“No último mês, você esqueceu de tomar o anticoncepcional pelo menos uma vez?”. Responderam 500 brasileiras, entre 21 e 29 anos, à pesquisa “Millennials e Contracepção – Por que nos esquecemos?” realizada pelo Departamento de Ginecologia da UNIFESP com apoio da Bayer. Mais da metade (58%) disseram que SIM!
Outros nove países também participaram do levantamento e, putz, a média
mundial foi bem melhor que a nossa: 39% confessaram o mesmo deslize.
Não
fosse suficientemente preocupante (e já vou explicar o porquê), quando a
pergunta era ampliada para “No último ano, você esqueceu alguma vez?”…
89% fizeram “ãhã”. Seis em cada dez não tomam a pílula no mesmo horário
todos os dias - destas, 40% não acham que esse cuidado é necessário.
Sabe aquela ideia de “ah, pega nada”? Migas, não tô aqui pra julgar
ninguém, não, porque euzinha vacilei com frequência até descobrir o
perigo que corri durante anos.
Os
anticoncepcionais têm diferentes dosagens hormonais, ok? Aqueles com
baixa dosagem requerem mais atenção: devem ser tomados no horário
certinho diariamente, com um atraso máximo de quatro horas, para
garantir sua eficácia. Quanto mais desregrada você for, menos protegida
estará. Pílulas com alta dosagem hormonal “aguentam” melhor sua cabeça
de vento. Mas, fia, se você esquecer mais de dois dias no mês… lascou.
Encape o dito cujo até a menstruação descer - caso não pretenda
engravidar.
Aliás,
é sempre bom lembrar que anticoncepcional não “lacra” contra doenças
sexualmente transmissíveis, embora apenas 6% das entrevistadas na
pesquisa combinem camisinha + pílula. Daí eu tava aqui pensando em
algumas práticas que adotei e me ajudaram muito a mudar de comportamento
- além de outras dicas que costumam funcionar com minhas amigas e
leitoras.
1. Mantenha o hábito
Comecei
a andar com a cartelinha dentro da nécessaire de maquiagem, que vive
enfiada na bolsa a tiracolo. Mas isso é hábito meu: sei que posso
esquecer o sutiã, mas não saio de casa sem passar meu tapa-olheiras pela
manhã. Você pode botar, sei lá, ao lado da escova de dentes, na pia do
banheiro. Associando as duas coisas… você acorda, vai tirar o bafo e já
engole o comprimido (a não ser que seja assumidamente bafuda). Tente
identificar situações rotineiras que podem funcionar como lembrete e
deixe a pílula num lugar visível.
2. Coloque alertas fixos no celular
Programa
o alarme pra tocar, por exemplo, todo dia às 21h. Na agenda/calendário
dos celulares também dá pra criar um “compromisso” diário que envia
alertas no horário determinado. Você pode até nomear
de “filhos-agora-não”. Já usei aplicativos bem legais com essa função e
outras ferramentas incríveis: indica seu período fértil, a data em que
você deve menstruar, registro de intensidade de cada fluxo e sintomas
como cólica e dor de cabeça etc. Sua ginecologista vai agradecer por
esse histórico detalhado!
3. Peça pro bofe te lembrar
Serve
mais pra quem tem peguete fixo, namorado ou marido. Vamos combinar que a
responsabilidade é compartilhada, néam, minha gente? Um óvulo não vira
feto sem que um espermatozoide o fecunde. E nós todos sabemos como ele
nada até lá. É absolutamente egoísta que o cara deixe a mina sozinha
nessa - “ah, se vai tomar a pílula é problema dela”. Hello, se o sexo
produzir uma gravidez indesejada, a “culpa” é dos dois. Por que não
botar no celular dele o mesmo alarme? Por que não mandar uma mensagem do
tipo “amor, tá na hora da pílula”?
4. Assine um “clube do anticoncepcional”
Um
cara cuja namorada viva esquecendo de comprar uma nova cartela criou o
clube Remédio Certo. Você paga uma assinatura e recebe sua pílula em
casa antes de acabar a anterior. Acaba com aquela coisa de “ai, preguiça
de ir até a farmácia agora, amanhã eu pego”, sabe? Se você tiver um
cara parceirão, ele pode bancar isso aê… Afinal, ele é igualmente
beneficiado =)
5. Avalie se esse é o melhor método contraceptivo
Existem
outras alternativas pra quem não consegue se disciplinar em relação à
pílula. Converse com o (a) ginecologista se vale a pena adotar os
adesivos ou as injeções hormonais, que podem ser semanais / mensais. Ou
mesmo colocar o DIU,
caso você não pretenda ter filhos pelos próximos cinco anos. O ideal
seria aliar qualquer um desses métodos contraceptivos à camisinha - ou
optar só por ela em todas as transas.
*Nathalia Ziemkiewicz, autora desta coluna, é jornalista pós-graduada em educação sexual e idealizadora do blog Pimentaria.