Na Conferência das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima, a COP-28, em Dubai, o presidente da Firjan, Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, lançou a publicação Bioeconomia, Natureza e Negócios, que apresenta as oportunidades econômicas de utilização da biodiversidade pelas empresas de maneira sustentável e responsável. Ao mostrar 15 casos bem-sucedidos de empreendimentos sediados no território fluminense que aplicam diretamente a bioeconomia em seus modelos de negócios, o estudo também ressalta o quanto a prática já é parte da realidade empresarial do Rio de Janeiro.

 

"A bioeconomia é uma das soluções que, além de ser essencial para o planeta, nos dá a oportunidade de colocarmos o Brasil na liderança desse movimento, em uma posição de destaque no contexto internacional. Somos fortes candidatos a sermos uma biopotência, mas não temos mais tempo para hesitações", defendeu Eduardo.

 

Isaac Plachta, presidente do Conselho Empresarial de Meio Ambiente da Firjan, explica que a bioeconomia está fortemente relacionada à economia circular, à transição energética e ao combate às mudanças climáticas, o que contribui fortemente com a transição para uma economia de baixo carbono. "O futuro dos negócios exige uma mudança de mentalidade. Ética, ESG e biodiversidade estão entrelaçadas, demonstrando que gerar valor financeiro pode coexistir com a preservação da natureza e bem-estar humano.", analisou.

 

“Um dos objetivos deste documento é mostrar que o Rio de Janeiro é um estado cuja base industrial já utiliza de boas práticas que relacionam a bioeconomia à geração de riquezas. Essa é uma pauta de negócios atual, não de futuro, pois toda vez que temos alteração na biodiversidade há um efeito potencial na produção de matérias-primas, na provisão de água, na relação com comunidades tradicionais, na produção de alimentos. A questão não é apenas econômica, mas do uso adequado, sustentável e racional dos recursos naturais”, afirma Jorge Peron Mendes, gerente de Sustentabilidade da Firjan.
 
Conheça dois cases apresentados no estudo

 

Para Monica Fernandes, diretora de operações da Greenpeople, que produz sucos de frutos e hortaliças adquiridos de produtores da região de Três Rios, onde está a fábrica, a bioeconomia está na gênese da empresa, criada há dez anos. As quatro toneladas de resíduos orgânicos são encaminhadas a fazendas locais para compostagem e alimentação de animais.
 
“Não deixamos resíduos no meio ambiente. Diante da impossibilidade de retirarmos todas as embalagens plásticas de nossos sucos, fizemos uma parceria com uma empresa para retirarmos do mercado a mesma quantidade de material plástico que colocamos”, conta Mônica. A Greenpeople tem ainda parcerias com fabricantes de alimentos e cosméticos para a transformação dos resíduos de frutas e hortaliças em ingredientes desses produtos. “Sempre buscamos novas ações sustentáveis, a base de nosso negócio”, complementa a diretora.
 
O manejo sustentável de jaqueiras em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, aliado à geração de renda e independência financeira para mulheres da região que trabalham no empreendimento, deu à Madre Frutos o Prêmio Firjan de Sustentabilidade 2023 na categoria Gestão de Impacto e Investimento Social. A empresa, mantida pelo Instituto Sinal do Vale, criado em 2012 pela empreendedora ambiental Thais Corral, coleta, processa e vende produtos à base de jaca verde, de alto teor nutricional. As frutas são cortadas e embaladas por 15 moradoras do bairro de Santo Antônio, onde está a empresa.
 
“Muitos chefs adquirem o produto, que substitui a carne na culinária vegana. Hoje, a própria comunidade de Santo Antônio incorporou a jaca verde em sua alimentação. A espécie se propagou na Mata Atlântica, mas, por não ser original da região, teve um crescimento desordenado que prejudica o desenvolvimento de outras árvores do bioma”, diz Thais Corral.
 
Para a Firjan, bioeconomia é uma abordagem econômica sustentável, voltada aos diferentes setores e centrada no uso de recursos, processos ou tecnologias de base biológica. Em 2015, a Firjan já havia lançado um primeiro documento sobre biodiversidade e negócios, enfatizando a necessidade do uso adequado e racional de recursos naturais. O tema se fortaleceu na pauta da federação até pelas condições físicas do estado do Rio de Janeiro, que tem a maior parte remanescente da Mata Atlântica – dentro do país cujo extenso território abriga a maior diversidade biológica do planeta, com 15% a 20% das espécies do mundo, o que aponta uma vocação para a bioindústria, informa a publicação.
 
“Por mais que o Rio de Janeiro pareça estar distante de ações que envolvam a conservação da natureza, nossa indústria já vem trabalhando com boas práticas relacionadas ao tema. A bioeconomia está mais relacionada com a vida cotidiana do que imaginamos, por isso trouxemos uma seleção de empresas de diferentes portes que investem em produção sustentável, comprovando que a bioeconomia é aplicável a qualquer tamanho de empresa e a modelos de negócio diversos, tanto da iniciativa privada quanto do setor público”, acrescenta Peron.

 

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