A Diocese Barra do Piraí-Volta Redonda apresentou, na tarde desta
quarta-feira, a Campanha da Fraternidade deste ano, cujo tema é “Casa
Comum, Nossa Responsabilidade”. Com foco em saneamento básico e saúde, a
campanha tem como lema “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a
Justiça qual riacho que não seca”.
O lançamento foi na sede da Cúria Diocesana, na Vila Santa Cecília, e
contou com a presença do bispo Francisco Biasin, dos padres Juarez
Sampaio e José Vidal de Amorim, da vice-presidente do Comitê de Bacia do
Médio Paraíba, Vera Lúcia Teixeira, e da representante do Conselho
Municipal de Saúde, Luzia Quintino, que também é integrante da Pastoral
da Saúde.
É a quarta campanha ecumênica realizada pelo Conic (Conselho Nacional
das Igrejas Cristãs). As anteriores foram em 2000, 2005 e 2010. “O
ecumenismo visa a dar mais visibilidade à unidade: ser mais e fazer
mais”, disse dom Biasin. “Saneamento básico não se restringe somente a
esgoto, mas também a abastecimento com água potável para todos, manejo
das águas pluviais e manejo dos resíduos sólidos, que degradam o
ambiente”, acrescentou.
De acordo com dados apurados pelo Conic, 100 milhões de brasileiros
ainda vivem sem saneamento básico, o que, atribuiu o religioso, se deve
“a grandes interesse por lucros enormes que violentam permanentemente a
mãe Terra”. Ele ressaltou, no entanto, que para melhorar os índices no
país não basta apenas cobrar das autoridades, mas também mudar os
hábitos da população.
- Volta Redonda, considerada uma cidade evoluída, somente agora trata
40% do esgoto que produz. Nas demais cidades o esgoto vai in natura
para o Rio Paraíba do Sul – criticou o padre Juarez. Natural de Barra
Mansa, o padre Vidal fez coro, lembrando que na cidade a imensa maioria
do esgoto é despejada no rio sem tratamento.
Saneamento não acompanha crescimento
Apesar de todo o destaque que dão a obras como a construção de
estações de tratamento de esgoto (ETEs), por exemplo, as prefeituras da
região não estão conseguindo realizar obras de saneamento básico na
mesma medida em que cresce a população das cidades. A afirmação é da
vice-presidente do Comitê de Bacia do Rio Paraíba do Sul, Vera Lúcia
Teixeira, no lançamento da Campanha da Fraternidade deste ano, na Cúria
Diocesana. Ela chegou a classificar de crítica a situação.
- A população está aumentando e, com isso, o consumo. A geração de
carga orgânica está aumentando também. Com a diminuição da água, isso dá
um resultado negativo – afirmou.
Vera Lúcia ressalta que, no Sul Fluminense, as cidades com maior
volume de tratamento de esgoto não atingem 40% do total produzido:
“Nenhuma cidade da nossa região trata 70% do esgoto, o que estaria perto
do bom. Ótimo seria se tratasse 100%´”.
A vice-presidente do comitê lembra que, antes da crise hídrica do ano
passado, a maior dificuldade do Brasil no setor havia ocorrido em 1955,
quando o país era bem diferente do que é hoje. “Compare a população de
agora com aquele ano, o que era produzido e consumido. A carga orgânica
hoje é muito maior. As prefeituras não estão conseguindo acompanhar, não
têm planejamento para acompanhar este aumento de população e consumo,
com o aumento de carga orgânica nos rios, que são os mesmos. A
quantidade de água que temos é a mesma de 1955”, criticou.
De acordo com Vera Lúcia, em março, mês das águas, serão divulgados
projetos de saneamento liberados para 19 municípios da região e também
Programas de Serviços Ambientais para empresas que desejem participar.
Dois destes programas serão lançados no dia 25 de março, em Quatis.http://focoregional.com.br/Noticia/campanha-da-fraternidade-2016-e-apresentada-e