Volta Redonda comemora o
sucesso das quatro Residências Terapêuticas implantadas no município há 10 anos,
com um evento que aconteceu durante toda a manhã desta sexta-feira, dia 28, no
auditório do Centro
Universitário Geraldo Di
Biase. As Residências Terapêuticas garantem assistência integral a
pessoas com transtornos mentais egressos de instituições de internação de longa
permanência. As quatro casas abrigam atualmente 27 pessoas. Nas unidades da
Vila Santa Cecília, Sessenta e São Luiz, as duas últimas mistas, estão oito
moradores; no Casa de Pedra moram seis pessoas.
O funcionamento das casas
têm foco no resgate do convívio social, propiciando a construção de um espaço
promotor de autonomia e de novo significado da vida cotidiana. Por meio dos
CAPSs (Centros de Atenção Psicossocial), é trabalhada a reabilitação
psicossocial e a reaproximação com a família.
No dia a dia das
Residências
Terapêuticas os moradores contam com o apoio de cuidadores que são
responsáveis, por exemplo, pelos serviços de limpeza e cozinha. Para atender as
quatro casas, os moradores contam com enfermeira, nutricionista, auxiliar
administrativo e motorista.
A prefeitura de Volta
Redonda é responsável pelo aluguel das casas, pela alimentação básica, pelos
profissionais da assistência, além dos remédios fornecidos pela Farmácia
Municipal. Outros itens são comprados pelos próprios moradores, como os de
higiene pessoal, ou divididos como a TV por assinatura.
Marlete Fraga de Souza
Lopes, técnica de enfermagem e cuidadora nas Residências Terapêuticas destaca
que há mais de sete anos ela se dedica a esse trabalho. “Para trabalhar
numa residência
terapêutica é preciso se colocar no lugar deles. São casas bem
estruturadas
onde
os moradores são tratados com muito carinho”, disse Marlete.
Valcir da Cunha Coltrin,
58
anos, perdeu o vinculo com a família e tem dois meses que está na residência
terapêutica. Ele conta que está muito feliz. “Estou vivendo muito bem e já
fiz
até amigos. Lá eu faço as coisas que gosto, como por exemplo, desenhar”,
contou Valcir.
A assistente social e
coordenadora das residências terapêuticas, Rosane de Souza Prado, explica que
em Volta Redonda as unidades possuem um diferencial. “Aqui, além prestar o
cuidado que
é preconizado pela portaria, a gente presta um cuidado humanizado. Os
cuidadores passam por um curso de capacitação de quatro meses que contempla os
serviços nas residências terapêuticas. Além disso, fazemos um trabalho de
educação permanente com esses profissionais”, disse a assistente
social.
Renata Vasquez Molina,
coordenadora
do setor de saúde mental da secretaria municipal de Saúde de Volta Redonda,
destaca que a criação desses espaços foi essencial para o avanço na questão da
saúde mental. “O evento é em comemoração a criação das residências
terapêuticas que
foi um marco na reforma psiquiatra do município de Volta Redonda. Diante das
mudanças na política de saúde mental, este evento é de suma importância para
resgatar a cidadania dos usuários”, disse a coordenadora.
A terapeuta ocupacional,
Severina Maria de Oliveira, que atuou como primeira coordenadora das
Residências Terapêuticas em Volta Redonda, no período entre de 2009 e 2013, foi
convidada a palestrar durante o evento. Ela conta que veio para Volta Redonda
logo que as residências foram implantadas.
“Estamos
comemorando 10 anos
em que a qualidade de vida dessas pessoas mudou. Elas viviam dentro de um
hospital psiquiátrico e quando saíram muitas não tinham mais vinculo familiar
ou as famílias não tinham condições de cuidar. Essas pessoas acabaram sendo
acolhidas pelo município”, disse a
terapeuta ocupacional
que atua como coordenadora das Residências Terapêuticas de Nova
Iguaçu.
Ela conta que em Volta
Redonda tem uma rede de saúde que acolhe esses pacientes. “Aqui temos um
suporte na saúde
que não vejo em outros municípios. Foi isso que encantou em Volta
Redonda”.
O secretário de Saúde de
Volta Redonda, Alfredo Peixoto, reafirma que a ressocialização, a integração
com os espaços da cidade e o convívio social para egressos de instituições de
longa permanência são os principais objetivos das Residências Terapêuticas.
“Nosso trabalho visa ofertar o tratamento em liberdade,
rompendo com o antigo modelo, o de internação. O manicômio somente promoveu a
exclusão e violação dos direitos desses homens e mulheres. Devolver a liberdade
e a aproximação com a família, quando possível, e o convívio em sociedade é
parte importante no trabalho realizado”,
concluiu.
O prefeito de Volta
Redonda,
Samuca Silva, afirma que o município conta com uma rede completa de assistência
aos pacientes da Saúde Mental. “Esses pacientes contam com equipe
multidisciplinar especializada, que também garantem apoio à família”,
disse o prefeito.
SAÚDE
MENTAL – Além
das Residências Terapêuticas, Volta Redonda conta com três CAPS Adultos (CAPS
Vila Esperança, CAPS Usina de Sonhos e CAPS Sérgio Sibilio Fritsch, no Jardim
Belvedere), um CAPS para crianças e adolescentes (CAPSi Viva Vida, na Vila
Mury), um CAPS para usuários de álcool e outras drogas (CAPS AD).
O Programa de Saúde
Mental
ainda dispõe do Espaço de Cuidado, que funciona de segunda a sexta-feira, das
8h às 17h30, no Estádio Raulino de Oliveira. O Espaço de Cuidado é um
ambulatório de Saúde Mental adulto, que atende usuários em sofrimento – com
depressão, tendência suicida, etc.
Além disso, o município
dispõe, também, de leitos de internação psiquiátrica e de desintoxicação no
CAIS Aterrado para o atendimento aos pacientes em crise. São internações de
curta permanência.