São
Paulo - As universidades brasileiras caíram na avaliação de um dos
principais rankings universitários e pela primeira vez, desde 2013, o
País deixou de aparecer nas 10 primeiras posições de instituições mais
prestigiadas dos países emergentes. O ranking é feito pela revista
britânica Times Higher Education (THE), uma das principais referências
em reputação acadêmica.
A Universidade de São Paulo (USP) era a
única instituição brasileira que aparecia entre as dez primeiras, mas
caiu da 9ª posição para a 13ª. A primeira edição do ranking de países
emergentes da THE foi divulgada em 2013. Naquele ano, a USP ficou no 11º
lugar. Procurada pela reportagem, a USP não se posicionou até as 19h
desta quarta-feira, 30.
Outras 11 instituições do Brasil também
perderam posição no ranking. "O número de estudantes universitário no
Brasil cresceu 60% entre 2005 e 2012, mas a realização não tem sido
acompanhada no mesmo tamanho em financiamento. Há muito trabalho para
ser feito para melhorar a qualidade e a relevância da educação", disse
Phil Baty, editor da publicação.
O Brasil tem 25 universidades
entre as 300 instituições avaliadas pelo ranking. No ano passado, quando
a publicação incluía apenas as 200 melhores, o País tinha 14 entre as
destacadas. "É uma boa notícia que 25 universidades brasileiras entraram
para essa prestigiada lista - contra apenas 15 no ano passado -, mas é
decepcionante que a maioria tenha perdido posição", disse Baty.
A China mais uma vez dominou o ranking, com seis instituições nas 10 primeiras posições e 52 no total.
Entre os 13 critérios analisados pela revista, estão o grau de
titulação dos professores, o impacto das citações em publicações
científicas, reputação e o nível de internacionalização das
universidades.
A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp),
segunda melhor instituição brasileira, de acordo com a revista, caiu da
24ª para a 28ª posição. Para Alvaro Crósta, coordenador geral da
universidade, as oscilações são "naturais", mas disse que a queda está
relacionada a queda de investimentos. "As universidades chinesas são as
que mais têm se destacado e elas têm um investimento massivo de seu
governo. Ao contrário da situação que vivemos no Brasil, com uma série
de problemas no orçamento", disse.
Crósta afirmou que, para
melhorar seu prestígio, a Unicamp precisa investir na
internacionalização, atraindo professores e estudantes, e melhorar a
visibilidade de sua produção científica. "São ações que demandam
recursos e, nesse momento de crise, o que temos é destinado para suprir
necessidades básicas, como o pagamento de salários. Não temos espaço
para novos investimentos em ações de internacionalização", disse.
As universidades estaduais paulistas vivem uma grave crise financeira. A
principal fonte de receita das três universitárias é a cota fixa de
9,57% da receita do Estado de São Paulo com o Imposto sobre Circulação
de Mercadorias e Serviços (ICMS), tributo com a maior queda de
arrecadação neste ano em função da crise econômica. Apenas o gasto com
os salários de professores e técnicos já supera toda a receita vinda do
Estado.
A Universidade Estadual Paulista (Unesp) também caiu
neste ano da 122ª para a 169ª posição. No entanto, a instituição afirmou
que a crise financeira não afetou "decisivamente" o posicionamento no
ranking por ser muito recente. "Mas, nos próximos anos, se ela perdurar,
é bem possível que repercuta nos indicadores acadêmicos", disse em nota
a universidade.