Ex-presidente ressaltou não ser candidato a nada, mas se mostrou "pronto para briga" e disse que não vai "baixar a crista e o rabo" para elite e para imprensa
O
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta sexta-feira (1º),
durante o ato da CUT (Central Única dos Trabalhadores), no Vale do
Anhangabaú, região central de São Paulo, que a elite brasileira deveria
acende uma vela para agradecer sua passagem pelo governo.
“Eu
sou um cidadão quase que aposentado. Mas o que me deixa inquieto é o
medo que a elite brasileira tem de que eu volte à Presidência da
República. É um medo inexplicável, porque nunca eles (empresários,
banqueiros e trabalhadores) ganharam tanto dinheiro na vida como
ganharam no meu governo. Eles deveriam todo dia agradecer e acender uma
vela para minha passagem e a da Dilma pelo governo", disse Lula.
Segundo ele, nos 12 anos de governo do PT (Partido dos Trabalhadores), o salário mínimo se manteve valorizado.
O
ex-presidente também criticou a imprensa brasileira, principalmente as
revistas "Época" e "Veja", que segundo ele fazem "insinuações" de que
ele possa estar envolvido no esquema de corrupção na Petrobras,
investigado pela Operação Lava Jato. Na edição desta semana, a revista
"Época" diz que o Ministério Público está investigando o ex-presidente
por tráfico internacional de influência.
"Aí vem essas revistas
brasileiras, que são um lixo, não valem nada. Eu certamente serei
criticado por estar sendo agressivo, mas queria dizer olhando na cara da
imprensa: pegue todos os jornalistas da "Veja", da "Época", enfie um
dentro do outro que não dá 10% da minha honestidade".
Na sequencia, ele ressaltou que não é candidato a nada, mas diz que não vai fugir da "briga".
"Se
alguém achar que eu vou baixar meu rabo e minha crista por conta de
insinuação, eu não vou baixar meu rabo. Eu estou quietinho no meu lugar.
Estão me chamando pra briga. Eu sou bom de briga. Eu volto pra essa
briga. Não tenho intenção de ser candidato a nada, mas eu tenho intenção
de brigar", disse ele.
Lula também fez um discurso em defesa da
presidente Dilma Rousseff (PT), sua sucessora no governo e alvo de
pedidos de impeachment.
"Se mexer com a Dilma, não vai mexer só
com uma pessoa, mas com milhões de brasileiros. Ela foi eleita para mais
quatro anos e daqui quatro anos estaremos aqui comemorando o êxito do
governo dela", afirmou.
Alinhado com a pauta dos
movimentos sindicais, que incluem além da CUT, a Intersindical e a CTB
(Central dos Trabalhadores do Brasil), Lula também criticou a PL 4330,
que regulamenta as terceirizações.
Terceirizações e Redução da Maioridade Penal
Alinhado
com a pauta dos movimentos sindicais, que incluem além da CUT, a
Intersindical e a CTB (Central dos Trabalhadores do Brasil), Lula também
criticou a PL 4330, que regulamenta as terceirizações. Citando estudo
encomendado pela CUT ao Dieese (Departamento Intersindical de
Estatística e Estudos Socioeconômicos), ele afirmou que a remuneração do
trabalhador terceirizado é 24,7% menor que do trabalhador direto, que a
rotatividade é maior em empresa terceirizadas é o dobro e que os
acidentes e mortes de trabalhadores são maiores quando a empresa é
terceirizada.
O ex-presidente criticou também a PEC (Projeto de
Emenda Constitucional) 171/93, que prevê a diminuição da maioridade
penal de 18 para 16 anos. "A redução da maioridade penal é um tema caro.
E não é ser de direita ou de esquerda porque nem os militares ousaram
reduzir. Mas parte da elite conservadora acha que vai resolver o
problema colocando moleque de 15 anos na cadeia. Qual o crime que o
Estado comete ao não dar oportunidade. Como punir a juventude que não
teve oportunidade de estudar", disse.
"Se a gente permitir [que a redução da maioridade penal seja aprovada] estaremos cometendo um crime, punindo inocentes e deixando os culpados soltos comemorando a vitória".http://ultimosegundo.ig.com.br/politica/2015-05-01/elite-deve-acender-vela-e-agradecer-meu-trabalho-e-de-dilma-no-governo-diz-lula.html