foto materia 4Os atentados terroristas em Paris, na França, durante a última sexta-feira (13) aterrorizaram a população. Os ataques aconteceram em sete pontos distintos da cidade, um deles o estádio Stade de France, localizado em Saint-Denis, ao norte da capital Paris. Uma brasileira, estudante de Volta Redonda, escapou do atentado “por sorte”. Segundo ela, sua amiga não quis acompanhá-la ao estádio. A estudante de Administração da UFF (Universidade Federal Fluminense), Gabriela Netto Souza, de 22 anos, está em intercâmbio na França desde agosto deste ano. Ela relatou ao DIÁRIO DO VALE, através de uma rede social, que iria ao Stade de France, mas voltou para casa, após a desistência de sua amiga.
– Quando eu vi a movimentação de torcedores dentro do metrô, liguei para uma amiga que estava na minha casa me esperando e disse para irmos ao jogo. A gente iria comprar de cambistas o ingresso, porque tinha muita gente vendendo. Ela não quis ir, então acabei voltando para casa – comentou, acrescentando que mora a 10 minutos do Stade de France, onde o presidente da França, François Hollande, também estava.
Gabriela Souza destacou que o clima era de festa antes do jogo, pais com crianças, cantoria, todos muito alegres seguiam para o estádio. Quando chegou à sua casa, seu celular não parou de tocar, eram seus familiares querendo saber como a estudante estava. Ela, porém, não entendeu o motivo de tanta preocupação, pois ainda não sabia o que estava acontecendo. A estudante disse que a imprensa francesa não noticiou o momento do atentado e ficou sabendo do que estava ocorrendo através de sua família no Brasil.
– Quando cheguei em casa, alguns familiares do Brasil começaram a me ligar e enviar mensagens para saber se eu estava bem. Mas eu não estava entendendo nada, pois aqui as páginas de noticiários foram bloqueadas e os principais jornais não estavam noticiando. Eu liguei por WhatsApp para meus pais para que eles pudessem escutar a minha voz e se tranquilizassem – falou.
Bastou alguns minutos para a notícia do ataque aparecer no mundo. Segundo a brasileira, nos meios de comunicação local a informação foi passada aos poucos, os moradores demoraram a saber o que estava acontecendo. Ela acredita que isso ocorreu para não gerar pânico na população.
– Depois de uns minutos as notícias começaram a aparecer nos meios de comunicação daqui. Enquanto estava acontecendo os ataques, a imprensa local não divulgou nada, só depois que as notícias começaram a correr o mundo inteiro, que eles começaram a soltar aos poucos. Mas enquanto o Brasil falava de 40 mortos, aqui ainda estava em 18. Demorou muito para que fossemos atualizados de fato sobre o ocorrido. Acredito que bloquearam para não gerar pânico na população e tentar manter o controle das pessoas que estavam nos locais. Mas as pessoas que estavam próximas ou não dos locais, ficaram apavoradas por não saber o que estava acontecendo – salientou.
Tensão
Ainda de acordo com a estudante, o clima após o atentado é de tensão. Todos estão em alerta sem poder sair de casa. O país decretou luto e todo o comércio permanece fechado. Os moradores estão se alimentando com o que tem em casa. Segundo Gabriela, as fronteiras permanecem abertas, ao contrário do que estava sendo noticiado.
– O clima está muito tenso. Estamos em total alerta, não podemos sair de casa. Alguns metrôs não estão funcionando. A França está de luto por três dias, portanto, todas as lojas e monumentos estão fechados – revelou, acrescentando que não se sente segura e não consegue dormir a noite com medo de outro ataque.
– Não dá segurança nenhuma de sair de casa. Os lugares que foram atingidos eram locais que eu frequentava. Não dormi à noite, fui conseguir fechar os olhos eram 5h30 da manhã aqui e qualquer barulho que escutava, eu acordava com medo – falou.
A estudante não consegue imaginar o que faria se tivesse conseguido ir ao Stade de France.
– Não consigo nem imaginar o que eu faria se estivesse no estádio. Já estando próximo, o medo é imenso, é uma insegurança inexplicável, uma situação horrível – lamentou.
Apesar da insegurança que está vivendo em Paris, Gabriela disse que continuará em Saint-Denis até janeiro.
– Eu não tenho muito que fazer. Minha passagem está comprada para janeiro, minhas aulas no Brasil já começaram. Mas acredito que se houver mais algum ataque, encontrarei alguma forma de retornar – contou.
Segundo Gabriela Souza daqui duas semanas acontece em Paris a 21ª Conferência do Clima (COP 21). A França foi oficialmente nomeada país sede do evento, no qual atrairá muitas autoridades. A estudante revelou estar apreensiva devido ao terrorismo em Paris.
– Estou com muito medo porque daqui duas semanas temos a COP 21, onde teremos muito governantes, ministros, entre outras autoridades aqui em Paris. O que chama mais atenção ainda dos terroristas – finalizou.
 Por Franciele Bueno
franciele.bueno@diariodovale.com.br
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