Contra microcefalia, Nações Unidas pedem liberação do aborto na América Latina
Propagação do zika vírus justifica implantação das políticas de controle de natalidade, diz Alto Comissariado da organização
PARIS - Em uma declaração sobre o
impacto da crise para os direitos das mulheres, o Alto Comissário de
Direitos Humanos das Nações Unidas, Zeid Al Hussein, apelou a países
afetados pelo vírus que permitam que mulheres tenham acesso a métodos
contraceptivos e ao aborto. Para a ONU, governos não podem simplesmente
pedir que as mulheres não engravidem, sem garantir o acesso aos serviços
adequados. “Como é que essas mulheres podem não engravidar e, ao mesmo
tempo, sem contar com a possibilidade de interromper a gravidez?”,
questionou a porta-voz da ONU para Direitos Humanos, Cecile Pouilly.
Ao
Estado, membros da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicaram que os
técnicos estão fazendo um levantamento sobre o impacto da microcefalia
em leis de aborto. Mas, por enquanto, a entidade se recusa a adotar uma
postura sobre o assunto. A OMS ainda vem alertando que não cabe a um
governo sugerir que uma mulher engravide ou não, diante da presença de
um mosquito. O mosquito 'Aedes aegypti' é transmissor do zika vírus, da dengue e da chikungunya
Mas o segmento de direitos humanos da ONU decidiu se
pronunciar. Para Zeid, o apelo dos governos pelo adiamento de gravidez
“pouco significa” em países com acesso restrito aos serviços de saúde,
aborto ou preservativos. “Leis e políticas que restringem o acesso às
mulheres para esses serviços (aborto e contraceptivos) precisam ser
urgentemente revistos.”
Sem discussão. A declaração vem justamente no momento em que o
governo brasileiro não quer fomentar esse debate. Indagado, o ministro
da Saúde, Marcelo Castro, limitou a lembrar que “a lei (brasileira)
proíbe aborto” para casos de bebês com microcefalia. “A posição do
Ministério da Saúde é pela defesa da legalidade.”
Para o ministro, só se houvesse mudança na legislação, o que
depende do Congresso Nacional, poderia existir alternativa. Já um
ministro do Palácio do Planalto disse ao Estado que o governo não vai
entrar na discussão sobre a legalização do aborto. Segundo ele, neste
momento é “impensável” enfrentar um debate tão polêmico, já que a
presidente Dilma Rousseff passa por uma crise tanto política quanto
econômica. 7 perguntas e respostas sobre a microcefalia
REUTERS / Ueslei MarcelinoO que é microcefalia?
É
uma má-formação congênita em que a criança nasce com o perímetro
cefálico menor do que o convencional, que é de 32 centímetros. Isso
significa que o cérebro não se desenvolveu da maneira esperada. Repercussão. Historicamente em lados opostos no debate sobre a
liberalização do aborto, Igreja Católica e movimento feminista
divergiram também na hipótese de a prática ser permitida em casos de
microcefalia. A Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)
publicou em sua página na internet um artigo do bispo auxiliar de Porto
Alegre, d. Leomar Antônio Brustolin, em que considera que “o aborto,
sobretudo nos casos de gestação de criança portadora de patologias,
torna-se a prova real de desrespeito com todo o gênero humano”.
Para o movimento feminista, a proibição da prática fere a
autonomia das mulheres, sobretudo das mais pobres. “O aborto é livre
para quem tem dinheiro. O grande problema dessa epidemia de microcefalia
é que o ônus recai em todos os sentidos sobre a mulher pobre: ela não
pode ter controle sobre o corpo e é ela quem terá mais trabalho para dar
atenção ao filho com deficiência”, diz Sonia Coelho, integrante da
Sempreviva Organização Feminista e da Marcha Mundial das Mulheres.
Procurados, o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Federação
Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) não
comentaram. A Febrasgo informou que os médicos se reunirão nos próximos
dias para definir qual será a posição da entidade. / COLABOROU FABIANA CAMBRICOL http://saude.estadao.com.br/noticias/geral,contra-microcefalia-onu-recomenda-liberar-aborto-na-america-latina,10000015136
Doutor Honoris Causa em Educação e Direitos humanos; ex- servidor na Prefeitura Municipal de Resende/RJ; Ex- Assessor de Gabinete do Prefeito na Prefeitura Municipal de Barra Mansa/RJ; Ex-servidor da Fundação Beatriz Gama de Volta Redonda/RJ. Eleito por três mandatos no Conselho Superior do Instituto Federal do Rio de Janeiro e dois no Conselho Municipal de Juventude de Barra Mansa/RJ. Consultor ad hoc da Associação Mineira de Pesquisa e Iniciação Científica, avaliando os trabalhos de Iniciação Científica e Tecnológica da 4ª Feira Mineira de Iniciação Científica (4ª FEMIC); Selecionado avaliador em um importante Prêmio de Inovação no estado de Minas Gerais e um outro no Espírito Santo em 2022. Encerrou 2022 recebendo homenagem do Governo Federal através do Programa Pátria Voluntária.