A alta do dólar, que nesta terça-feira (22) ultrapassou os R$ 4
pela primeira vez, tem um impacto importante no dia a dia do
consumidor. Direta ou indiretamente, vários produtos são afetados pela
cotação da moeda americana.
O impacto mais visível é no preço
das viagens internacionais e dos produtos importados, como azeites,
vinhos e peixes (como o bacalhau).
Mas outros itens, apesar de
serem produzidos aqui, também sofrem indiretamente com a alta do dólar. É
o caso do pãozinho e de outras massas, como o macarrão.
"O
Brasil importa cerca da metade do trigo que consome, então,
inevitavelmente, isso tem efeito no preço final dos seus derivados", diz
Vitor França, assessor econômico da Federação do Comércio do Estado de
São Paulo (FecomercioSP).
Tomate e carne podem ficar mais 'salgados'
A maior parte dos fertilizantes também é comprada fora do país, diz
França. Assim, produtos agrícolas, como o tomate, tendem a ficar mais
caros por causa do dólar alto.
"Outro produto impactado é a
carne. O Brasil produz muita carne, mas o dólar alto faz com que o
produtor mude sua estratégia e fique mais focado no mercado
internacional. Como a oferta interna fica um pouco menor, o preço aqui
dentro tende a subir", afirma o assessor.
Preços de desodorantes e cremes podem subir
O gerente do departamento de economia da Associação Paulista de
Supermercados (Apas), Rodrigo Mariano, destaca ainda outros produtos
encontrados nos supermercados que devem ter os preços elevados: os
artigos de higiene e beleza, como desodorantes e cremes.
Isso porque eles são produzidos com componentes químicos importados.
Celular e televisão também são afetados
Equipamentos eletrônicos são outra categoria de produtos cujos preços tendem a flutuar de acordo com a cotação do dólar.
O impacto é direto num celular como o iPhone, por exemplo, porque ele é
importado. Mas mesmo equipamentos montados aqui no Brasil, como
televisores, têm muitas peças compradas fora do país e que, portanto,
ficam mais caras quando o dólar sobe.
A boa notícia, nesses casos, é que os estoques do varejo estão altos por causa do desaquecimento da economia.
"Metade das empresas que vendem bens duráveis está com estoque acima do
desejável. Isso significa que essas mercadorias foram compradas quando o
dólar estava mais baixo, então elas devem segurar os preços por um
tempo", diz França, da FecomercioSP.
Para compensar, outros produtos ficam mais baratos
O consumidor também pode acabar não sentindo um impacto tão grande na
conta final do supermercado porque alguns fatores têm puxado os preços
de outros produtos para baixo.
"O momento é de redução da
entressafra do leite, por exemplo, porque as pastagens melhoraram. Nesse
caso, o preço tende a cair, o que acaba compensando a alta nos valores
de outros produtos", diz Vitor França.
Em agosto, o Índice de
Preços dos Supermercados (IPS), calculado pela Apas e pela Fipe,
registro queda mensal de 0,18%. Os artigos de higiene e beleza tiveram
alta de 1,4%, mas o preço do leite, por exemplo, caiu 0,3%.
http://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2015/09/23/nao-e-so-a-viagem-a-miami-dolar-alto-encarece-pao-desodorante-e-celular.htm