Dois mil e vinte e dois  está chegando e trazendo consigo uma ousada meta planejada por Laura Astrolabio, Dandara Lima e Hannah Maruci, co-fundadoras e coordenadoras d’A Tenda das Candidatas: as três almejam que daqui a 12 meses, as ex-alunas da formação política idealizada por elas consigam se eleger para os cargos de deputadas estaduais, federais, senadoras e governadoras. O desafio começa agora, com a abertura das inscrições para este ciclo de formação. 

No mínimo 60% das vagas serão reservadas para mulheres negras, 10% para mulheres quilombolas, 10% para mulheres indígenas, 10% para mulheres com deficiência e 10% para pessoas LBTQIA+. A formação começará no dia 4 de novembro e terá a jornalista, professora e ativista Anielle Franco na abertura.


Marielle, presente

“Quando Marielle foi assassinada esperavam nos calar, mas foi exatamente ao contrário. Conseguimos nos unir, unir nossos propósitos e ideais em busca de eleger mais mulheres negras. Em 2020, nos voluntariamos e ajudamos a eleger Thais Ferreira, no Rio de Janeiro (RJ), e Professora Jacielma, em Orocó (PE)”, conta Laura.

Estes resultados foram alcançados pelo grupo após as eleições de 2020, ano de surgimento d’A Tenda, quando, de forma totalmente voluntária e sem financiamento, as cinco co-idealizadoras criaram o Projeto de Formação e abriram um recrutamento através do perfil na rede social Instagram (@instadatenda). 


Naquele momento, em setembro de 2020, 250 candidatas se inscreveram para competir por uma das 10 vagas oferecidas. O resultado do processo seletivo foi um grupo plural e com candidatas de quatro das cinco regiões brasileiras. Entre elas, 7 eram mulheres negras, 4 LBTQIA+, 1 liderança quilombola e 2 mandatos coletivos. 

Além das candidatas atendidas, A Tenda realizou 17 aulas gratuitas e online de formação política para mais de 450 candidatas ou mulheres que trabalharam em campanhas. As aulas ocorreram entre setembro e novembro daquele ano, com nomes como Júlia Rocha, Debora Baldin, Ana Claudino, Vera Lúcia Taberti e Robeyonce Lima, entre outras.

Formação inclusiva 

Na Temporada de 2021-2022, A Tenda não abrirá mão dos princípios que já estão em seu DNA: a defesa dos direitos humanos e a realização de uma formação política que dê suporte para as selecionadas exercerem o pensamento crítico e atingirem o seu máximo potencial, levando em consideração o combate às desigualdades históricas e estruturais do Brasil, como o machismo e o racismo. 

O primeiro Bloco da formação ocorrerá entre novembro e dezembro de 2021 e contará com Anielle Franco (Instituto Marielle Franco), Fernanda Matos (Escuta Candidata), Ana Carolina Lourenço e Juliana Marques (Mulheres Negras Decidem), Débora Pinho (Change.org), Emília Lucy (Goianas na Urna) e Ângela Chaves (Agência Compenso). 

Somadas a esse time de especialistas, as três co-fundadoras que agora se mantêm no Projeto, Dandara, Laura e Hannah, esperam pela inscrição de mulheres e pessoas LBTQIA+ que se considerem lideranças - seja dentro de partidos políticos ou fora da política institucional, como associações profissionais ou de bairro, líderes comunitárias em áreas urbanas ou rurais, comunidades indígenas ou quilombolas, entre outros.

“A nossa motivação d'A Tenda é a de democratizar o acesso à formação política e às ferramentas de campanha geralmente restritas às candidaturas consolidadas financeiramente”, afirma Dandara.


Sobre a Tenda

O conceito da Tenda é propor um lugar para o encontro. Um local para abrigar mulheres e pessoas LBTQIA+, protegê-las do medo e de todas as barreiras que ainda mantêm a política como local de manutenção de desigualdades. Além de também armá-las com conhecimento, afeto e coragem, para que compreendam que a política é para elas.


No período fora das eleições e para além das formações, as co-fundadoras e coordenadoras d’A Tenda atuam como pesquisadoras em gênero, raça, comunicação e representação política; criam campanhas de awarness sobre democracia e equidade de gênero e raça; ministram aulas e participam de conferências; co-assinam notas técnicas e de incidência legislativa.

"A competição eleitoral é regida por regras formais e informais. Com a incidência legislativa, buscamos garantir que as regras do jogo favoreçam uma representação justa", aponta Hannah Maruci.


A formação política da Tenda tem foco em política eleitoral partidária, uma formação para ensinar mulheres a fazer campanha política e jogar o jogo eleitoral partidário. Nesta Temporada serão oferecidas 30 aulas no total, divididas em três blocos, que ocorrerão entre novembro de 2021 e junho de 2022. 


Co-fundadoras
Laura Astrolabio - Advogada, especialista latu sensu em direito público, mestranda de políticas públicas em direitos humanos na UFRJ, articuladora política no Movimento Mulheres Negras Decidem, colunista Carta Capital, co-idealizadora e entrevistadora do projeto Vozes & Olhares. É co-criadora e coordenadora jurídica e de políticas públicas d’A Tenda.


Dandara Lima - Jornalista, especialista em marketing eleitoral e político, co-criadora da Plataforma Im.pulsa e co-idealizadora do Projeto Me Farei Ouvir, pelo qual co-assinou as publicações “Pesquisa Perfil da Mulher na Política” e “Manual da Mulher Candidata”. É co-criadora e coordenadora de comunicação d’A Tenda.


Hannah Maruci - Doutoranda e mestre em Ciência Política pela USP, professora de Ciência Política na UFRJ, formadora de mulheres para a política, colunista do Blog Legis-Ativo Estadão, é uma das autoras do livro “Candidatas em Jogo”, da FGV-SP (2020). É co-criadora e coordenadora de educação e articulação política d’A Tenda.


SERVIÇO
Circuito de capacitação apartidário, com aulas e tutorias para mulheres líderes com intenção de se elegerem no futuro, principalmente negras, quilombolas, indígenas, mulheres com deficiência e pessoas LBTQIA+. 


Inscrições:  de 13 de outubro à 20 de outubro, pelo link https://bit.ly/RecrutamentoTenda21

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