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Após 2 anos de pandemia, empresas e profissionais mantém trabalho remoto como melhor opção

Mesmo com a redução da gravidade e do número de casos de Covid-19, muitas empresas e trabalhadores estão dispostos a manter suas operações de forma online. Em Goiânia, desde maio de 2020, escritório de arquitetura dispensou sede física e hoje produz mais com toda equipe de home-office

Uma solução temporária que acabou sendo a melhor opção para muita gente. Assim é visto o sistema de trabalho remoto, ou home office, ou ainda teletrabalho, após dois anos de pandemia da Covid-19. Um estudo feito neste ano pela empresa internacional de análise de dados e pesquisa, a PwC, juntamente com a PageGroup Brasil, especializada recrutamento e gestão de talentos, mostra que a maioria dos funcionários estão satisfeitos com o home office adotado em larga escala nos últimos anos.

Entre os chefes, essa preferência é menor, mas ainda sim, a maioria aprova a tendência. Segundo a pesquisa ‘Modelos de Trabalho Pós-Pandemia’, 67% dos liderados preferem regime integral de home office ou regime híbrido. Já para quem possui cargos de chefia, a preferência cai para 58%, conforme o levantamento que entrevistou, no Brasil, 289 executivos e 633 colaboradores, entre 17 de janeiro e 4 de fevereiro.

Mesmo com a drástica redução da gravidade no número de casos e mortes por causa da Covid-19, graças ao avanço da vacinação no País, muitas empresas e trabalhadores estão dispostos a manter suas operações de forma on-line, não só por uma questão de custo menor e praticidade, mas porque muitas companhias e pessoas descobriram que são mais eficientes trabalhando à distância, sem nem mesmo ter a necessidade de um escritório físico. Essa foi, por exemplo, a opção da Norden, um escritório de arquitetura com atuação nacional e sediado em Goiânia, que desde maio de 2020 mantém suas atividades de forma totalmente on-line.

“No começo, quando decidimos desativar o nosso escritório físico, ficamos até receosos, pois depois de um ano podia não dar certo e todo mundo voltaria para o presencial. Mas agora, depois de dois anos em que já estamos consolidados neste sistema, com toda a nossa equipe trabalhando remotamente, podemos dizer com toda a segurança que nossa empresa nunca produziu tanto, nunca fechamos tantos contratos e nunca estivemos tão em evidência no mercado como agora”, declara Paulo Renato Alves, arquiteto e um dos seis sócios da Norden Arquitetura.

De acordo com ele, o volume de serviços aumentou em 50% e o número de clientes, 30%. Mas ele explica que esses bons resultados após a mudança vieram porque o escritório se planejou para uma atuação 100% digital, o que necessitou, inclusive, de mais investimentos em ferramentas de gestão e de operação digital. “Para nós houve essa melhora porque começamos a captar clientes em todo o Brasil, desde o início da pandemia. Mas nós nos preocupamos para termos uma atuação on-line forte. Então, buscamos uma plataforma própria, desenvolvemos softwares para otimizar ainda mais o serviço de forma on-line, temos nossa gestão feita 100% na nuvem. Ou seja, investimos muito nesse modelo e isso acabou sendo uma vantagem competitiva”, destaca.

Adaptação
A arquiteta Karla Patrícia, uma das sócias da Norden, conta que logo no começo foi até fácil, mas à medida que o tempo foi passando, se deparou com uma série de dificuldades do dia a dia. “Me adaptei rápido e achei um descanso não ter que pegar trânsito, me arrumar todo dia e tive a chance de ficar mais tempo com a família. Mas, com o tempo, começaram a vir os problemas, como a cadeira que não estava boa, depois a mesa, etc. Tive que adaptar a casa para conseguir trabalhar direito, especialmente porque o meu esposo também estava trabalhando em casa”, conta.

Mas essas mudanças adotadas por Karla foram ainda durante os primeiros meses de pandemia. Quando os sócios do escritório decidiram que a empresa passaria definitivamente a funcionar de forma 100% on-line, é que ela e o marido optaram por mudar toda a rotina da família, para se adaptar a essa nova forma de trabalho. “Tivemos que fazer alterações bruscas na vida e na rotina. A primeira foi sair de um apto próprio de 57m², para um alugado de 97m², onde montamos nosso escritório com o conforto e a privacidade necessária para trabalharmos. Também vendi meu carro e hoje só ando de aplicativo, visto que saio muito pouco de casa e meu filho estuda ao lado de nossa casa atual. Mas apesar das grandes mudanças, hoje já nos adaptamos totalmente e acho que a nossa rotina ficou bem mais simples, pois resolvemos muita coisa sem sair de casa”, relata.

Passadas as dificuldades de adaptação, Karla agora contabilizar as vantagens de se trabalhar de forma remota. “Para mim, uma das grandes vantagens é poder estar mais tempo em casa com a família, curtir os momentos que eu costumava perder quando tinha que ir para o escritórios todos os dias. Não ter mais que sair e perder tempo dirigindo, me deu a chance de ser mais produtiva e focada e ainda assim estar presente na vida do meu filho pequeno”, explica.

Time engajado
Karla Patrícia avalia que, para a empresa, a mudança também foi muito boa e diz que não foi difícil encontrar colaboradores e parceiros que também gostaram do modelo de trabalho proposto pela Norden. “Nosso time aumentou, pois hoje conseguimos contratar pessoas de todo o Brasil, e pessoas muito bem qualificadas, o que não afetou a segurança e qualidade nas entregas dos projetos, sem falar que esse contato com gente de outros lugares abre nossa mente, amplia as nossas perspectivas e agrega em experiência profissional”, diz.

De acordo com Paulo Renato, ao longo desses dois anos funcionando sem a necessidade de um escritório físico para a empresa, o único ajuste necessário nessa nova forma de trabalho do escritório de arquitetura foi a convivência, que ficou realmente mais difícil. Mas mesmo esse problema, segundo ele, já foi superado. “Para termos essa convivência, que faz falta para equipe, decidimos fazer encontros periódicos, no mínimo a cada 15 dias, às vezes em menos tempo. Mas até isso ficou melhor, porque antes, no escritório, esses encontros eram numa sala de reunião formal e chata. Hoje fazemos isso num restaurante ou num café, e isso de forma muito mais leve e descontraída”, afirma.