Beneficiários são participantes do programa Produtores de Água e Floresta, realizado em parceria com a prefeitura municipal.  

 

Cerca de quinze produtores rurais do município de Paulo de Frontin receberam nesta segunda-feira (20) R$ 47.372,94 em Pagamento Por Serviços Ambientais (PSA). A retribuição pelos serviços de conservação e recuperação ambiental é parte do programa Produtores de Água e Floresta (PAF), do Comitê Guandu-RJ, desenvolvido na sub-bacia de Sacra Família, em parceria com as prefeituras de Paulo de Frontin, Mendes e Vassouras, com operacionalização da AGEVAP e execução da ONG Crescente Fértil. O objetivo é aumentar a cobertura florestal na bacia que abastece nove milhões de pessoas no estado, contribuindo com a produção natural de água. Diretores do Comitê Guandu-RJ e o prefeito José Manuel Rodrigues Artemenko participaram da cerimônia no hotel Morro Azul.  

Entre os principais desafios para a gestão e manejo da região hidrográfica do Guandu está a perda de cobertura florestal, que acelera a degradação dos solos e, por conseguinte, dos recursos hídricos. O PAF é uma estratégia do Comitê para a gestão eficiente e sustentável dos recursos hídricos, sendo uma das primeiras iniciativas no país a utilizar o PSA como instrumento de gestão diretamente relacionado à oferta de serviços hidrológicos. Desenvolvido desde 2009, o programa retribui financeiramente os produtores que geram serviços ambientais que beneficiam o ecossistema e consequentemente a sociedade.  

Os produtores de Paulo de Frontin receberam valores que variam entre quinhentos (remuneração mínima) e sete mil reais. O pagamento é calculado de acordo com a área florestal conservada ou recuperada. Para promover os ganhos ambientais, os participantes têm todo o suporte técnico e operacional do PAF. Os técnicos visitam as propriedades e elaboram um planejamento individual e, a partir daí, executam os serviços para a promoção dos ecossistemas. Só em Paulo de Frontin, foram realizados cerca de 40 hectares de plantio, equivalente a quarenta campos de futebol, além dos serviços de manutenção, como instalação de cercas, aceiros e uso de gel para hidratar o solo. Mas do que gerar renda aos produtores locais, o PAF causa uma transformação no olhar e no trato que essas pessoas têm em relação ao meio ambiente. Os participantes tornam-se verdadeiros agentes ambientais, e entendem como esse trabalho é importante para toda a sociedade. “Meu sítio tinha uma área de pastagem que agora está em recuperação ambiental. Nós precisávamos desse empurrão, desse suporte, de trazer essa consciência da importância de recuperar as áreas degradadas. O PAF chegou em boa hora e mais do que a retribuição financeira, trouxe um novo sentido para nós”, afirmou Sakae Kagoharo, produtor rural de 72 anos, proprietário do sítio Cachoeira Pedras Lisas, participante do PAF no município.  

Os trabalhos em Paulo de Frontin, Mendes e Vassouras começaram em 2018 (PAF-Sacra Família) com um intenso trabalho que incluiu estudo, mobilização e seleção das propriedades, entre outras etapas. Hoje, o programa já conta com 41 participantes. Todos recebem o suporte para a conservação e recuperação ambiental, e o pagamento por serviços ambientais, de acordo com os resultados obtidos. “Hoje é a coroação do projeto e uma demonstração da vocação ambiental do município, que tem cerca de 51% de seu território com cobertura florestal. A prefeitura pretende ampliar o PSA em Paulo de Frontin e aumentar ainda mais a cobertura florestal, preservando os mananciais que, além de todo benefício ambiental, geram desenvolvimento local com turismo e novas produções”, destacou José Márcio Machado, secretário de meio ambiente e defesa civil.  

O Prefeito José Manuel Artemenko destacou a riqueza hídrica do município e a importância do meio ambiente para o desenvolvimento local: “temos cerca de seis cachoeiras em um raio de seis quilômetros do centro da cidade. Além da água para a sociedade, essa riqueza mostra como Paulo de Frontin é uma potência ambiental e turística, e isso deve ser preservado e potencializado. Nós vamos trabalhar ao lado do Comitê e demais organizações nesse e em outros projetos que promovam o meio ambiente e a sustentabilidade”, destacou.  

Paulo de Tarso Pimenta, Diretor-Geral do Comitê Guandu-RJ, afirmou que o Plano Estratégico de Recursos Hídricos do colegiado prevê essa e outras iniciativas que visam a melhora da qualidade e da disponibilidade hídrica da região e do município: “além do PAF, Paulo de Frontin irá receber os projetos básicos e executivos de esgotamento sanitário das áreas rurais e periurbanas do município. Esse projeto impacta diretamente na qualidade de vida do produtor rural e na preservação dos recursos hídricos e de todo bioma. O projeto prevê as melhores soluções coletivas e individuais, dos pontos de vista ambiental e econômico, e vai dar o correto destino aos esgotos domésticos dessas áreas, preservando o meio ambiente”.  

Ao todo o PAF já resultou na conservação e recuperação ambiental de mais de cinco mil hectares de mata atlântica em toda bacia. O programa segue em expansão e, a partir de uma parceria com a Embrapa Agrobiologia, vai contemplar a implementação de unidades demonstrativas de Sistema Agroflorestal (SAF), aliando o processo de restauração ambiental à geração de renda para o proprietário rural. A ideia é otimizar os processos produtivos, reduzindo os impactos ambientais. Todos esses serviços são implementados pelo Comitê Guandu-RJ sem custos para os proprietários participantes.