do Estado de Minas Gerais:          https://www.saude.mg.gov.br/hpv