Ficou decidido que Volta Redonda cederá o espaço físico e equipe técnica; uma comissão especial se reunirá na próxima semana para definir como cada município poderá contribuir para a abertura do abrigo regional

A prefeitura de Barra Mansa, através da Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos, recebeu na tarde desta quinta-feira, dia 1º, o II Encontro de Gestores de Políticas Públicas para Mulheres do Médio Paraíba realizado no Parque Natural Municipal de Saudade. A reunião teve como objetivo a criação de um abrigo regional para atendimento às mulheres vítimas de violência doméstica, proposta encaminhada durante a realização do primeiro encontro realizado no início de janeiro, em Resende.
Participaram do encontro a vice-prefeita de Barra Mansa, Fátima Lima; a secretária municipal de Assistência Social e Direitos Humanos, Ruth Coutinho; a subsecretária estadual de Direitos Humanos e Políticas Públicas para as Mulheres, Cristiane Lamarão; a superintendente de enfrentamento à violência do Estado do Rio, Sônia Lopes; a vereadora Maria Lúcia; demais gestores sociais representantes de cinco cidades do Médio Paraíba: Resende, Quatis, Porto Real, Pinheiral e Volta Redonda, e Angra dos Reis que pertence à região da Costa Verde.
Como cada município não tem condições de manter um abrigo, a Secretaria Estadual de Políticas Públicas para Mulheres resolveu reunir todas as cidades da região do Médio Paraíba para juntar esforços e decidir como cada município poderá contribuir com o funcionamento do abrigo de passagem. Na primeira discussão, realizada em Resende, representantes de Volta Redonda disponibilizaram o espaço onde funcionava a Casa Abrigo do município, fechada no ano passado, para instalação do abrigo. Durante esse segundo encontro, ficou decidido que Volta Redonda cederá o espaço físico e equipe técnica. 
Foi formada ainda uma comissão especial composta por representantes de Barra Mansa, Volta Redonda, Pinheiral e Porto Real que se reunirá na próxima semana para definir como cada município poderá contribuir para a abertura do abrigo regional. Ainda faltam estabelecer quem será responsável pela parte operacional para a contratação de quatro educadoras sociais, um auxiliar de serviços gerais e um cozinheiro. A resolução será apresentada para debate no terceiro encontro que será realizado em Quatis no dia 26 de fevereiro. O abrigo em questão será uma casa de breve permanência, no qual a mulher agredida e que está desamparada, será encaminhada e deverá ficar no período de até 15 dias, ao final, escolhendo se gostaria de ser encaminhada para o Abrigo Estadual ou voltar para a família.
A subsecretária estadual de Direitos Humanos e Políticas Públicas para as Mulheres, Cristiane Lamarão, destacou que de 2016 para 2017 houve um aumento em 60% no número de feminicídio no Estado do Rio e que por conta disso, a necessidade de uma casa abrigo em várias regiões do Estado, ainda que de breve permanência, seja tão necessária. “A região já está bem avançada e esse encontro serviu para darmos o passo seguinte para a instalação da casa de passagem para prover proteção às mulheres vítimas de agressão”, salientou.
A vice-prefeita de Barra Mansa, Fátima Lima, afirmou que o município está de portas abertas para contribuir para o combate da violência contra a mulher. A secretária de Assistência Social, Ruth Coutinho, se colocou à disposição para ampliar o debate e colocar em prática as idéias desenvolvidas durante o encontro. “Através da subsecretária estadual, Barra Mansa está intermediando esse debate entre os gestores da região, de forma que possamos encontrar qual a melhor forma que cada município pode cooperar para que o abrigo funcione de fato, tendo em vista que a maioria passa por dificuldades financeiras”, explicou.
A coordenadora de Proteção Especial da Secretaria de Assistência Social do município, Josiane do Nascimento, destacou que em Barra Mansa o atendimento às mulheres vítimas de agressão são atendidas pelo Creas (Centro de Referência Especializado de Assistência Social). “A prefeitura, por meio do Creas, oferece atendimento com assistentes sociais e psicólogos para enfrentar esse momento complexo da vida. Esses profissionais são os responsáveis pela acolhida, atendimento e o encaminhamento necessário seja para o hospital, abrigo, entre outros”, confirmou.

Violência contra a mulher em dados
A violência contra a mulher é definida, como qualquer ato ou conduta que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto na esfera pública como na esfera privada. No Brasil e no mundo, a violência que vitima as mulheres se constitui em sério problema de saúde pública, por ser uma das principais causas de morbidade e mortalidade feminina, atingindo mulheres de diferentes orientações sexuais, classes sociais, origens, regiões, estados civis, escolaridade ou raças/etnias em relações desiguais de poder.
Em 2015 e 2016, registrou-se através do SinanNet (Sistema de Informação de Agravos de Notificação on line do Ministério da Saúde) um total de 46.694 casos notificados de violência interpessoal e autoprovocada em todo o estado do Rio de Janeiro, sendo 31.930 do sexo feminino. Em Barra Mansa, durante o ano de 2016, foram registrados 357 atendimentos.
Segundos dados do Dossiê Mulher 2017 em Barra Mansa, mais de 1,3 mil mulheres sofreram algum tipo de violência. Aproximadamente 466 mulheres deram queixa sobre lesão corporal dolosa, 492 sofreram ameaças, 285 foram vítimas de violência moral e houve registro de 18 estupros. Mas esse número pode ser ainda maior, pois muitas das vítimas têm medo de denunciar o agressor. “Por conta de muitas vezes o agressor ser o provedor da família, a mulher tem receio de denunciá-lo e não ter onde ficar, como se sustentar. A Casa Abrigo vem para dar esse suporte nesse momento tão difícil e oferecer ajuda psicológica, assistencial e jurídica”, afirmou Josiane.
Em 2017, a 90ª DP registrou 480 casos de violência doméstica para 234 atendimentos realizados no Creas (Centro de Referência Especializado de Assistência Social). Na avaliação de Josiane do Nascimento, a divergência no número de atendimento ocorre porque muitas mulheres fazem o registro na delegacia, no entanto não procuram o órgão especializado para atendimento, acompanhamento e outros encaminhamentos. “A vítima chega extremamente fragilizada a delegacia para efetuar a denúncia e muitas vezes, acredita que a questão se encerra ali, o que não procede, pois a mulher precisa de atendimento especializado para recompor e retomar a sua vida. A prefeitura, por meio do Creas, oferece atendimento com assistente social e psicólogos para enfrentar esse momento complexo da vida”, concluiu.
O Creas funciona de segunda a sexta-feira, de 8 às 17 horas, na Rua Santos Dumont, 126, no Centro, ao lado do Ministério do Trabalho.