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Situação crítica: Barra Mansa pode ficar sem água a qualquer momento

Estiagem dificulta a captação no Rio Paraíba do Sul; nível está próximo do limite necessário para abastecimento

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Alerta: Régua que marca o nível do Rio Paraíba do Sul mostra que situação não é das melhores (Foto: Melissa Carísio)
Alerta: Régua que marca o nível do Rio Paraíba do Sul mostra que situação não é das melhores (Foto: Melissa Carísio)
Barra Mansa – A falta de chuvas já é uma realidade há algum tempo, mas o risco de alguns bairros de Barra Mansa ficarem sem abastecimento de água a qualquer momento. A situação é reflexo do baixo nível do Rio Paraíba do Sul, que segundo o diretor-executivo do Saae-BM (Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Barra Mansa), Horácio Delgado, está a centímetros de não ter condições de captar água necessária para garantir o abastecimento.
Horácio explicou que o nível do rio nos pontos onde é feita a retirada de água está em 1,38m, sendo que a partir de 1,36m, nem mesmo os equipamentos de captação flutuante serão capazes de fazê-lo, trazendo sérios problemas de abastecimento a toda cidade, mas principalmente os das partes altas como Região Leste e até Santa Rosa, por exemplo.
– Poderemos começar a ter falta de água nas partes mais altas de Barra Mansa, uma vez que o nosso sistema não é preparado para realizar manobras. Não podemos parar o abastecimento do centro da cidade, por exemplo, para equilibrar outros locais, ou seja, a parte da periferia corre o risco de ficar sem água – alertou.
Horácio lembrou que este ano, em maio, o nível do rio no ponto de captação de água marcou 1,36m, interrompendo assim a coleta por 10 horas. A situação só foi normalizada após a Agência Nacional de Águas (ANA) determinar que Furnas aumentasse a vazão de 70 m³/s para 90 m³/s e o rio ganhar nível suficiente para que a captação voltasse a ser feita.
Para tentar superar esse momento crítico, como mesmo definiu Horácio, o Saae montou um plano de contingenciamento para diminuir os efeitos da crime. O centro da cidade, por exemplo, uma área onde há grande concentração de hospitais, postos de saúde e escolas será prioridade por esse motivo.
Horácio também descartou que a falta de abastecimento possa ser compensada com o uso de caminhões-pipa. Ele explicou que a estimativa média do Saae é que cada pessoa na cidade (cerca de 180 mil habitantes) consuma diariamente até 150 litros de água. Portanto, a população inteira do município consome aproximadamente 27 milhões de litros por dia, enquanto um caminhão-pipa é capaz de transportar apenas oito mil litros. Ou seja, seria necessária 3.375 viagens para abastecer a cidade, que possui um único caminhão-pipa à disposição.
O diretor do Saae disse que o ideal é que cada pessoa utilizasse aproximadamente 150 litros de água por dia, o que seria suficiente para higiene pessoal e tarefas domésticas. No entanto, dados da autarquia apontam que algumas famílias chegam a consumir 800 litros diariamente em Barra Mansa.
Desperdício
Outro quesito que afeta bastante para o agravamento desta situação é o desperdício. Horácio esclareceu que a perda de água é considerada a diferença entre o que é produzido, menos a soma das marcações dos hidrômetros. Segundo ele, o desperdício pode ser classificado de três formas: perda física, por instrumentação ou fraude.
As perdas físicas são os vazamentos que ocorrem pela cidade; já as perdas por instrumentação, significam a marcação equivocada dos hidrômetros; e a última por fraude, em que o indivíduo tenta captar água através de formas ilícitas, o popular “gato”. Para resolver estes problemas, o Saae criou uma série de medidas como: conserto de redes com vazamento, troca de hidrômetros e até um programa de denúncia, no qual a população possa apontar irregularidades no consumo.
– Nós tomamos todas as devidas providências em função deste assunto e o conselho deliberativo concordou que a partir do dia 10 deste mês, também contaremos com a ajuda das autoridades policiais para nos apoiarem na fiscalização. O consumo humano de água exacerbada gera custo em excesso, além de nos prejudicar – disse o diretor do Saae sobre a utilização dos “gatos”.
Educação ambiental e economia de água
Na opinião de Horácio, é imprescindível falar sobre educação ambiental, incentivando as escolas a visitarem as dependências do Saae para que as crianças e adolescentes entendam como funciona todo o processo de captação de água.
– Nós estamos sempre abertos para visitação de escolas, porque as crianças precisam conhecer o nosso trabalho. A população vem se comportando de maneira diferente e nós já conseguimos constatar um recuo de 20% na economia de água. É preciso haver uma mudança de hábitos. Ao lavar as mãos, escovar os dentes, lavar a louça, deixe a torneira fechada. Pequenas ações, em tempos de crise como a nossa, fazem toda a diferença – encerrou.
Captação
Barra Mansa possui duas Estações de Tratamento de Água (ETAs). A do São Sebastião, que capta 240 litros por segundo e a ETA Nova, que capta 440 litros por segundo. Juntas, elas abastecem 80% da cidade.
Fora as duas estações fixas, o município conta também com duas bombas de captação flutuante, que aguardam liberação do Inea (Instituto Estadual do Ambiente) e uma licitação da Agevap (Associação Pró-Gestão das Águas da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul) para entrarem em funcionamento. Funcionando, esses equipamentos podem captar um volume de água que poderia ser responsável por 40% do abastecimento de Barra Mansa.
Por Melissa Carísio
melissa@diariodovale.com.br
http://diariodovale.com.br/destaque/situacao-critica-barra-mansa-pode-ficar-sem-agua-a-qualquer-momento/