Serviço de Atendimento Domiciliar
melhora
qualidade de vida de pacientes em Volta
Redonda
Programa da Secretaria de Saúde atua com
equipe multidisciplinar formada por médico, enfermeiros, técnicos em
enfermagem, nutricionista, psicólogo e fisioterapeuta
“Há
quatro anos, a família aumentou e os novos membros vieram para somar”. A
afirmação é de Rita de Cássia de Paula, esposa do paciente Evangelista Cândido
Moises, de 66 anos, morador do bairro Siderlândia, que recebe os cuidados da
equipe do Serviço de Atendimento Domiciliar (SAD) da Secretaria de Saúde de
Volta Redonda.
“Nossa
vida mudou com a chegada da equipe do SAD. Evangelista está acamado há seis
anos e há quatro recebe os cuidados em casa, semanalmente. A visita é esperada
com ansiedade por ele, é como se familiares viessem nos visitar, são parte da
família. Além de examiná-lo e deixar os remédios, eles dão conforto, carinho e
atenção ao meu marido. Esse apoio é fundamental para nós”, disse
Rita, acrescentando que as orientações que recebe da equipe para melhor cuidar
do marido a deixam com mais segurança e tranquilidade.
O
médico do grupo José Antônio Pereira Fernandes, responsável pela implantação do
serviço em Volta Redonda, há oito anos, endossa as declarações de Rita de
Cássia e afirma: “o trabalho executado pelo SAD é de extrema importância
tanto para os
familiares, quanto para os pacientes. A atenção é para toda
família”.
“Trabalhamos
no SAD com a lógica do amor ao próximo, como pacientes que não tem
possibilidade de tratamento e então fazemos tudo o que é possível para dar
melhor
qualidade de vida a eles. É um trabalho de proteção, por isso, cuidamos também
da família, nesse momento de sofrimento e angustia. O ato de cuidar é ato de
amor”, disse José Antônio, contando que Evangelista
teve
um AVE (Acidente Vascular Encefálico) isquêmico e convive com um câncer e
próstata, já com metástases.
E
a
lógica de amor e cuidado pode ser percebida pelo modo como essa equipe do SAD
começa o dia de atendimentos. O grupo formado pela psicóloga Marta Lúcia
Pereira, que coordena o trabalho; o médico José Antônio; a administradora
Marcília de Lima Dias Souza; a nutricionista Ângela Caetano Pereira; as
técnicas de enfermagem Juliana Soares Guimarães e Ana Maria Cândido; os
enfermeiros Wendel Soares Monteiro e Dalila de Almeida Carvalho; a
fisioterapeuta Maria Raimunda dos Santos e o motorista Carlos Aberto de Souza
têm um ritual diário para enfrentar o dia a dia.
“Chegamos
a nossa base, que funciona no Hospital Municipal Munir Rafful, anexo do UniFOA,
separamos o material de trabalho, fazemos exercícios de alongamento, uma oração
e nos abraçamos. Assim conseguimos energia para os atendimentos do dia”,
explicou
José Antônio, acrescentando que normalmente atuam em duplas formadas por
profissionais das especialidades que o paciente necessita.
Além dessa base, que
funciona Hospital
Municipal Munir Rafful, no Retiro, e atende 93 pacientes dos bairros do
Distrito Norte e pelo telefone 3339-2186; o SAD também tem uma base no Parque
das Ilhas, na Rua A, 40 (tel.: 3339-9418), que assiste 94 usuários dos bairros
do Distrito Sul. “Hoje, o programa atende 187 pessoas em Volta Redonda.
Mas o número é
muito variável pelo número de óbitos e admissões constantes”,
contabilizou
a coordenadora do programa, Marta Lúcia Pereira.
Ainda
de acordo com ela, a rotina do SAD, que vai de segunda à sexta-feira,
normalmente inclui doze visitas diárias, sendo seis pela manhã e o restante à
tarde. As visitas podem ser diárias, semanais ou, no máximo com intervalo de
vinte dias. “O intervalo entre as visitas é programado para atender às
necessidades
do paciente, então é variável pelo estado que apresenta em cada momento do
tratamento”, explicou Marta, lembrando que, pelo mesmo motivo, uma
vista pode durar quinze minutos e outra uma hora e meia.
“Todos
os assistidos têm nossos celulares pessoais e podem nos contatar em casos de
urgência ou adiantamento de visita. O mesmo acontece nos finais de semana e
feriados”, disse Marta.
Os encaminhamentos ao serviço são feitos
pelas Unidades Básicas de Saúde e Saúde da Família; hospitais; e UPA 24 Horas
(Unidade de Pronto Atendimento 24 horas). “Somos procurados também pelos
próprios
familiares dos pacientes, acolhemos todas as solicitações e realizamos uma
visita domiciliar com a nossa equipe, identificando se esses usuários têm o
perfil do serviço”, acrescentou Marta.
Os principais critérios
para o
programa são: estar clinicamente estável; ser acamado por um período superior a
50% do tempo; ter cuidador no domicílio (formal ou informal); demanda por
procedimentos de maior complexidade, que podem ser realizados no domicílio,
tais como: curativos complexos e drenagem de abscesso, entre outros;
dependência de monitoramento frequente de sinais vitais; necessidade frequente
de exames de laboratório de menor complexidade; adaptação do usuário ou
cuidador ao uso do dispositivo de traqueostomia; adaptação do usuário ao uso de
órteses/próteses; adaptação de usuários ao uso de sondas e ostomias;
acompanhamento domiciliar em pós-operatório; reabilitação de pessoas com
deficiência permanente ou transitória, que necessitem de atendimento contínuo,
até apresentarem condições de frequentarem outros serviços de reabilitação; uso
de aspirador de vias aéreas para higiene brônquica; necessidade de atenção
nutricional permanente ou transitória; necessidade de cuidados paliativos.
“Nós do SAD
atendemos os pacientes que
têm uma demanda maior do que a Unidade Básica de Saúde da Família pode suprir,
mas que não necessita de internação hospitalar”, explicou Marta.
O
SAD também inclui o procedimento denominado de Ritual de Passagem, que é a
preparação do corpo após constatado e atestado o óbito. O Ritual de Passagem
envolve uma série de cuidados com o corpo, como colocação de prótese dentária,
hidratação da pele, banhos e vestimentas.
Outro
diferencial do programa é o atendimento pós-óbito realizado pelas equipes. Além
de fornecer o atestado de óbito dos pacientes, a equipe também realiza visita à
família 15 dias após a morte para acompanhar o período de luto. “Fazemos
uma escuta qualificada e observamos como os familiares estão vivenciando a
perda do ente querido”, afirmou Marta.