– Quando eu vi a movimentação de
torcedores dentro do metrô, liguei para uma amiga que estava na minha
casa me esperando e disse para irmos ao jogo. A gente iria comprar de
cambistas o ingresso, porque tinha muita gente vendendo. Ela não quis
ir, então acabei voltando para casa – comentou, acrescentando que mora a
10 minutos do Stade de France, onde o presidente da França, François
Hollande, também estava.
Gabriela Souza destacou que o clima era
de festa antes do jogo, pais com crianças, cantoria, todos muito alegres
seguiam para o estádio. Quando chegou à sua casa, seu celular não parou
de tocar, eram seus familiares querendo saber como a estudante estava.
Ela, porém, não entendeu o motivo de tanta preocupação, pois ainda não
sabia o que estava acontecendo. A estudante disse que a imprensa
francesa não noticiou o momento do atentado e ficou sabendo do que
estava ocorrendo através de sua família no Brasil.
– Quando cheguei em casa, alguns
familiares do Brasil começaram a me ligar e enviar mensagens para saber
se eu estava bem. Mas eu não estava entendendo nada, pois aqui as
páginas de noticiários foram bloqueadas e os principais jornais não
estavam noticiando. Eu liguei por WhatsApp para meus pais para que eles
pudessem escutar a minha voz e se tranquilizassem – falou.
Bastou alguns minutos para a notícia do
ataque aparecer no mundo. Segundo a brasileira, nos meios de comunicação
local a informação foi passada aos poucos, os moradores demoraram a
saber o que estava acontecendo. Ela acredita que isso ocorreu para não
gerar pânico na população.
– Depois de uns minutos as notícias
começaram a aparecer nos meios de comunicação daqui. Enquanto estava
acontecendo os ataques, a imprensa local não divulgou nada, só depois
que as notícias começaram a correr o mundo inteiro, que eles começaram a
soltar aos poucos. Mas enquanto o Brasil falava de 40 mortos, aqui
ainda estava em 18. Demorou muito para que fossemos atualizados de fato
sobre o ocorrido. Acredito que bloquearam para não gerar pânico na
população e tentar manter o controle das pessoas que estavam nos locais.
Mas as pessoas que estavam próximas ou não dos locais, ficaram
apavoradas por não saber o que estava acontecendo – salientou.
Tensão
Ainda de acordo com a estudante, o clima
após o atentado é de tensão. Todos estão em alerta sem poder sair de
casa. O país decretou luto e todo o comércio permanece fechado. Os
moradores estão se alimentando com o que tem em casa. Segundo Gabriela,
as fronteiras permanecem abertas, ao contrário do que estava sendo
noticiado.
– O clima está muito tenso. Estamos em
total alerta, não podemos sair de casa. Alguns metrôs não estão
funcionando. A França está de luto por três dias, portanto, todas as
lojas e monumentos estão fechados – revelou, acrescentando que não se
sente segura e não consegue dormir a noite com medo de outro ataque.
– Não dá segurança nenhuma de sair de
casa. Os lugares que foram atingidos eram locais que eu frequentava. Não
dormi à noite, fui conseguir fechar os olhos eram 5h30 da manhã aqui e
qualquer barulho que escutava, eu acordava com medo – falou.
A estudante não consegue imaginar o que faria se tivesse conseguido ir ao Stade de France.
– Não consigo nem imaginar o que eu
faria se estivesse no estádio. Já estando próximo, o medo é imenso, é
uma insegurança inexplicável, uma situação horrível – lamentou.
Apesar da insegurança que está vivendo em Paris, Gabriela disse que continuará em Saint-Denis até janeiro.
– Eu não tenho muito que fazer. Minha
passagem está comprada para janeiro, minhas aulas no Brasil já
começaram. Mas acredito que se houver mais algum ataque, encontrarei
alguma forma de retornar – contou.
Segundo Gabriela Souza daqui duas
semanas acontece em Paris a 21ª Conferência do Clima (COP 21). A França
foi oficialmente nomeada país sede do evento, no qual atrairá muitas
autoridades. A estudante revelou estar apreensiva devido ao terrorismo
em Paris.
– Estou com muito medo porque daqui duas
semanas temos a COP 21, onde teremos muito governantes, ministros,
entre outras autoridades aqui em Paris. O que chama mais atenção ainda
dos terroristas – finalizou.
Por Franciele Buenofranciele.bueno@diariodovale.com.br
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