Além do abuso físico, especialista alerta para outros tipos de violência e destaca a negligência como sendo o dano mais comum sofrido pela terceira idade. OMS aponta que população acima dos 60 anos, no Brasil, triplicará até 2050
 

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De acordo com o IBGE, o Brasil já ultrapassa em 30 milhões o número de pessoas acima dos 60 anos de idade. A expectativa é que, a partir de 2039, o País tenha mais pessoas idosas do que crianças na sua configuração populacional. A Organização Mundial de Saúde aponta que até 2050, o número de pessoas com mais de 60 anos no Brasil vai triplicar, ocupando o posto de sexto País com a população mais idosa do planeta.

 

No primeiro trimestre de 2023, o registro de violações de direitos humanos contra pessoas idosas chegou a 202,3 mil, quase o dobro se comparado ao mesmo período de 2022, segundo dados da Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos, mantida pelo Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania (MDHC) do Governo Federal.

 

Com o aumento da quantidade de pessoas com mais de 60 anos há uma demanda maior de atenção a esse grupo e a campanha Junho Violeta visa justamente sensibilizar a sociedade sobre a promoção e defesa da dignidade da pessoa idosa.

 

A violência contra o idoso é um grave problema social que ganha espaço na mídia principalmente quando as agressões são físicas. No entanto, há inúmeras forma de agressão contra a pessoa idosa e, entre elas, a negligência se destaca em grande proporção.

 

Médico geriatra e professor de Medicina da Uniderp, Marcos Blini comenta que quando pensamos nesse tema, logo vem à mente a questão da violência física, mas é importante lembrar que o que temos de mais grave quando relacionado ao idoso é a negligência. “Esse tema complexo e, infelizmente, muito prevalente em nossa sociedade vai além do que ganha os nossos olhares quando mostrado na mídia. A negligência acontece de forma velada nos lares ou casas de repouso”, destaca.

 

Confira alguns tipos de violência listadas pelo especialista:

 

Violência física- Caracterizado pelos abusos por meio de força física, mesmo quando não apresentam lesões ou traumas. Nessa classificação se enquadra toda ação de força contra o idoso, como empurrões, beliscões, tapas e demais agressões.

 

Violência financeira ou econômica- São os casos de familiares ou cuidadores que se apropriam da aposentadoria do idoso para uso diário desnecessários ou até usam de oportunidades para realizarem empréstimos no nome do idoso. É fazer uso de algo que não é seu em benefício próprio.

 

Violência psíquica- Um pouco mais velada na sociedade, mas existente, a violência psíquica ocorre quando o idoso, apesar de estar bem e ativo, sofre um apelo psíquico da família para que ele não realize atividades que seria perfeitamente capaz de executar. Esse efeito acarreta transtornos de humor do tipo depressão, ansiedade e até tentativa de suicídio.

 

Negligência- A negligência é a mais recorrente e pode ocorrer por meio daquela família que não leva o idoso a um acompanhamento médico de rotina, ou ainda que deixa o deixa muitas vezes sujo sem higiene adequada, isolado em algum cômodo da casa, principalmente quando se tem algum quadro de confusão mental ou demência, como o Alzheimer. A falta de alimentação ideal para a terceira idade e a ausência de atenção aos que já são acamados, com feridas e úlceras de pressão, muitas vezes abandonados, também se caracteriza nesse ponto.

 

Ao observar sinais de violência no tratamento a um idoso, é preciso procurar ajuda. “É importante acender um alerta à rede de serviço social da região para que o caso pontual seja investigado. Em grande parte das situações, um aviso ou advertência dada ao responsável já é suficiente para sanar casos de abuso contra o idoso”, esclarece Blini.

 

Hematomas na pele, ferimentos inexplicados, sinais de desnutrição, roupas sujas ou aparente descuido, sinais de sonolência e alterações repentinas de comportamento podem ser fatores sinalizadores de violência. As unidades de saúde também devem ficar atentas e as medidas tomadas com cautela para que o idoso não fique desamparado. CRAS, Conselho do Idoso da região e a UBS formam uma rede de suporte social e são grandes encaminhadores para a solução de questões envolvendo abuso contra o idoso.

 

 

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