O Brasil se transforma em um dos
maiores mercados para a cocaína, com uma prevalência que supera a dos
Estados Unidos e atinge mais de quatro vezes a média mundial. Os dados
estão sendo publicados nesta sexta-feira, 26, pelo Escritório de Drogas e
Crimes da Organização das Nações Unidas (UNODC, na sigla em inglês),
que também revela que o Brasil passou a ser o maior centro de
distribuição de cocaína no mundo da última década, citado em 56 países
como o local de trânsito da droga.
Segundo a
ONU, produção de coca no mundo parece ter atingido seu ponto mais baixo
desde 1990. O informe também aponta para uma contração nos mercados dos
Estados Unidos e da Europa.
Mas é o consumo na cocaína na
América do Sul que mais preocupa e o Brasil segue uma tendência inversa.
A taxa de prevalência da droga na região passou de 0,7% da população em
2010 - com 1,8 milhões de usuários - para 1,2% em 2012, um total de 3,3
milhões de pessoas. As taxas sul-americanos são hoje três vezes a média
mundial e parte do aumento teria ocorrido por causa do aumento do
mercado no Chile e na Costa Rica.
"Mas o aumento do uso de
cocaína na região é liderada pelo aumento do uso no Brasil, que é o
maior mercado de cocaína na América do Sul", alertou a ONU. "Apesar de
não haver uma pesquisa recente no Brasil, extrapolando dados a partir de
pesquisas com estudantes universitários, a UNODC estima que a
prevalência do uso da cocaína seja de 1,75% da população adulta do
País", indicou.
O dado se contrasta com a estimativa da ONU
de que a cocaína seja consumida por 0,4% da população adulta mundial.
Se ela continua elevada na América do Norte e na Europa, o informe
revela também que existe uma "tendência geral de queda" nesses mercados.
Nos Estados Unidos, a estimativa é de que a prevalência
da cocaína chegue a 1,6% da população a partir dos 12 anos de idade. No
total, o mundo contaria com um total de 17 milhões a 20 milhões de
usuários da droga.
Neste ano, o informe aponta para uma
queda do cultivo da coca, chegando a seus menores níveis desde 1990. Na
Colômbia, a capacidade de produção seria a menor desde 1996. Mesmo com
um cultivo mundial equivalente a 170 mil campos de futebol, a destruição
de áreas levou a uma redução da plantação em 10% entre 2012 e 2013.
Para
a ONU, a queda do cultivo pode ter tido um impacto também na queda do
consumo, com menor acesso ao produto nos Estados Unidos e no Canadá.
Ações coordenadas entre vários países e uma guerra entre grupos
criminosos também ajudaram na redução do consumo.
Trânsito
O
Brasil ainda foi mencionado 1,7 mil vezes como país de trânsito entre
2005 e 2014. Em termos de citações, é superado pela Argentina,
mencionada em cerca de 2,1 mil casos em dez anos. Mas o número de países
que indicaram o Brasil é o maior do mundo, revelando que o território
nacional seria a maior base de exportação da droga.
Quarenta
e cinco países de destino da cocaína mencionaram a Argentina como ponto
de trânsito, contra 31 para a Colomba. Incluindo todas as demais
drogas, apenas o Paquistão supera o Brasil, com 178 países do mundo o
citando local de trânsito da heroína.
"Por
conta de sua posição geográfica, o Brasil tem um papel estratégico no
tráfico de cocaína, e os confiscos dobraram no País em 2013 para mais de
40 toneladas", indicou a ONU.
"A cocaína entra no Brasil
por avião, por terra (carros, caminhões e ônibus), por rio (barcos que
cruzam o Amazonas), antes de ser enviada para o exterior, principalmente
para a Europa, tanto de forma direta como via África", declarou a ONU -
30% da droga confiscada no Brasil tem o mercado externo como objetivo.
Somando
todas as drogas ilícitas, a ONU estima que existam 246 milhões de
usuários no mundo, pouco mais de 5% da população entre 15 e 64 anos de
idade - 27 milhões de pessoas seriam dependentes, dos quais metade por
drogas injetáveis.https://br.noticias.yahoo.com/consumo-coca%C3%ADna-brasil-%C3%A9-4-vezes-superior-%C3%A0-122200793.html