Usar
a radiação nuclear para eliminar ou reduzir a população do mosquito
Aedes aegypti, que transmite o vírus Zika, será um dos temas centrais
que o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica da
Organização das Nações Unidas (AIEA), Yukiya Amano, apresentará a vários
países em viagem pelas Américas que começa na segunda-feira (25).
O vírus Zika está relacionado ao aumento de casos de microcefalia em bebês na América Latina.
“A
tecnologia para a esterilização de insetos é muito eficaz na redução ou
erradicação da população de mosquitos e outros portadores de doenças”,
explicou Amano em entrevista na véspera de partir para o Panamá,
primeira escala da visita de duas semanas pela região da América Central
e México.
O
diplomata japonês recordou que a agência da ONU para energia atômica,
que zela pelo uso pacífico da tecnologia nuclear, tem muita experiência
nesta técnica para o controle de pragas. Amano destacou também que a
organização tem capacidade para reagir com rapidez a crises deste tipo e
deu como exemplo o surto de ebola na África em 2014.
Na
época, a agência enviou em poucas semanas uma missão aos países
africanos afetados. Com o uso de tecnologia nuclear, o tempo necessário
para diagnosticar o ebola nesses países foi reduzido de quatro dias para
quatro horas.
A
esterilização nuclear de insetos já teve êxito contra a mosca tse-tse,
na África, que transmite a chamada “doença do sono” em humanos e afeta
também o gado.
O
diretor da agência da ONU lembrou, no entanto, que a entidade ainda
trabalha na aplicação desta técnica sobre os mosquitos transmissores de
outras doenças, como o Zika, e advertiu que o problema “não será
resolvido da noite para o dia”.
Além
disso, será necessário combinar a esterilização dos mosquitos com
outras técnicas e medidas, como p uso de produtos químicos, armadilhas e
redes, destacou Amano. Além do Panamá, ele irá à Costa Rica, El
Salvador, Nicarágua, Guatemala e o México, com uma intensa agenda de
contatos de alto nível.
“Estamos
interessados nesta região. Estamos interessados em países grandes e
pequenos, em países que utilizam a energia nuclear para gerar energia,
mas também nos que a usam em doentes com câncer ou a ajudar pequenos
agricultores”, acrescentou.
Segundo
Amano, a tecnologia nuclear pode ser útil para estes países e sua
visita servirá para a ONU entender as necessidades de cada nação nessa
área. “Estas tecnologias podem ser úteis para eles. E eles têm
interesse. Para fazer isto, precisamos entendê-los e ter um bom
entendimento com os líderes políticos”.
A
Agência Internacional de Energia Atômica já desenvolveu técnicas como a
mutação de culturas mediante raios gama para conseguir novas variedades
de plantas mais resistentes às doenças. Na Guatemala, por exemplo, a
agência lançou um projeto para combater o Hemileia vastatrix, fungo que
afeta as plantas de café.
A entidade também oferece tecnologia e formação médica para a luta contra o câncer na América central.
Amano
recordou que a agência atua como intermediária num programa para que
oncologistas da região – profissionais e estagiários – possam frequentar
cursos de formação e especialização na Espanha. “A formação periódica é
necessária porque a tecnologia avança muito rapidamente”.https://br.noticias.yahoo.com/ag%C3%AAncia-da-onu-para-energia-at%C3%B4mica-oferece-130621611.html