As mulheres têm tido papel
cada vez mais importante no crescimento do agronegócio brasileiro, segmento que
representa 23% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. Segundo levantamento
divulgado este ano pela Associação Brasileira de Marketing Rural e Agronegócio
(ABMRA), a presença da mulher em funções de decisão nos empreendimentos rurais subiu
de 10% para 31%, de 2013 a 2017.
Esse aumento é sentido na
região Sul Fluminense, de acordo com o Sindicato Rural de Barra Mansa. Além de
participar ativamente da gestão de propriedades rurais, é cada vez maior o
número de mulheres que buscam especialização em agronegócio. Somente em 2017,
aproximadamente 300 mulheres participaram dos processos seletivos abertos para
o curso técnico em Agronegócio, oferecido pelo Senar em parceria com o
Sindicato Rural.
“O homem sempre foi o ator
principal na gestão das propriedades rurais. No entanto, nos últimos anos,
temos visto esse cenário mudar em todo o Brasil e não tem sido diferente no Sul
Fluminense. Aqui temos muitas produtoras de diferentes perfis: têm aquelas que
herdaram uma propriedade e administram o negócio em conjunto com o marido ou familiares;
outras que deixaram o emprego na cidade e foram para o campo em busca de uma nova
oportunidade; e ainda aquelas que se dedicam com afinco a profissões ligadas à
área rural, como técnicas agrícolas, zootecnistas, veterinárias, agrônomas e
engenheiras”, comentou Adilson Resende, presidente do Sindicato Rural de Barra Mansa.
Aluna do terceiro semestre do curso
técnico em Agronegócio, Cristiane Ozório Machado, 46 anos, decidiu se tornar
produtora rural depois de 25 anos trabalhando como fonoaudióloga. Hoje, ela
administra o Sítio Caviúna, em Quatis, que tem criação suína, e também uma horta
de legumes e verduras orgânicos em Porto Real. Cláudia ainda ajuda na administração
da usina de compostagem do marido.
"Venho de uma família de
produtores de leite de Porto Real. Antigamente, a cultura era de que os homens
trabalhavam na fazenda e as mulheres tomavam conta da casa, no máximo ajudavam
na contabilidade. Por isso, apesar de gostar do trabalho no campo, acabei me
especializando na área da saúde. Depois de 25 anos, optei por dar uma guinada
profissional e voltar às minhas raízes”, revela a produtora, que decidiu estudar
novamente para se capacitar na nova profissão. “O curso técnico em Agronegócio
alinha teoria à prática. E, assim como eu, há várias mulheres nas turmas
buscando aprender mais para aplicar os conhecimentos nos negócios do campo”,
disse.
A agrônoma Pâmela Difanir, moradora
de Volta Redonda, buscou o curso técnico em Agronegócio para atualizar os
conhecimentos em sua área profissional. Atualmente, ela presta assistência
técnica para propriedades rurais em Quatis e Amparo. “Participei de projetos
voltados para o empoderamento da mulher no campo. Fico muito orgulhosa, por
exemplo, de ver a participação expressiva do público feminino nas reuniões do
grupo de produtores orgânicos que acontecem em Barra Mansa. A mulher, cada vez
mais, ocupa lugar de destaque no agronegócio”, ressaltou Pâmela.