Às vésperas da Olimpíada que vai mexer com o ano letivo no Rio de
Janeiro, escolas e pais de alunos já se preocupam com o excesso de
feriados de 2015. A angústia é ainda maior para os responsáveis que
trabalham e não têm com quem deixar seus filhos. Esta semana, alguns
colégios públicos, como Pedro II, Colégios de Aplicação da UERJ e UFRJ e
muitos particulares aderiram ao feriadão de nove dias. Só este ano, o
calendário escolar prevê 21 dias de folgas, entre feriados e recessos. O
número de dias parados representa 10% dos 200 dias letivos obrigatórios
por lei. Para cumpri-los, algumas escolas estão se programando para
encurtar as férias de janeiro e dar aulas aos sábados.
A paralisação também atinge creches privadas.
“Eu pago creche particular, para não passar por greves como na escola
pública e eles decidem parar. O meu filho fica com minha sogra e quem
não tem com quem deixar, faz o quê?”, critica o motorista Clemildo
Silva.
As
escolas municipais tiveram funcionamento normal na segunda e
quarta-feira, segundo a Secretaria de Educação, mas alguns colégios de
referência enforcaram o feriadão
Foto: Ernesto Carriço / Agência O Dia
Apesar da baixa frequência em algumas
unidades, as escolas das redes municipal e estadual abriram
segunda-feira, véspera do feriado de Tiradentes e quarta-feira. De
acordo com as secretarias, na sexta-feira, também vão funcionar
normalmente.
Ao contrário das escolas públicas que
seguem determinação das secretarias municipal e estadual de educação,
os colégios e creches particulares têm liberdade para definir o próprio
calendário escolar. Segundo o presidente do Sindicato das Escolas
Particulares do Rio de Janeiro (Sinepe Rio), Edgar Flexa Ribeiro, os
donos dos estabelecimentos privados têm autonomia para dar recesso entre
os feriados. “Algumas escolas seguem feriados religiosos e outras não.
Muitos colégios funcionaram normalmente. A paralisação de uma semana não
foi generalizada”, diz. O importante, explica Ribeiro, é que as
unidades respeitem a legislação em vigor. “As escolas têm de cumprir, o
mínimo, de 200 dias letivos no ano”, diz. Para o presidente do Sinepe,
os alunos não serão afetados. “Não há prejuízo pedagógico. O conteúdo
será reposto pelas escolas”, diz.
Com atraso nas aulas, CAp da Uerj ainda enfrenta pane elétrica
Depois de esperar por quase dois meses para
iniciar o ano letivo, estudantes do Colégio de Aplicação (CAp) da Uerj,
no Rio Comprido, perderam nesta quarta mais um dia de aula. Uma pane na
subestação de energia do colégio causou um princípio de incêndio e
deixou o prédio às escuras. O retorno à unidade amanhã e no sábado ainda
é incerto.
Para a bióloga Valéria Calmon, mãe do estudante
do 7º ano, Júlio Akani, a perda de conteúdo é cumulativa. “Os alunos já
estão atrasados pela demora no início das aulas e pela falta de
professores em várias disciplinas”, lamenta.
Todos os dias parados precisam ser repostos
para que as escolas deem 200 dias de aula. “Mesmo com greve nós sempre
cumprimos. Vamos trabalhar sábado e podemos estender as aulas até
janeiro”, garante o diretor do CAp-Uerj, Linconl Tavares.
De acordo com a direção da escola, estão sendo
esperados 30 professores de imediato e mais 21 concursados só no segundo
semestre. A espera angustia as famílias. “Liberaram 52 vagas para
contratação de professores que ganham em torno de R$ 17 por hora/aula.
Eles acabam não ficando por muito tempo. Esse troca-troca de docentes
prejudica os estudantes”, critica a pedagoga Elza Vieira, mãe de Daniel,
aluno do 8º ano do CAp-Uerj.http://odia.ig.com.br/noticia/rio-de-janeiro/2015-04-23/escolas-vao-perder-ate-21-dias-de-aula-com-os-feriados-deste-ano.html