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Cannabis medicinal: Volta Redonda fornece tratamento a primeira paciente do SUS


Aparecida Sônia Perino, de 61 anos, sofre há 16 com o Mal de Parkinson e recebeu o medicamento importado dos EUA em casa nesta sexta-feira


“O benefício para mim é muito. Porque amenizando a dor dela, ameniza para mim também. Tenho menos preocupação, porque a doença a gente sabe que não tem cura, mas ameniza. Amenizou o sofrimento a gente já fica mais tranquilo”. O relato é do pedreiro Altumir Evaristo, o “Seu Tó”, marido de Aparecida Sônia Perino, de 61 anos, que sofre há 16 anos com o Mal de Parkinson e foi a primeira paciente atendida pelo SUS (Sistema Único de Saúde) a receber um medicamento à base de canabinoides em Volta Redonda. O medicamento é importado dos Estados Unidos e foi entregue nesta sexta-feira (31) na casa da paciente, no bairro São Luiz.


Um representante da indústria farmacêutica One Lab CBD de Las Vegas, Nevada (EUA), e a farmacêutica do Departamento de Assistência Farmacêutica de Volta Redonda, da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Juliana Boechat, estiveram na casa da paciente passando orientações sobre o uso do produto.


“Qualidade de vida é o que a gente espera. Esperamos que com a utilização deste medicamento haja um alívio das dores que a dona Aparecida sente e da tensão muscular, que são sintomas do Mal de Parkson. Que ela possa retomar a rotina dela como dona de casa, poder sair e fazer os passeios que ela tanto gosta”, disse Juliana.


Aparecida já fez o uso de outro medicamento à base canabinoides, mas por causa do custo elevado – uma caixa na faixa de R$ 275, com duração de 20 dias -, suspendeu a utilização. Agora, com o remédio em mãos, a expectativa do casal é de ganho na qualidade de vida.


“Acredito que vai melhorar muito mesmo. Eu vi um menino que tem epilepsia na televisão e ele está bom (com o uso do medicamento). O que mais me incomoda é a dor. Às vezes não saio na rua, não vou a certo lugar porque eu fico tremendo, tenho vergonha. Criança é curiosa fica olhando e a gente fica até com um pouquinho de vergonha”, revelou ela, que é acompanhado pela Rede Municipal de Saúde há 14 anos.


“Ter o remédio em mãos é uma preocupação que a gente tira das costas. A gente que ganha salário é complicado. Quem tem família sabe o que eu estou falando. Eu ainda tenho saúde e posso trabalhar, ganho um trocadinho aqui outro ali; e tem a família que ajuda também, mas se não tivesse é desesperador”, completou Altumir.


Cadastro de pacientes


A Prefeitura de Volta Redonda, através da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), abriu cadastro de pacientes que já fazem uso dos medicamentos à base de canabinoides e capacitou dois profissionais da SMS. Uma Lei Municipal  6.085/2022, de autoria do vereador Paulinho AP, prevê a oferta do tratamento pela Rede Municipal de Saúde.


Inicialmente, serão atendidos pacientes com epilepsia refratária, Transtorno do Espectro Autista (TEA), Mal de Parkinson e Mal de Alzheimer, acompanhados nos serviços especializados na rede pública: Policlínica da Melhor Idade, Policlínica da Cidadania (Neurologia) ou Follow-Up e Centro Especializado de Reabilitação (CER III). A prioridade será para aqueles que não respondem aos tratamentos convencionais e que tenham indicação médica para o medicamento. Esses pacientes serão acompanhados por professores da área da saúde do UniFOA – Centro Universitário de Volta Redonda -, principalmente de Medicina. O objetivo é acompanhar a evolução com uso do medicamento.


Quem se encaixa neste perfil pode procurar atendimento na Policlínica da Cidadania, no segundo andar do estádio, na Comissão de Farmácia e Saúde. O setor funciona às terças, quartas e quintas-feiras, das 13h às 17h. O local conta com uma assistente social e uma farmacêutica para poder atender a essas pessoas.