Pioneiro na instalação do Centro de Tratamento de Resíduos, município
auxilia outras cidades no tratamento do lixo. Em todo o Brasil, ainda há cerca
de três mil lixões poluindo a atmosfera e gerando chorume que contamina o solo
e os lençóis freáticos
Os lixões ainda são um grande desafio para a
maioria dos municípios brasileiros. Prova disso, é que em pleno século XXI
ainda há cerca de três mil lixões espalhados pelo país, contaminando a
atmosfera, o solo e os lençóis freáticos. Para enfrentar esse problema
determinação, foco e vontade política fazem um grande diferencial. Neste
contexto, Barra Mansa é pioneira na Região Sul Fluminense com o pleno
funcionamento do Centro de Tratamento de Resíduos (CTR). A unidade, localizada
no Km 6 da Estrada Bananal, recebe diariamente 750 toneladas de resíduo, porém
sua capacidade total chega a 950 toneladas/dia. Além de permitir a destinação
ambientalmente correta do lixo do município, conforme determina a Lei
12.305/2010, Barra Mansa ainda auxilia outras cidades na preservação ambiental,
como Volta
Redonda, Porto Real, Quatis, Rio Claro, Pinheiral, além de Bananal e Arapei,
ambas situadas no estado de São Paulo.
De acordo com o coordenador de Resíduos Sólidos do
Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Barra Mansa, Jackson Rabelo, o CTR foi
inaugurado em 2012
visando atender a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). “Desde então o
município adotou um modelo de gestão de resíduos regionalizada, garantindo
a preservação do meio ambiente e a constante busca pelo reaproveitamento
dos resíduos. O procedimento, além do ganho ambiental, permite fomentar a
economia, por meio da geração de aproximadamente 150 empregos diretos e
indiretos, arrecadação de impostos (ISS), em torno de R$ 70 mil, pagamento de
outorga pela operação do aterro sanitário, que rende aos cofres do
município cerca de R$ 80 mil/ mês, acrescidos de outros
R$ 18 mil referentes à outorga do biogás. O tratamento adequado do lixo ainda
permite ao município parcela maiores dos recursos do ICMs Verde”, detalhou
Jackson.
Outra vantagem do CTR foi a
eliminação da figura dos catadores de lixo. “Tínhamos mães que amamentavam seus
filhos ao mesmo tempo em que catavam recicláveis. Era uma situação muito
triste. Conseguimos absorver grande parte dessas pessoas que sobreviviam dessa
atividade, inclusive com a Cooperativa de Catadores de Barra Mansa, que gera
uma renda mensal de R$1,3 mil para os cooperados”, disse Jackson.
Até o fim deste ano, existe
a possibilidade do CTR de Barra Mansa receber os resíduos de Resende e
Itatiaia. “Essa demanda acrescentaria cerca de 100 toneladas de resíduos/dia ao
nosso Centro e um ganho ambiental imensurável para a região, se levarmos em
consideração que o chorume produzido pelos lixões dessas duas cidades contamina
o solo e atinge os lençóis freaticos, que por sua vez deságuam nos córregos,
riachos e rios provocando a contaminação
hídrica. O gás metano, gerado nos lixões, contaminam o ar e favorecem a
destruição da camada de ozônio. Daí, é fundamental entender que não existe
fronteira para as questões ambientais”, frisou o coordenador de Recursos Sólidos do
Saae.
O gerente de operações da
Foxx Haztec, empresa que atua no CTR de Barra Mansa, Marcelo Ricardo da Silva,
enumerou as principais diferenças entre um lixão e o Centro de Tratamento de
Resíduos. “Os lixões são áreas de despejo de lixo a céu
aberto, sem qualquer medida de proteção ao meio ambiente e à saúde pública, com
alto risco de contaminação do solo e do lençol freático e atração de animais
vetores de doenças. Nos aterros sanitários, ao contrário, existe todo um projeto de
topografia, de preparação e impermeabilização do solo. Também há total controle
sobre os resíduos enviados pelas prefeituras e empresas privadas. Os caminhões
que chegam com os resíduos precisam apresentar nota contendo informações sobre
o produto, é o que denominamos de manifesto do resíduo. O caminhão carregado
vai para o processo de pesagem e para o descarte de resíduo. Na sequencia, o
caminhão retorna a balança para nova conferência de peso. Na conferência do
manifesto do resíduo, se eventualmente, houver divergência de informações, o
material não é descarregado. É encaminhado de volta à empresa de origem.”,
explicou Marcelo.
Ele
ainda afirmou que o aterro sanitário é uma obra de engenharia projetada sobre
critérios técnicos e ambientais, cuja finalidade é garantir a disposição dos
resíduos sólidos urbanos sem causar danos à saúde pública e ao meio ambiente.
“É considerada uma das técnicas mais eficientes e seguras de
destinação de resíduos, pois permite um controle eficiente
e seguro do processo. O aterro recebe e acomoda vários tipos de materiais, em
diferentes quantidades, e segue a norma da ABNT
NBR 8419/1992, uma técnica segura de disposição de resíduos sólidos
urbanos no solo, sem causar danos à saúde e ao meio ambiente. Os aterros
sanitários são compostos por setores: de preparação, execução e conclusão. No
primeiro acontece a impermeabilização e o nivelamento do terreno. No setor de
execução os resíduos são dispostos na célula operacional. Quando a capacidade
de disposição de resíduos em um setor do aterro é atingida, a área é recomposta
e revegetada, com os resíduos sendo então depositados em outro setor. Quem olha
de fora nem imagina que debaixo de uma montanha verde e bonita há resíduos
descartados pela população”, explicou Marcelo.
O CTR tem uma área total de 1.936
milhão metros quadrados, o que garante a unidade pelo menos 50 anos de vida
útil. Segundo Marcelo Ricardo, a área licenciada atende as demandas da região
por 20 anos, podendo ser prorrogável, de acordo com o interesse do município,
por mais cinco anos. Porém, a extensão do terreno possibilita a ampliação das
atividades em meio século. Na unidade, também é feito o encaminhamento do lixo
hospitalar para tratamento. “Temos uma câmera fria onde acondicionamos o lixo
hospitalar pelo prazo de até 48 horas. Em dias alternados, enviamos o material
para o tratamento em sistema de autoclavagem e, posteriormente, recebemos os
resíduos no CTR”.
CTR
será dotado de Estação de Tratamento de Chorume
Para 2020, o CTR terá a primeira
Estação de Tratamento do Chorume. Hoje, a unidade tem 13 lagoas de chorume. Com
a tecnologia alemã, que será adotada pela Foxx Haztec, a intenção é transformar
o chorume em água potável. “Essa água poderá ser utilizada para lavar carros,
quintais, calçadas e irrigar plantações. Só não é viável para o consumo humano.
Esse tipo de iniciativa permite economicamente o tratamento do chorume, sem a
necessidade do tratamento deste liquido em uma estação de esgoto. O chorume
recolhido do aterro é bombeado para uma miniestação de tratamento que cabe em
um contêiner. Equipamentos de última geração filtram o chorume. Micro membranas
só deixam passar as moléculas de água. O resultado do processo é
impressionante”, disse o gerente de operações da empresa Marcelo Ricardo.
PRODUÇÃO
DE BIODIESEL A PARTIR DO LIXO JÁ É REALIDADE -
Dotado
de tecnologia avançada, o CTR produz biogás a partir dos resíduos, ou seja, o
gás oriundo da decomposição do lixo é captado em tubulações, e geram 635.000
KWh de energia, volume suficiente para abastecer quase 4 mil residências
mensalmente. A meta para os próximos meses é duplicar a quantidade de biogás a
partir da instalação de mais um motor para a captação do gás.
REMEDIAÇÃO
DA ÁREA DO ANTIGO LIXÃO NO KM 4 – Outro compromisso da empresa
Foxx Haztec é relacionado à recuperação ambiental da área onde durante décadas
funcionou o lixão de Barra Mansa, no Km 8, da Estrada que liga o município a
Bananal. Segundo Marcelo Ricardo 80% da área foi remediada. Por questões
litigiosas, o processo foi suspenso e após uma TAC firmada durante audiência no
Ministério Público Federal foi estipulado que o restante das ações necessárias
serão realizadas até outubro deste ano.
- O monitoramento ambiental
do córrego que passa no entorno do antigo lixão e do Rio Bocaína aponta que
esses corpos hídricos não sofrem mais impacto ambiental proveniente do antigo
lixão – concluiu Marcelo.