Em plena era de corte de gastos, devido à crise econômica no estado, a
Assembleia Legislativa do Rio requisitou a compra de mais 20 carros
novos. Os veículos de luxo, modelo Nissan Sentra, motor 2.0, ficarão de
‘reserva’. Cada um custará aos cofres públicos cerca de R$ 64 mil,
somando uma despesa de R$ 1,2 milhão. A compra foi feita sem divulgação,
por acréscimo ao contrato, feito no ano passado, que requisitou 70
carros novos, do mesmo modelo. O valor gasto foi de R$ 4, 8 milhões. Ao
todo, a Casa, que tem 70 deputados, dispõe atualmente de 160 veículos
próprios.
De acordo com informações da Mesa Diretora, a
compra foi feita para substituir veículos que possam vir a enguiçar. O
pregão público da licitação, de fevereiro de 2014, não informava a
quantidade de carros que seriam adquiridos, deixando a possibilidade de a
Assembleia encomendar veículos por um ano (até 9 de março).
Além de 90 carros da Nissan, a Alerj
ainda tem 70 Volkswagen Bora, que são utilizados como reserva e eram de
uso diário dos parlamentares até o ano passado. Segundo a Casa, os
veículos velhos deverão ser leiloados ou doados para órgãos públicos. O
deputado Marcelo Freixo (Psol), que recusou o carro oficial no ano
passado, criticou a necessidade de comprar esses novos veículos. “Se os
carros são reservas, ou seja, são raramente utilizados, por que devem
ser zero e modelos de luxo? Podiam continuar utilizando os Boras”,
argumentou.
O deputado Luiz Paulo Correa (PSDB), que também
abriu mão do carro oficial comprado no ano passado, afirmou desconhecer
as novas compras da Alerj e preferiu não opinar. “Desconheço a
rotatividade dos carros da Alerj, pois uso o meu veículo particular e
abasteço com o meu dinheiro. Então, não posso falar sobre a necessidade
ou não de ter esses carros”, afirmou.
A Alerj divulgou, no final do mês passado, um
balanço em que informava ter cortado cerca de R$ 12 milhões em contratos
com diversos fornecedores da Casa. Foi cortado, por exemplo, o contrato
que a Casa tinha com a Associação Niteroiense dos Deficientes Físicos
(Andef), de cerca de R$ 1,8 milhão para prestar serviços de consultoria
para a Comissão de Defesa da Pessoa Portadora de Deficiência da Alerj.
Também vão ser retirados os auxílios-educação
de funcionários, totalizando mais de R$ 15 milhões. O contrato de compra
dos veículos inclui treinamento do corpo técnico de manutenção.
Carros comprados, mesmo com recusa de deputados
Em março do ano passado, a Alerj comprou 65
carros modelo Nissan Sentra 2.0 2014 por R$ 4,1 milhões porque cinco dos
70 deputados recusaram a regalia: Clarissa Garotinho (PR), Janira Rocha
(Psol) Marcelo Freixo (Psol), Wagner Montes (PSD) e Luiz Paulo (PSDB).
Meses depois, em agosto do ano passado, a Alerj voltou atrás e pediu a
compra dos outros cinco carros recusados, por R$ 320 mil, mesmo sem os
deputados terem requisitado o benefício.
O deputado Marcelo Freixo disse que continua
sem utilizar o Nissan novo e que desconhece onde ele possa estar ou quem
esteja utilizando. O deputado Luiz Paulo afirmou que continua usando
seu carro particular e Wagner Montes ainda se locomove no trabalho com o
Bora antigo. Clarissa, que ainda era deputada estadual em agosto(hoje é
federal), disse na ocasião que não havia necessidade da compra porque
os carros estavam em bom estado.
Questionada, a assessoria de imprensa da Alerj
não respondeu onde estão estes veículos e nem quem os utiliza. Também
não respondeu onde os 20 novos carros estão guardados. Freixo declarou
que irá solicitar à Mesa Diretora da Casa explicações sobre as novas
compras.
Todos os três deputados disseram que
desconheciam estas informações sobre a requisição dos carros que foram
recusados. No sistema interno de compras da Alerj, onde aparece o
aditivo, também consta que o contrato se encerrou no dia 9 de março.
Quando comprou os 65 novos carros, a Alerj
justificou que a decisão foi tomada em função da idade da frota, que já
teria oito anos. “Como os Bora saíram de linha, a opção foi mudar de
marca”, informou na ocasião.
VAGAS POR R$ 1,1 MILHÃO
As despesas com a mobilidade dos deputados estaduais vão além da compra dos carros novos. No mês passado, O DIA mostrou que a Alerj havia fechado contrato, neste ano, de R$ 1, 5 milhão, para o aluguel de vagas no Terminal Garagem Menezes Côrtes por 12 meses.
As despesas com a mobilidade dos deputados estaduais vão além da compra dos carros novos. No mês passado, O DIA mostrou que a Alerj havia fechado contrato, neste ano, de R$ 1, 5 milhão, para o aluguel de vagas no Terminal Garagem Menezes Côrtes por 12 meses.
Dias depois da publicação da transação, o
presidente da Casa, Jorge Picciani (PMDB), anunciou que cortaria em 25%
do contrato de aluguel. Com isso, o valor baixou para R$ 1,125
milhão. Cada vaga no edifício, segundo a empresa, custa R$ 854 ao mês.
Além da garagem fechada, os 70 parlamentares também têm direito a
estacionar em duas ruas no entorno da Assembleia, com vagas reservadas
para os parlamentares e diretores da Casa. A Alerj também tem um
contrato com a Marinha para o aluguel de vagas de uma área próxima ao
Palácio Tiradentes.
O gasto de dinheiro público com estacionamento
no Menezes Côrtes não se limita ao Poder Legislativo. O governo do
estado desembolsou, ano passado, R$ 8,2 milhões em contratos de aluguel
de vagas para funcionários do alto escalão dos órgãos estaduais. De
acordo com o Portal Transparência da Secretaria Estadual de Fazenda, nos
primeiros dois meses deste ano foram gastos R$ 3,716 milhões com a
empresa. Praticamente todas as secretarias e órgãos usufruem do
benefício.http://odia.ig.com.br/noticia/rio-de-janeiro/2015-04-16/apesar-da-crise-alerj-gasta-r-12-milhao-para-aumentar-frota-de-carros.html