Programa de intercâmbio será reformulado por ministro do MEC
Nova versão servirá como incentivo a alunos pobres do ensino médio
Pós-graduação continua com orçamento no Ciência sem Fronteiras
O
Ministério da Educação vai deixar de financiar intercâmbios de
universitários da graduação em instituições estrangeiras e passará a
oferecer bolsas para estudantes do ensino médio de escolas públicas
aprenderem outro idioma fora do Brasil.
“A ideia é contemplar
estudantes pobres e de escolas públicas, que tenham bom desempenho e que
possam passar um período no exterior, sobretudo, para o aprendizado de
um outro idioma”, disse ao Blog o ministro da Educação, Mendonça Filho.
As informações são da repórter do UOL Gabriela Caesar.
Deputado federal pelo Democratas de Pernambuco, Mendonça é o único representante de sua legenda na Esplanada.
Ao
acabar com o Ciências sem Fronteiras para a graduação, o ministro
acredita que ajudará a destinar verbas federais para uma parcela da
população que realmente aproveitará de maneira mais eficaz a experiência
de passar 1 ano no exterior.
Mendonça Filho contou que ouviu
relatos sobre estudantes da graduação que se dedicavam pouco aos estudos
e aproveitavam o tempo para somente viajar durante o intercâmbio.
Havia
também o problema da não equivalência de disciplinas entre os cursos de
outros países e os do Brasil. Isso tornava o ano acadêmico
internacional muitas vezes inaproveitável para efeitos curriculares.
O
ministro relata também ter ficado surpreso ao saber que os gastos com o
Ciência sem Fronteiras eram iguais aos do programa de alimentação
escolar para os alunos da educação básica em escolas públicas de todo o
Brasil. Cada despesa custava R$ 3,7 bilhões por ano (dados de 2015).
Como
se observa no quadro acima, o governo federal gastou R$ 105,7 mil por
estudante do Ciência sem Fronteiras contra R$ 94,6 por aluno com merenda
escolar. “Uma diferença assim me parece insustentável e não pode
continuar'', diz Mendonça Filho.
Essa guinada do Ciência sem
Fronteiras também está de acordo com a pretensão do presidente interino,
Michel Temer, de tentar reforçar programas sociais para a população
menos favorecida. Essa fórmula tem o objetivo de tentar descolar do
Planalto a imagem de que o governo do peemedebista eliminará as
políticas adotadas pelas administrações do PT.
Outro programa semelhante anunciado nesta semana é o Criança Feliz,
vinculado ao Desenvolvimento Social e Agrário. Com custo anual de R$ 2
bilhões, 80 mil “visitadores'' farão acompanhamento presencial a filhos
de até 3 anos de beneficiários do Bolsa Família.
Antes, o governo
Michel Temer já havia anunciado o reajuste médio de 12,5% no Bolsa
Família —equivalente a R$ 295,1 milhões a mais para os favorecidos pelo
programa.
NOVA GRADE DO ENSINO MÉDIO
O ministro da Educação afirmou também que pretende fazer mudanças no ensino médio já em 2017. O objetivo da reforma é dar ao estudante mais autonomia para eleger as matérias pelas quais tem mais interesse.
O ministro da Educação afirmou também que pretende fazer mudanças no ensino médio já em 2017. O objetivo da reforma é dar ao estudante mais autonomia para eleger as matérias pelas quais tem mais interesse.
Mendonça
Filho disse que a flexibilização da grade tende a diminuir a evasão
escolar e a tornar o ensino médio mais técnico. Segundo o MEC, 15,7% dos
jovens de 15 a 17 interromperam os estudos.
Essa mudança na
grade depende da aprovação de uma lei ordinária pelo Congresso. O
assunto já foi tratado por Mendonça Filho com o presidente da Câmara,
Rodrigo Maia (DEM-RJ), que estaria a favor da flexibilização.
Para o ministro, o assunto não enfrentará resistência no Legislativo.
CUSTOS DO ENEM
O Exame Nacional do Ensino Médio não terá alterações durante a gestão de Mendonça Filho embora o ministro enxergue alguns problemas na prova.
O Exame Nacional do Ensino Médio não terá alterações durante a gestão de Mendonça Filho embora o ministro enxergue alguns problemas na prova.
O
Enem de 2017 deve ser o único que ficará sob seu comando. Em 2018, ele
deve disputar algum cargo eletivo e pode ter de se desincompatibilizar
da função.
Indagado sobre o que gostaria de ver aperfeiçoado no
Enem, Mendonça é cauteloso. Cita o custo total aproximado desse exame
anual que serve para selecionar interessados em ingressar na maioria das
universidades brasileiras.
“O Enem custa aproximadamente R$ 600
milhões. Seria bom se pudéssemos ter mais de 1 Enem por ano, mas seria
necessário tentar reduzir esse custo. E é importante dizer que, desse
valor total, o gasto com a correção da prova de redação consome perto de
R$ 200 milhões'', disse.
Mendonça acha que seria necessário
amadurecer um debate sobre a conveniência de ter ou não a prova de
redação. Mas reconhece que haverá sempre muitas resistências a respeito.
Prefere deixar isso para um momento no futuro –e talvez não seja
possível concluir tal mudança na sua gestão.http://fernandorodrigues.blogosfera.uol.com.br/2016/07/23/ciencia-sem-fronteiras-muda-e-deixa-de-fora-estudantes-da-graduacao/?cmpid=fb-uolnot